Alunos de Itaitinga criam óculos para facilitar a leitura de pessoas com deficiência visual

Alunos de Itaitinga desenvolvem óculos com inteligência artificial que auxilia deficientes visuais na leitura de textos e descrição de ambientes.

22:21 | Set. 08, 2024

Por: Caynã Marques
Uma turma de oito alunos criou um óculos que, com o auxílio da inteligência artificial, vai auxiliar na leitura de pessoas com deficiência visual (foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal)

Os alunos de uma escola localizada em Itaitinga, a 31 km de Fortaleza, estão disputando prêmios após criarem um projeto de óculos que facilita a leitura de textos impressos para pessoas com deficiência visual.

Batizado de E-vision, os óculos são um trabalho científico produzido por oito alunos: Ana Caroline de Sousa Bandeira, Francisca Diana Bessa Ferrer, Jadson Araújo da Silva, Kayane Oliveira Almeida, Maria Alice Magalhães Lima, Maria Clara Barbosa de Sousa, Sophia Lara da Silva Martins e Victor Gabriel Ferreira Lima, com o auxílio do professor coordenador Rodrigo Castro.

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Projetado a partir de visão computacional e inteligência artificial, os óculos visam revolucionar a forma como pessoas com deficiência visual interagem com o mundo ao seu redor. A inovação se baseia em um protótipo de óculos assistentes, equipado com câmera, microfone e fone de ouvido, capaz de capturar imagens e traduzi-las em áudio para o usuário.

O protótipo, desenvolvido por uma equipe de estudantes que cursam o 2º ano do Ensino Médio na Escola Estadual de Educação Profissional Professor Francisco Aristóteles de Sousa, sob a orientação do professor mentor, utiliza a linguagem de programação Python para integrar a câmera e o microfone em um sistema que processa imagens em tempo real.

Facilitação para alunos com deficiência visual

A princípio, o objetivo era auxiliar alunos com deficiência visual que não recebiam material adequado para estudo.

"Porque até então, além da dificuldade, os alunos com deficiência tinham uma dependência de alguns colegas de sala para explicar o que estava sendo feito. E o que acontecia era que fui indagando esses questionamentos aos alunos, no qual comecei com 19 alunos", explicou Rodrigo Castro, coordenador da turma que criou o E-vision.

Dessa forma, a criação do aparelho facilitaria a vida do deficiente visual, sendo mais rápido, mais informativo e muito mais ativo, possibilitando o desenvolvimento de suas habilidades com mais dinamismo, eficiência e imediatismo.

Segundo Rodrigo, o sistema funcionava inicialmente por meio de gestos, onde o usuário utilizava movimentos manuais para acionar a captura de imagens. Contudo, o processamento de imagens por gestos gerava lentidão no desempenho do dispositivo, levando a equipe a explorar novos métodos de interação.

A solução encontrada foi o uso de comandos de voz, permitindo que o usuário iniciasse a captura de imagens simplesmente falando com o assistente virtual, chamado "Ivi".

Expansão e aplicação educacional

Com um investimento inicial de apenas R$ 30, o projeto já atingiu um nível de desenvolvimento que o torna viável para uso em sala de aula. No futuro, a equipe espera que o sistema possa ser utilizado amplamente, ajudando pessoas com deficiência visual a superarem barreiras e se integrarem plenamente à sociedade.

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O objetivo final da equipe é compactar e aprimorar o design do protótipo para torná-lo mais ergonômico e acessível, visando sua aplicação em ambientes educacionais. A ideia é que os óculos assistentes possam ser utilizados por alunos com deficiência visual, proporcionando-lhes maior autonomia e inclusão nas atividades escolares.

O mentor da equipe destacou o impacto positivo que o projeto teve no desenvolvimento pessoal e intelectual dos estudantes. Através do processo de criação e experimentação, os jovens adquiriram habilidades técnicas e amadureceram ao enfrentar os desafios de um projeto científico complexo.

Disputa por premiações

O resultado foi o reconhecimento em competições importantes, como o Solve For Tomorrow Brasil, prêmio organizado pela empresa de tecnologia Samsung, no qual o protótipo está entre os 25 finalistas, além da participação em eventos como o Ceará Summit e em iniciativas do Sebrae.