Ceará tem segunda menor distorção idade-série do País no ensino fundamental

Estudo publicado de pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) analisa evolução dos estados com base em dados do Inep

O Brasil vem reduzindo a distorção idade-série ao longo dos anos. Estudo publicado por pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) na última semana aponta o Ceará como destaque na redução da taxa nos últimos anos. O Estado alcançou a segunda menor distorção no ensino fundamental em 2023, 6,5%. 

O estudo foi feito com base em dados do Censo Escolar 2023, publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O maior contingente de alunos nessa situação está no Nordeste. Um a cada três alunos com atraso de dois ou mais anos em relação à idade correta para a etapa escolar que frequentam é dessa região. 

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A distorção possui consequências preocupantes como o aumento da evasão escolar, maiores taxas de abandono e níveis mais baixos de aprendizagem.

O Ceará reduziu a distorção superando a região Sudeste. A média do Sudeste, em 2023, foi de 9,1% no ensino fundamental e de 16,9% no ensino médio. No ano passado, o Estado registrou taxas 6,5% e 15,2%, respectivamente.

Para verificar o quanto as políticas públicas estaduais estão sendo efetivas para enfrentar o problema, os autores do estudo analisaram a evolução da redução dessas taxas em cada um dos estados entre 2007 e 2023.

Alesandra Benevides, professora do Campus de Sobral da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisadora do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste, do FGV IBRE, explica que o estudo buscou investigar as razões dessa redução. Flávio Ataliba Barreto e Rafael Barros Barbosa também são autores do estudo. 

"O Ceará é um estado que implementou uma política pública, de fato, em 2008. O Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic). Quando se alfabetiza na idade e tem condições de continuar dentro da faixa etária adequada, o aluno tem condições de caminhar nas várias etapas. Depois, o programa foi se ampliando para não ficar apenas na alfabetização", detalha. 

Algumas das hipóteses levantadas foram se o Estado teve sucesso porque os estudantes em atraso acabaram abandonado a escola. Segundo ela, não foi encontrado indicativo de que isso ocorreu. "Uma outra investigação que a gente fez foi para saber se os alunos estavam indo para o Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Parte deles realmente está indo para o EJA, mas essa movimentação não é suficiente para explicar uma redução da distorção tão grande. Contribui, mas não explica totalmente", pormenoriza.

Nos últimos 14 anos, a taxa de distorção média no ensino fundamental no Brasil foi de 21,5%. Taxa foi impulsionada pelas regiões Norte (30%) e Nordeste (29,3%). Por outro lado, a região brasileira com melhor média no período é o Sudeste (14,6%), seguida da região Sul (16,9%).

Entre os estados nordestinos, o Ceará possui a menor taxa média, com 19,8%, seguido do Maranhão (26,2%). Sergipe e Bahia estão entre as maiores taxas médias de distorção idade-série, com 36,4% e 34,7%, respectivamente.

"O estado do Ceará empreendeu um esforço considerável, uma vez que já estava com taxas mais baixas no início da série, e conseguiu reduzir em 35,7 pontos percentuais, ficando com uma taxa de distorção (15,2%) abaixo da região Sudeste (16,9%)", pontua a pesquisa.

Os dados de 2023 revelam ainda que a distorção idade-série dos estudantes pretos e pardos nos anos finais do ensino fundamental (20,9%) é praticamente o dobro da taxa de distorção dos alunos brancos (10,8%).

Clique aqui para acessar o estudo completo.

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