CE: Policial teria recebido R$ 35 mil para fornecer 4 celulares a presos
Com José Ramony Emanuel de Melo Costa, policiais da Delegacia de Assuntos Internos encontraram R$ 49 mil em espécie.O policial penal José Ramony Emanuel de Melo Costa, de 29 anos, teria recebido R$ 35 mil para introduzir quatro celulares para dentro do presídio Unidade Prisional Francisco Hélio Viana de Araújo, em Pacatuba (Região Metropolitana de Fortaleza). Foi o que afirmou à Polícia Civil um preso que disse ter sido “cooptado” por Ramony para fazer parte de um esquema voltado ao fornecimento de celulares a detentos.
A informação consta no pedido de conversão da prisão temporária de Ramony em prisão preventiva, o que foi atendido pela Justiça nesta sexta-feira, 1º. Na peça, é afirmado que a investigação teve início em 1º de outubro último, quando seis celulares foram encontrados no presídio de Pacatuba. No dia seguinte, mais três aparelhos foram localizados.
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Já naquele momento, policiais penais lotados na unidade desconfiaram de Ramnoy. Em seguida, foram ouvidos os presos que fariam parte do suposto esquema. Conforme afirmou um deles, Ramony o procurou quando era diretor da Unidade Prisional Itaitinga 2 (UP-2) e fez a ele uma oferta de “ganharem dinheiro”.
O interno contou que, a partir da proposta, foi transferido pelo próprio Ramony para o Presídio de Pacatuba. Para corroborar as informações prestadas pelo interno, as imagens das câmeras de vigilância da unidade foram vistoriadas, mostrando que, em 2 de setembro, Ramony conversou por, pelo menos, oito minutos com esse preso, no momento em que este era encaminhado a uma delegacia por ter sido encontrado com uma quantidade de drogas.
Tanto o preso, quanto policiais penais lotados no Presídio de Pacatuba, afirmaram que foi somente após o período de tempo em que Ramony esteve lotado na unidade que celulares passaram a ser usados pelos presos do estabelecimento.
A partir desses fatos, foram pedidos os mandados de prisão temporária e de busca e apreensão contra o policial penal. Os policiais que cumpriram as ordens judiciais encontraram R$ 3.000 em espécie no carro funcional usado por Ramony e mais de R$ 46.000, também em espécie, na casa do suspeito.
Além disso, no veículo, foi encontrado um celular novo, que os investigadores acreditam que seria introduzido na Unidade Prisional de Ensino, Capacitação e Trabalho de Itaitinga (Upect), onde Ramony estava lotado atualmente.
Após a prisão de Ramony, vistoria encontrou seis celulares em uma cela da Upect — os presos quebraram os aparelhos antes da apreensão. O diretor da unidade afirmou, em depoimento, que, em consulta às câmeras de vigilância, viu o policial abrindo o portão de um pátio para que um preso entrasse e que este, ao retornar do pátio, trazia consigo um objeto que encobria com uma blusa branca.
“Ademais, pelo que se pôde perceber, o âmbito de ação de RAMONY é ainda maior do que se apresentava inicialmente, de modo que será necessário identificar ainda mais possíveis envolvidos nessa associação criminosa destinada à prática de crimes de introdução de celulares em presídios e de corrupção passiva”, afirmaram no pedido de prisão preventiva os delegados da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD).
Preferência por presos do CV e suposta relação com homicídios
Seriam quatro os presos cooptados por Ramony no Presídio de Pacatuba. Conforme depoimentos de um desses presos e da diretora do presídio, ele teria escolhido-os por serem integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV), uma vez que os membros dessa organização teriam "maiores reservas e sigilo quanto às práticas criminosas”.
Além disso, um dos presos ouvidos afirmou que, com o celular introduzido pelo policial, um outro detento teria ordenado, pelo menos, dois homicídios.
A defesa de Ramony afirmou que o policial penal é inocente e que ele pode ter sido incriminado por denunciar um esquema de introdução de celulares em presídios.
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