Governo Federal discute financiamento internacional para educação em encontro da Unesco

Participaram do evento o vice-presidente da República Geraldo Alckmin, o ministro da Educação Camilo Santana e o governador Elmano de Freitas

13:30 | Out. 31, 2024

Por: Kleber Carvalho
Encontro busca reunir líderes da educação de todo o globo para discutir a Agenda 2030 (foto: Ângelo Miguel/MEC)

O Centro de Eventos do Estado do Ceará sediou, na manhã desta quinta-feira, 31, a abertura da Reunião Mundial sobre a Educação, evento realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A edição deste ano do evento é realizada em Fortaleza durante esta quinta e a próxima sexta, 1°, com participação do atual vice-presidente da República Federativa do Brasil, Geraldo Alckmin, do ministro da Educação, Camilo Santana, e do governador do Ceará, Elmano de Freitas. 

O encontro busca reunir líderes da educação em todo o globo para discutir estratégias de aceleração para os anos restantes da Agenda 2030, documento lançado em 2015 pela Unesco que inclui pautas como educação de qualidade e redução de desigualdades.

Entre os pontos discutidos no evento deverá estar a participação e o investimento de entidades globais na educação dos países.

Em entrevista coletiva durante a reunião, Alckmin reforçou que essa participação internacional deverá ser o principal tema de debate durante esta edição do encontro, visando extrair o máximo de dedicação de cada nação.

“Esse encontro aqui promovido pela Unesco e por todos os países é exatamente para discutir isso. Cada país fazer o máximo que puder para priorizar educação de qualidade, e por outro lado, como é que os organismos internacionais podem ajudar principalmente aqueles que precisam mais”, disse o também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Chefe da pasta nacional de educação no Brasil, o ministro Camilo Santana reforçou que um dos pontos cruciais a serem trabalhados é o abandono escolar na educação básica.

O ex-governador do Ceará destacou medidas já adotadas no País para o enfrentamento à evasão escolar e que podem ser incrementadas a partir da colaboração entre as nações.

Superar o subfinanciamento

Camilo Santana também defendeu o diálogo entre os 194 países membros da Unesco para superar o subfinanciamento da educação. “Para mim não pode ter cortes, não pode ter limite, nem pode ter teto para educação em um país”, afirmou.

Stefania Giannini, diretora-geral adjunta de Educação da Unesco, também chama atenção para a desigualdade de oportunidades para crianças e jovens.

“Dados da Unesco nos mostram que, desde 2015, 110 milhões de jovens foram matriculados em escolas. No entanto, a mesma pesquisa aponta que cerca de 250 milhões crianças e adolescentes ainda não frequentam a escola, o que é um grande problema. A educação é um direito humano não negociável e precisamos encorajar fortes medidas para aumentar e compartilhar seu financiamento".

América Latina: investimento por criança aumenta, mas parcela do PIB destinada à educação cai

Na América Latina e no Caribe, o valor investido na educação por estudante aumentou de US$ 2.290 para US$ 2.478 de 2021 para 2022, o que equivale a 8%. No entanto, no mesmo período, a parcela do Produto Interno Bruto (PIB) destinada à educação caiu de 4,4% para 4,2%.

Na última década, a queda foi de 0,4 pontos percentuais. A redução da parcela do PIB investida na educação foi percebida em diversas regiões. Na América do Norte, em 2010 era investido 4,8% do PIB na área, já em 2022, caiu para 3,8%.

Os dados são do relatório de Monitoramento Global da Educação (GEM) 2024, divulgado nesta quinta-feira, 31. O documento mostra que os gastos com educação aumentaram na última década, mas os fundos ainda são insuficientes para superar desigualdades de países de baixa renda.

O relatório aponta ainda que muitos países de baixa e média renda estão gastando menos de 4% do PIB e destinando menos de 15% das despesas públicas totais para a educação.

De 80 países com dados disponíveis, 41 não atingiram nenhuma das duas metas de investimento, 25 conseguiram atingir as duas e 14 atingiram pelo menos uma. (Alexia Vieira)