Médica cearense enfrentou câncer de mama enquanto salvava vidas na pandemia de Covid-19

Ao ser diagnosticada com câncer de mama, durante a pandemia, Patrícia escolheu continuar trabalhando na linha de frente contra a Covid-19

Patrícia Lopes, uma médica emergencista de 34 anos, enfrentou um dos maiores desafios de sua vida ao ser diagnosticada com câncer de mama aos 31 anos de idade. Este diagnóstico ocorreu em junho de 2021, durante a pandemia da Covid-19. Patrícia não apenas lutou contra a doença, mas também continuou a atender pacientes durante o seu tratamento.

Durante seu tratamento, Patrícia não se permitiu se afastar do que sempre amou: cuidar das pessoas. Enquanto muitos buscavam abrigo e segurança em casa, ela se manteve na linha de frente, atendendo pacientes em hospitais.

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O impacto do diagnóstico veio em um momento de incerteza global. No entanto, a determinação de Patrícia em continuar seu trabalho durante o tratamento evidenciou sua profunda dedicação no cuidado com as pessoas. Ao O POVO, ela contou como foi esse processo e como a experiência impactou a vida profissional.

O POVO - Como foi descobrir o câncer de mama durante a pandemia da covid-19?

Patrícia Lopes - Eu descobri durante um plantão, enquanto eu trabalhava na emergência covid do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), eu fui trocar minha roupa de casa pela privativa, e apalpei o nódulo na mama esquerda. A incerteza do que aquele nódulo poderia significar gerou um medo muito grande. A pandemia intensificou esses medos, já estávamos todos preocupados com a covid-19, e o medo de enfrentar um câncer em meio a essa crise global foi grande. Mas durante o meu tratamento, enquanto eu podia, tive forças e energia, continuei trabalhando pois eu não queria ficar parada em casa, eu queria tá ali ajudando de alguma forma enquanto eu pudesse.

O POVO - Como foi trabalhar durante a pandemia, estando com o câncer de mama?

Patrícia Lopes - Fui submetida a seis meses de quimioterapia e, durante esse período, precisei ter cuidados rigorosos devido à imunossupressão causada pelo tratamento. Isso significou evitar aglomerações e limitar meu contato com pessoas doentes. Apesar disso, optei por continuar trabalhando durante os primeiros meses do tratamento, o que me proporcionou um senso de normalidade e propósito. Eu queria estar ali ajudando as pessoas. Entretanto, com alguns meses eu precisei parar de trabalhar, pois eu fiquei bem mais debilitada com o tempo.

O POVO - Como foi o seu processo de tratamento e que apoio você recebeu durante essa fase desafiadora?

Patrícia Lopes - O suporte da minha família foi crucial. Minha mãe, esposa e irmão foram meus pilares, sempre me incentivando a continuar o tratamento. Em momentos de desânimo, eles estavam lá para me lembrar que eu era forte o suficiente para superar essa batalha. O apoio emocional foi essencial; sem eles, tenho certeza de que não teria conseguido concluir o tratamento. Ter uma rede de apoio sólida é fundamental em momentos como esse, pois a jornada é repleta de incertezas e desafios.

O POVO - Como sua experiência como paciente mudou sua perspectiva como médica?

Patrícia Lopes - Minha experiência como paciente transformou completamente minha maneira de enxergar os pacientes oncológicos. Antes, eu tratava os pacientes oncológicos do lado de cá, como médica, mas agora sei o que significa estar na posição de paciente. A gente já tem um tratamento diferenciado com os pacientes oncológicos, pois a gente entende a luta, a dor, toda a dificuldade e fragilidade daquele momento na vida deles. Mas quando você é o paciente, a gente passa a ter uma visão totalmente diferente, a sua sensibilidade em relação a esses pacientes muda completamente. Isso mudou a minha maneira de enxergar todo o processo, desde o acolhimento até o tratamento, até o simples fato de você segurar na mão daquele paciente e dizer que vai ficar tudo bem.

O POVO - O que você gostaria de dizer para as pessoas que estão começando sua jornada contra o câncer?

Patrícia Lopes - Para as mulheres que estão iniciando essa jornada, minha mensagem é que não percam a esperança. É normal sentir medo, mas é importante lembrar que muitas mulheres conseguem superar o câncer de mama e levar uma vida normal após o tratamento. Essa experiência, por mais desafiadora que seja, traz aprendizados valiosos e uma nova perspectiva sobre a vida. Busquem apoio, não hesitem em procurar um especialista, e principalmente, façam seus exames de rotina. O diagnóstico precoce é essencial, e vocês não estão sozinhos nessa caminhada.

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