Desertificação na Caatinga pode reduzir funcionalidade do solo em mais de 50%, aponta pesquisa
Apesar da redução da funcionalidade nas áreas degradadas, as áreas restauradas conseguiram atingir altos índices físicos, químicos e biológicos
13:44 | Set. 01, 2024
A desertificação na Caatinga, bioma no qual o Ceará está inserido, pode reduzir a funcionalidade do solo da Caatinga em mais de 50%. A situação dificulta a capacidade de sustentar o crescimento de plantas e promover o bem-estar social, de acordo com uma pesquisa publicada na revista Applied Soil Ecology. Outro efeito, é a diminuição do sequestro de carbono.
"[A desertificação] reduz a porosidade, impedindo a infiltração de água e, consequentemente, acaba acelerando o processo de erosão do solo", explica Antonio Yan Viana Lima, doutorando na Universidade de São Paulo (USP), à Agência Fapesp.
Leia mais
O estudo analisou 54 amostras de terra obtidas em temporadas de seca e de chuva em três locais diferentes do município de Irauçuba, a 155,52 km de Fortaleza. Os locais analisados tinham áreas de vegetação nativa, degradadas e restauradas.
Apesar da redução da funcionalidade nas áreas degradadas, as áreas restauradas conseguiram atingir altos índices físicos, químicos e biológicos, segundo o professor Arthur Pereira, do Departamento de Ciências do Solo da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Esses locais, segundo o professor, foram cercados há mais de 20 anos para impedir a ação dos homens e a circulação de animais. "O interessante é que os resultados das análises nessas áreas, em todos os aspectos, foram muito próximos do que se viu nas áreas de vegetação nativa", destaca, também à Agência Fapesp.
"Assim, ao longo de duas décadas, está sendo possível recuperar a saúde do solo, o que pode ser promissor ainda para o sequestro de carbono, uma vez que essas terras registraram maiores valores de estoques de carbono total e microbiano", continua.
Para avaliar a saúde do solo, os pesquisadores utilizaram uma ferramenta chamada de 'Soil Management Assessment Framework' (Smaf), que se baseia em algoritmos que coloca os resultados analisados em uma escala de 0 a 100, sendo 100 o mais positivo. A partir disso, é possível encontrar um índice.
Agora, os pesquisadores buscam expandir as análises para todo o bioma para ver se a situação detectada em Irauçuba também acontece em toda a caatinga.
O estudo foi feito por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa da Universidade de São Paulo (RCGI/USP).