Defesa de policial acusado de introduzir celulares em presídios alega que ele denunciou situação e se tornou alvo

Advogado de defesa afirma que o servidor teria colocado em risco um esquema de introdução de celulares nos presídios e, por isso, se tornou alvo de retaliação

15:36 | Nov. 04, 2024

Por: Jéssika Sisnando
Apreensão realizada durante operação da CGD (foto: via WhatsApp O POVO )

A defesa do policial penal José Ramony Emanuel de Melo Costa, preso acusado de envolvimento com esquema de facilitação de entrada de aparelhos celulares em presídios, afirma que o servidor foi  incriminado como uma forma de retaliação. Neste ano, ele teria denunciado entrada de aparelhos celulares.

No pedido de prisão preventiva de Ramony, é afirmado que ele teria recebido R$ 35 mil para introduzir quatro celulares para dentro de um presídio em Pacatuba. 

De acordo com o advogado de defesa, Walmir Medeiros,  a ação do policial penal, que foi diretor de unidade prisional e atuou também no Presídio de Segurança Máxima, teria colocado em risco um esquema de introdução de aparelhos celulares nas unidades prisionais e, a partir disso, Ramony teria se tornado um alvo para retaliação. 

Walmir Medeiros aponta que as investigações deduziram que o policial penal seria um criminoso por fazer viagens internacionais e ter um carro importado, que conforme o advogado, custaria R$ 50 mil, por ser usado e do ano de 2011.  Ainda afirmou que não se deve presumir que há ato ilícito em uma pessoa ser bem sucedida. 

Medeiros afirma que a companheira do policial é médica e que o casal tem um padrão de vida que condiz com a profissão dos dois. Ainda informou que foram apreendidos valores em espécies referentes a um apartamento que o policial penal compraria. Esse dinheiro seria da avó dele, que mantém casas alugadas e teria ajudado o neto.  O advogado afirma ainda que tudo está comprovado por contratos e documentos. 

A defesa afirma que o mandado de prisão, que tinha como endereço a casa do policial, foi cumprido na casa da sogra do agente de segurança, o que seria uma irregularidade. "A Polícia e o Ministério Público estão deduzindo e a gente não pode deduzir. A mulher (companheira) é médica e se mata de trabalhar. Ele denunciou entrada de celulares e quebrou um esquema, por isso o incriminaram. Eu vou mostrar essas falhas", pondera. 

Operação da CGD com apoio da SAP 

 

A operação ocorreu na quinta-feira, 31, por meio da Delegacia de Assuntos Internos e cumpriu mandados de prisão temporária e de busca e apreensão em desfavor do policial penal. Além de dinheiro em espécie, também foram apreendidos aparelhos celulares e um automóvel.

Ramony foi diretor da Unidade Prisional Agente Penitenciário Luciano Andrade Lima (UP-Itaitinga 1), na Unidade Prisional Professor Clodoaldo Pinto (Itaitinga 2) e chefe de equipe da Unidade Prisional de Segurança Máxima do Estado do Ceará. Atualmente, estava lotado na Unidade Prisional de Ensino, Capacitação e Trabalho de Itaitinga (UPECT-Itaitinga).

Policial teria recebido R$ 35 mil para fornecer 4 celulares a presos

 

José Ramony teria recebido R$ 35 mil para introduzir quatro celulares para dentro do presídio Unidade Prisional Francisco Hélio Viana de Araújo, em Pacatuba (Região Metropolitana de Fortaleza). Foi o que afirmou à Polícia Civil um preso que disse ter sido “cooptado” por Ramony para fazer parte de um esquema voltado ao fornecimento de celulares a detentos.

A informação consta no pedido de conversão da prisão temporária de Ramony em prisão preventiva, o que foi atendido pela Justiça nesta sexta-feira, 1º. Na peça, é afirmado que a investigação teve início em 1º de outubro último, quando seis celulares foram encontrados no presídio de Pacatuba. No dia seguinte, mais três aparelhos foram localizados. (Colaborou Lucas Barbosa)