Esquema de transporte de fuzis e drogas do RJ para o Ceará é desarticulado pela Polícia Civil

O núcleo de distribuição de drogas e de armamento do Comando Vermelho, com atuação no Sertão de Crateús, movimentava mais de R$ 1 milhão por mês

20:57 | Set. 26, 2024

Por: Jéssika Sisnando
Mandados de prisão e de busca e apreensão cumpridos no Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro (foto: Polícia Civil do Ceará )

A operação da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), denominada Concórdia, desarticulou o transporte de fuzis e drogas que acontecia do Rio de Janeiro para Crateús, a 355 quilômetros de Fortaleza. O grupo criminoso é investigado ainda por lavagem de dinheiro, com movimentação suspeita de R$ 1 milhão por mês.

Nesta quinta-feira, 26, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão no Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo.

A Concórdia, que está em sua segunda edição, é resultado de uma investigação que começou a partir de uma guerra entre as facções Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE), no Sertão de Crateús

As informações são do delegado Felipe Freitas, da Delegacia Regional de Crateús. "A investigação começou a partir de uma guerra que existia no Sertão de Crateús e identificou o grupo que estava à frente, que vinha de uma liderança de Santa Quitéria. A priori a atuação da Polícia era de cessar os homicídios, mas a investigação permitiu identificar o esquema de tráfico de drogas", detalha.

De acordo com o delegado, entre os alvos da ofensiva estão lideranças do grupo e também pessoas responsáveis por esse transporte. Seriam cearenses, naturais da região, que viajariam ao Rio de Janeiro para trazer a droga, a maior parte em ônibus interestaduais. "São armas de grosso calibre como fuzis, número suficiente para abastecer a região", afirma. 

Em relação à lavagem de dinheiro, ainda conforme informações da Polícia, o núcleo da facção criminosa CV utilizava contas bancárias de pessoas que não teriam envolvimento direto com a organização criminosa para movimentar aproximadamente R$ 1 milhão mensalmente. 

O grupo usava contas de familiares e de pessoas que não levantassem suspeitas sobre o envolvimento com o crime. 

Ao todo, 20 pessoas são investigadas nessa fase da operação, algumas delas residiram na região de Crateús, mas foram para o Rio de Janeiro, onde atuavam na distribuição do armamento e do entorpecente.  

Sobre a Concórdia  

De acordo com a Polícia Civil, a operação foi coordenada pela Delegacia Regional de Crateús, que teve o apoio do Departamento de Inteligência Policial e Departamento de Polícia Judiciária do Interior Norte. 

No Ceará, mandados foram cumpridos em Crateús, Ipu, Santa Quitéria, Monsenhor Tabosa, Fortaleza, além do Rio de Janeiro e São Paulo. Foram cumpridos 10 mandados de prisão em desfavor das pessoas com idades entre 22 e 39 anos. Os nomes não foram divulgados e não houve resistência.

Cinco desses alvos já estavam recolhidos em unidades prisionais e a decisão foi cumprida no próprio sistema penitenciário. Foram apreendidos aparelhos celulares que serão periciados e devem subsidiar as investigações. 

De acordo com o delegado Felipe, a primeira fase da operação teve a prisão de 10 pessoas.