Preso em operação do MPCE era "Sintonia Geral das Ruas" do PCC no Ceará
Conversas encontradas em um celular apreendido em presídio em 2018 mostraram que James Machado Cordeiro, de 53 anos, ocupava posição de destaque na facção
21:03 | Set. 26, 2024
O Ministério Público Estadual (MPCE) deflagrou na manhã desta quinta-feira, 26, uma operação que mirou três suspeitos de integrar posições de comando na facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) em Fortaleza e na Região Metropolitana. Batizada como Springfield, a ofensiva cumpriu um mandado de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão.
O suspeito preso trata-se de James Machado Cordeiro, de 53 anos, conhecido como Irmão Simpson (daí, o nome da operação). Ele foi apontado como “Sintonia Geral das Ruas” do PCC, informa o promotor Adriano Saraiva, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do MPCE.
Saraiva conta que a investigação teve início em agosto de 2018, quando celulares foram apreendidos na Unidade Prisional Professor José Jucá Neto, em Itaitinga (Região Metropolitana de Fortaleza). Os dados dos aparelhos foram extraídos e analisados pelo MPCE, que se deparou com grupos no aplicativo Whatsapp criados para tratar de assuntos relativos à facção.
O coordenador do Gaeco descreve que a célula era responsável por gerenciar as ações dos integrantes do PCC que estavam soltos. No celular, contou o promotor, havia, entre outros, diálogos em que homicídios de rivais eram decretados, assim como tratativas sobre o dinheiro que os faccionados são obrigados a pagar para o PCC, na chamada “caixinha”.
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Saraiva ressalta que, na hierarquia da facção, a Sintonia Geral das Ruas só está abaixo das cúpulas do PCC no Ceará e no Brasil. Inclusive, a análise dos dados mostrou que James tinha contato direto com o “Grupo dos 20”, ou seja, as principais lideranças da facção, em São Paulo.
Conforme o promotor, a análise dos dados dos celulares apreendidos nesta quinta permitirão saber se James continua tendo cargo de comando na facção. Saraiva, porém, diz acreditar que sim, mesmo que seja em uma outra função. “Certamente, ele continua. Ele, à época da apreensão, tinha oito anos de PCC. Dificilmente, alguém assim se afasta, principalmente, agora, que estava solto”, afirmou o promotor.
James tinha uma empresa especializada no fornecimento de garçons para eventos, o que o Gaeco acredita ser uma fachada para as atividades criminosas que ele desenvolvia. No momento da prisão, uma certa quantidade de drogas foi encontrada com James.
As ordens judiciais foram cumpridas com apoio do Departamento Técnico Operacional (DTO), da Polícia Civil. A Vara de Delitos de Organizações Criminosas já aceitou a denúncia ofertada pelo MPCE contra James. O caso tramita em segredo de Justiça.
Prisão em 2018
James já havia sido preso em dezembro de 2018 pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). À época, ele foi descrito como “Geral do Estado” do PCC.
Por ocasião da prisão, os policiais civis apreenderam um celular com James, onde foi encontrada uma lista com o nome de 240 pessoas que haviam acabado de ser “batizadas” na facção.
Com essas informações, a Draco deflagrou, em agosto de 2020, a operação Aditum III, que prendeu mais de 150 pessoas. A operação, porém, foi anulada pela Justiça posteriormente, sob argumento que não houve ordem judicial autorizando a extração dos dados do aparelho.