Crio está realizando pesquisa para o desenvolvimento de vacina contra o câncer

A nova tecnologia já está em fase inicial de testes clínicos em pacientes

12:14 | Set. 19, 2024

Por: Rafael Santana
Laboratório onde foi desenvolvido a pesquisa (foto: Arquivo Pessoal /Dr. Eduardo Cronemberger)

Uma descoberta no campo da oncologia tem trazido otimismo para a cura do câncer. Uma vacina contra a doença está em desenvolvimento clínico em diferentes centros de pesquisa do mundo. Alguns voluntários já estão participando de testes clínicos em vários países, inclusive aqui no Brasil.

No Ceará, a pesquisa está sendo coordenada pelo médico Eduardo Cronemberger e conduzida pela equipe de pesquisa clínica do Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio), em uma parceria internacional com os laboratórios MSD e Moderna.

O estudo, que se encontra em fase de recrutamento, é destinado para pacientes com câncer de pulmão, e todos os participantes irão receber doses de medicamento usado no tratamento imunoterápico da doença.

O médico Eduardo Cronemberger, explica que a vacina personalizada funciona como um ‘treinamento’ para o sistema imunológico, semelhante à tecnologia das vacinas de RNA mensageiro (mRNA) para a prevenção da Covid-19.

“A vacina se refere a uma tecnologia chamada terapia de neoantígenos individualizada, e está sendo pesquisada também para outros tipos de câncer, como o melanoma, um tipo agressivo de câncer de pele”, pontua.

Segundo ele, ao analisar a sequência do DNA no tumor do paciente, é identificado uma assinatura mutacional ímpar e, a partir disso, desenvolvido uma vacina específica para aquele perfil. Com isso, é “ensinado” o organismo a reconhecer e atacar as células cancerígenas de forma mais eficaz, aumentando as chances de cura e reduzindo os efeitos colaterais dos tratamentos.

Essa estratégia é chamada de imunoterapia contra o câncer e a vacina já está em fase de desenvolvimento e testes clínicos, sendo avaliada os seus benefícios a longo prazo. “Caso se confirme sua maior eficácia diante dos tratamentos convencionais, a vacina poderá ser adotada como padrão mundial de tratamento”, afirma o coordenador do estudo.

Um dos desafios é a chegada de informação aos pacientes sobre a possibilidade de participar desse estudo, que deve ser finalizado em 2026. “O perfil é de pacientes com diagnóstico de câncer de pulmão do tipo não pequenas células em estágios inicias, II e III, que já tenham sido operados”, esclarece.

O Ceará vem se destacando no cenário nacional da pesquisa clínica, buscando tratamentos inovadores para o câncer. Muitos desses estudos já incorporaram novos e melhores tratamentos. A participação do estado nessa pesquisa pode consolidar o nosso estado no cenário internacional, através da inclusão de pacientes que se enquadram no perfil do estudo.