Cartilha reúne dados sobre violência e impactos no desenvolvimento infantojuvenil no Ceará
Material será publicado no portal da Secretaria da Proteção Social do Ceará (SPS) e deve auxiliar nas ações das políticas públicas vigentes e futuras na pasta estadual
18:30 | Ago. 30, 2024
Durante o encerramento da programação do Mês da Primeira Infância, a Secretaria da Proteção Social do Ceará (SPS) lançou uma cartilha sobre Infâncias e Juventudes do Ceará. O documento reúne dados sobre violência no público infantojuvenil, consequências no desenvolvimento e orientações no desenvolvimento com o público para servidores e técnicos que atuam com o tema no Estado.
A divulgação do documento ocorreu na manhã desta sexta-feira, 30, no auditório da SPS, no bairro Joaquim Távora, em Fortaleza. A cartilha foi elaborada durante um ano pela SPS em parceria com o Instituto ProMundo e o Fondation Chanel. Além da cartilha, também foi realizada uma palestra sobre paternidade ativa para os servidores e técnicos da secretaria.
De acordo com a coordenadora do Programa Mais Infância, Dagmar Soares, a cartilha traz estatísticas sobre paternidade por meio de dados sobre o número de mães solos, gravidez na adolescência e quais os fatores impactam no desenvolvimento infantil. “A criança pequena pede afeto. Quando ela não tem casa, ela procura na rua e o risco dela ser tomado pela violência é muito grande”, exemplifica.
Ainda segundo a coordenadora, o documento deve servir de orientação para servidores e técnicos da secretaria na criação de políticas públicas e no trabalho das demais que estão em atuação. Outros dados relacionados dispostos no documento, conforme Dagmar, são indicadores de violência no público adolescentes e mortalidade.
A cartilha é dividida em cinco seções que contemplam temas como Gênero, Família, Violência, Saúde Mental, Drogas, Oportunidades, Escolarização e Mundo Do Trabalho. O conjunto de temas, segundo a coordenadora do Programa Mais Infância, busca trabalhar com jovens para buscar projetos de vida, buscando mudar o cenário da violência, principalmente. O documento será publicado no portal da SPS.
Conforme o secretário Executivo de Infância, Família e Combate à Fome. Secretário da Proteção Social, Caio Cavalcanti, o documento toca na infância e na juventude e também na figura da paternidade, que deve ser necessariamente ativa para impactar o desenvolvimento das crianças e adolescentes. O tema foi abordado durante uma palestra aos servidores da SPS.
Servidores recebem palestra sobre paternidade ativa
Uma palestra sobre equidade e paternidade reuniu dezenas de servidores, principalmente homens, da SPS para discutir atuação de pais na criação ativa dos filhos, além de identificar que ações podem contribuir para o melhor desenvolvimento das crianças nos primeiros seis anos de vida. Entre eles está o debate sobre masculinidade tóxica.
O assessor administrativo da SPS Natanael de Holanda, 37, afirma que a ação garante ampliar o tema entre os servidores através do maior acesso a dados sobre o tema. “A gente não tem esse acesso mesmo massivo, a gente só tem relatos. E hoje ele está apresentando dados, estudos científicos que comprovam que realmente a paternidade, a presença do pai, a presença ativa mesmo dos pais é muito importante”, comenta.
O sociólogo e técnico da coordenação da Proteção Social Especial, Cristóvão Aragão, 40, é pai de dois filhos, de 14 a 16 anos de idade. O servidor afirma que, apesar de reconhecer que foi pai presente na primeira infância dos filhos, continua exercendo o dever de estimular os filhos.
“A primeira infância é o começo e o que eu puder aprimorar para adolescência para consertar o que eu não fiz no passado, além de trabalhar algumas marcas que ficaram neles. Eu me coloco nessa reconstrução da vida deles, de algumas lacunas que ficaram na primeira infância”, destaca o servidor.
O especialista em Saúde Coletiva e coordenador de pesquisas do Instituto ProMundo, Rodrigo Laro, esclarece que o público precisa entender que o cuidado com os filhos é prazeroso, que é necessário que a criança se sinta protegida pelo cuidado com o pai vai impactar diretamente no desenvolvimento por toda a vida da criança.
“Aprender um novo termo de masculinidade, aprender uma nova paternidade, e isso tudo vai desembocar em novos adolescentes e uma sociedade muito mais equitativa de gênero”, afirma Rodrigo.