Homens de 20 a 39 anos têm três vezes mais chance de morrer do que mulheres no Ceará
População masculina está mais sujeita às mortes por causas externas ou violentas, como homicídios, suicídios e acidentes de trânsito. Ao todo, dos 50 mil óbitos registrados no Estado em 2022, vítimas homens foram 30.216 casos, enquanto mulheres somaram 25.191 registros
10:00 | Out. 25, 2024
No Ceará, homens de 20 a 39 anos de idade têm 3,35 vezes mais chance de morrer do que mulheres, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira, 25. As informações fazem parte da pesquisa "Censo Demográfico 2022: Composição domiciliar e óbitos informados - Resultados do universo".
Os dados ainda destacam que Ceará é a segunda maior sobremortalidade masculina do País para a faixa etária. Antes do Estado, a maior sobremortalidade masculina foi encontrada em Sergipe, onde um homem de 20 a 39 anos tem 3,49 vezes mais chance de morrer do que uma mulher. Após o Estado sergipano, o ranking tem Rondônia, com 3,31 vezes, depois Bahia, com 3,29 vezes, e Tocantins, com 3,28 vezes.
Conforme o coordenador do coordenador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), vinculado ao Departamento de Ciências Sociais, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luiz Fábio Paiva, é preciso analisar por qual razão o público está mais sujeito ao óbito do que as mulheres.
"Em geral, observamos que, em situação de conflito interpessoal, é mais comum ver homens vítimas de um crime que aconteceu em função de uma briga. Também é mais comum ver homens como vítimas de conflitos violentos entre grupos armados", comenta.
Em comparação às mulheres, o especialista destaca que é mais comum observar a morte de mulheres em situações de violência de gênero e fim de relacionamentos.
Para o coordenador do LEV, homens morrem mais que mulheres em determinadas circunstâncias e não em todas as circunstâncias. "Isso é importante para não se criar ideias que distorcem a realidade e permite, inclusive, ataques às mulheres por, supostamente, sofrerem menos violências do que homens", destaca.
Os dados da pesquisa ainda apontam que os menores números de mortalidades masculinas ocorreram nos estados de Roraima, onde o público tem 1,85 vezes mais chance de vir a óbito do que uma mulher. Em seguida vem São Paulo, com 2,16 vezes, e Rio de Janeiro, com 2,21 vezes.
Público masculino lidera número de óbitos no Ceará, aponta Censo
Além de estarem mais propensos à morte no Ceará, os homens também lideram o número de óbitos registrados no Estado. Os dados do Censo Demográfico 2022 revelam que, do total de 55.407 óbitos contabilizados naquele ano, os homens foram 30.216 casos, enquanto mulheres tiveram 25.191 registros de mortes.
Na maior participação de óbitos masculinos, calculado pela razão de sexo dos óbitos (o total de mortes homens dividido pelo de mulheres multiplicado por 100), o Estado ocupa a 18ª posição do ranking de sobremortalidade masculina. Foi levado em conta um indicador de 150 óbitos masculinos para 100 óbitos femininos, que resultou em 119,95.
Na distribuição entre os Estados, a maior razão de sexo dos óbitos e, consequentemente a maior sobremortalidade masculina, se encontra em Tocantins. Em seguida vem Rondônia (147,73), Roraima (146,61), Mato Grosso (141,75), Amapá (140,57), Amazonas (136,96) e Pará (135,63). A menor sobremortalidade masculina foi encontrada no Rio de Janeiro, 1,05 vezes.
Confira o ranking dos óbitos por razão de sexo
A pesquisa revela que a sobremortalidade masculina só é revertida nos grupos de idade mais avançados, a partir dos 80 anos, onde a participação de óbitos femininos supera os masculinos. No documento, a instituição explica que isso ocorre porque as taxas centrais de mortalidade (razão entre óbitos e população, para cada idade) são diferenciais por sexo.
"Sendo a mortalidade masculina superior à feminina ao longo de toda a vida, principalmente nas idades mais avançadas, resultando em um contingente de mulheres maior nas idades mais avançadas em relação à população de homens, gerando, consequentemente, um maior quantitativo de óbitos entre as mulheres”, explica o IBGE no documento.
Metodologia da pesquisa
A metodologia da pesquisa do Censo Demográfico 2022 foi realizada por meio de três formas: entrevista presencial, por telefone ou autopreenchimento pela Internet.
Na entrevista presencial, foi realizada pelo recenseador, que é o responsável por fazer o trabalho da coleta de dados por meio de entrevistas com o moradores, registrando as respostas no Dispositivo
Móvel de Coleta (DMC).
As entrevistas por telefone foram realizadas pelo recenseador ou por um agente do Centro de Apoio ao Censo (CAC), já a coleta pela Internet foi feita por autopreenchimento do questionário ou utilizando auxílio de agentes do CAC.
A entrevista presencial correspondeu à maior parte das respostas do Censo 2022, com 98,9% dos dados da pesquisa. Ao todo, foram aplicados 72.433.841 questionários. (Colaborou Alexia Vieira)
Atualizada às 15h34min
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