Incêndios em vegetação: atendimentos no Ceará têm queda de quase 38% em 2024

Apesar da aparente redução nas ocorrências de 2024, em relação ao mesmo período de 2023, os meses entre agosto e novembro costumam ter uma maior ocorrência de incêndios

13:40 | Ago. 28, 2024

Por: Gabriel Damasceno
MESES entre agosto e novembro concentram maior número de casos (foto: Divulgação/ CBMCE)

Em meio às queimadas no Amazonas e no Pantanal, o Ceará teve uma diminuição de cerca de 37,91% nas ocorrências de incêndios em vegetação atendidas pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE) no ano de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023. Ao todo, 1.466 ocorrências foram atendidas até esta quarta-feira, 28. No ano passado, foram 2.361 até o fim de agosto.

Romário Fernandes, professor de astronomia e capitão do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), acredita que as chuvas do primeiro semestre podem ter contribuído para essa redução nos primeiros oito meses do ano. "Nos anos com mais chuva no primeiro semestre e, consequentemente, menos incêndios, a tendência permanece no início do segundo semestre, como em 2022, quando demorou a começar a ter mais incêndios."

"É possível que a gente ainda esteja sendo protegido por um efeito um pouco prolongado pela quantidade de chuvas que a gente teve no primeiro semestre. Isso aumenta a umidade do ambiente como um todo, a disponibilidade de água", adiciona.

Veja o gráfico com os dados dos anos anteriores:

Em 2024, o Ceará teve a 'melhor' quadra chuvosa dos últimos 15 anos. Entre 1º de fevereiro a 31 de maio, foram registrados 754,4 milímetros (mm) de chuva. O acumulado deste ano fica atrás apenas do ano de 2009, quando a região registrou 966,7 mm no período.

Incêndios em vegetações são mais comuns entre os meses de agosto e novembro

Apesar da aparente redução nas ocorrências de 2024, os meses entre agosto e novembro costumam ter uma maior ocorrência de incêndios em vegetação por causa das próprias características do meio ambiente nesta época do ano.

"É uma época com temperaturas mais altas, umidade mais baixa e ventos mais fortes", explica Lucas Fumagalli, meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

"Essas três características combinadas são muito importantes para o desenvolvimento dos focos de calor e acabam virando incêndios. O oposto seria uma atmosfera mais úmida, mais fria, com menos vento, como ocorre na quadra chuvosa", continua.

A situação, segundo o meteorologista, não é específica do Ceará. Ela também acontece em outras regiões do País. Apesar disso, Romário ressalta que atividades antrópicas também contribuem. "A causa do problema é sempre humana. A gente não tem fogo espontâneo aqui [no Ceará]", pontua.

"O fogo que acontece é causado por seres humanos que, na maior parte das vezes, não queria causar um incêndio, queria apenas uma queimada controlada, mas fugiu do controle. Ocasionalmente, existem situações criminosas, como tem acontecido em São Paulo."

ERRAMOS: Diferentemente da versão informada na primeira matéria, o número de atendimentos a incêndios em vegetação teve uma redução de 37,91% entre janeiro e agosto de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023.