Ceará tem 68% de seu território com seca fraca, índice menor do que em 2023
Neste ano, o mês de setembro registrou 68,2% do território cearense com seca fraca. Em 2023, eram 82,3% de extensão
21:19 | Out. 29, 2024
Em setembro deste ano, o Ceará apresentou 68,2% do seu território com seca fraca (S0), o que sinaliza uma melhora em relação ao mesmo período do ano passado, quando o Estado chegou a ter 82,3% de sua extensão com esse tipo de seca. As informações estão presentes no mapa mais recente do Monitor de Secas do Brasil, elaborado no dia 15 de outubro.
Em setembro de 2023, apenas uma faixa próxima ao litoral do Ceará não apresentou seca relativa. Em outubro daquele mesmo ano, houve piora nos indicadores e a seca fraca avançou para o norte do Estado. A situação no oeste passou de fraca para moderada.
A seca relativa é a seção de menor intensidade do Monitor de Secas do projeto da Agência Nacional das Águas (ANA) com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Em janeiro deste ano, o Ceará apresentou 100% do seu território com algum tipo de seca, sendo 52,79% fraca e 47,21% moderada. O melhor resultado foi registrado em junho deste ano, quando o Estado teve 99,3% do seu território sem seca relativa e um percentual de 0.7% do território com seca fraca.
Os municípios do Sertão cearense são os mais afetados, com a falta de chuvas impactando diretamente na disponibilidade de água para consumo humano e atividades agrícolas.
“Esse impacto de seca a curto prazo está muito associado às consequências da falta de chuva. Em setembro é natural que a precipitação seja menor, ocasionando, muitas vezes, a perda da safra”, explica o pesquisador em meteorologia da Funceme, Francisco Vasconcelos.
O Estado apresentou 68,2% da sua área comprometida pela seca leve, o que significa uma melhora ante 82,33% registrado no mesmo período do ano passado.
Contudo, o monitor aponta que, devido à piora dos últimos meses, houve avanço da seca fraca em grande parte do Estado. A ressalva destacada pela ferramenta ocorre porque, de agosto para setembro, o percentual do território com seca fraca saltou de 12,5% para 68,2%, o que representa um aumento de aproximadamente 55,7%.
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“Chegamos em agosto com um número menor de seca porque tivemos aportes hídricos, choveu acima da média e houve uma distribuição espacial regular em todo o território cearense. O aporte nos reservatórios dá mais resiliência, tivemos baixas perdas agrícolas pós-estação chuvosa (junho, julho e agosto)”, acrescenta o pesquisador da Funceme.
A seca, conforme explica Francisco, colabora com o surgimento de incêndios naturais. “A gente vê altas temperaturas, baixíssimos dados de pluviometria no Estado e, a gente sabe, quanto maior for a temperatura do ar e menor for a umidade, maior é a probabilidade de haver incêndio. Qualquer tipo de ação humana e natural, como os ventos, pode colaborar”, compartilha.
Francisco alerta sobre a importância de se ater ao uso consciente dos recursos hídricos. Atualmente, conforme dados da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), os reservatórios observados do Ceará estão com cerca de 49% da capacidade total. Em junho deste ano, ao final da quadra chuvosa, o volume era de 56%.
Ceará registra chuva em apenas quatro dias de setembro
Em setembro, até o dia 24, o Ceará não havia registrado chuva em nenhum dos municípios, conforme o calendário de chuvas da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Contudo, no dia 25, cinco cidades registraram precipitações: Aiuaba (8.44 mm), Antonina do Norte (9.9 mm), Aurora (4.5 mm), Ipaumirim (2 mm) e Assaré (1 mm).
No dia 28 voltou a chover em seis dos 183 municípios informados: Fortaleza (0.7 mm), Redenção (0.2 mm), Pacoti (2 mm), Baturité (4.2 mm), Guaramiranga (3.2 mm) e Icó (3 mm).
Foi observado chuva nas cidades de Fortaleza (1.4mm), Aquiraz (1mm), Redenção (0.2 mm), Baturité (4 mm) e Guaramiranga (3.4mm), no dia 29 de setembro.
Já no dia 30, apenas quatro municípios registraram precipitações: Senador Pompeu (7.5mm), Milhã (5 mm), Iguatu (8 mm) e Potengi (6 mm).
Em setembro do ano passado, mês que ficou abaixo da média histórica de 2,2 mm para os 31 dias, apenas nove dias não tiveram chuvas.
Conforme relatório gerencial do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, do Governo Federal, 30 municípios cearenses estão em situação de emergência devido à seca e estiagem, são eles:
- Acopiara
- Aiuaba
- Araripe
- Boa Viagem
- Campo Sales
- Canindé
- Caridade
- Catunda
- Caucaia
- Choró
- Deputado Irapuan Pinheiro
- Independência
- Irauçuba
- Itapajé
- Itatira
- Jaguaretama
- Jaguaribara
- Madalena
- Milhã
- Mombaça
- Parambu
- Paramoti
- Pedra Branca
- Piquet Carneiro
- Potiretama
- Quixadá
- Quixeramobim
- Salitre
- Solonópole
- Tauá
Para mitigar os impactos da seca nestes municípios, o Comitê Integrado de Segurança Hídrica, composto por nove órgãos, incluindo a Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), Funceme, Defesa Civil e Cagece, presta apoio às 30 cidades supramencionadas.
Do total, 27 estão sendo atendidas pela Operação Carro-pipa (OCP), iniciativa do Governo Federal que distribui, diariamente, água potável para mais de 120 mil pessoas que residem nas cidades cearenses mais afetadas pela falta de chuva.
Questionado sobre as razões pelas quais três municípios ainda não foram contemplados pela iniciativa, o coordenador adjunto da Coordenadoria de Defesa Civil do Estado do Ceará (Cedec), André Luiz do Nascimento, informou que, atualmente, duas cidades estão em processo de implantação do programa e outra está suspensa. O município de Salitre foi temporariamente suspenso por determinação da Sedec.
“Não há informações concretas sobre o motivo, mas geralmente por vencer o decreto de situação de emergência e não haver nova decretação”, pontua André.
O coordenador reforça que, além da distribuição de água, a Defesa Civil tem atuado na entrega de cestas básicas. Em 2024, conforme André, mais de 22 mil unidades já foram distribuídas, contabilizando cerca de 488 toneladas de alimentos.
“Isto representa o atendimento a quase 90 mil pessoas que precisam de apoio complementar para o enfrentamento aos efeitos da seca/estiagem no Estado”, finaliza o coordenador adjunto da Cedec.
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