Óleo capaz de tratar problemas de diabetes é patenteado por pesquisadores da Uece
Até o momentos, os tratamentos para diabetes são controle com a glicose, ou remédios para dores
18:03 | Ago. 19, 2024
Pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) criaram a fórmula de um óleo capaz de tratar problemas causados pelo diabetes. A instituição recebeu do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) a validação de sua carta-patente referente à descoberta.
Com o título “Uso de extrato de plantas do gênero Croton, uso de estragol, uso de anetol e método de tratamento de neuropatias”, a pesquisa é de autoria dos pesquisadores Francisco Walber Silva, Vânia Ceccatto, Aline Alice Albuquerque, Morgana Oquendo, Flávio Henrique Macedo, Kerly Shamyra Alves, José Henrique Leal Cardoso e Andrelina Souza.
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O produto patenteado foi o resultado da tese de doutorado do doutorando Francisco Walber. De acordo com informações da Uece, o óleo é da planta Croton zehntneri, também conhecida como canela de cunhã e encontrada principalmente no Nordeste.
"Nós desenvolvemos esse estudo, utilizamos óleo essencial em uma determinada concentração e conseguimos ver que o tratamento com óleo essencial dessa planta conseguiu reverter ou, pelo menos, atenuar, alguns problemas que o diabetes pode provocar devido à neuropatia em gânglios nervosos e em troncos nervosos”, afirma o professor.
Ainda conforme informações da Uece, a pesquisa é inédita, destacando que atualmente o tratamento de controle da doença ou o tratamento sintomático com o controle de dores utiliza analgésicos. O diferencial do óleo é a abertura de possibilidades para tratamento específico.
Conforme o orientador da pesquisa, professor Henrique Leal, a neuropatia diabética, que é uma complicação do quadro de diabetes, que afeta os nervos periféricos (das extremidades, como mãos e pés), é um problema grave.
“A complicação mais grave do diabetes frequentemente é a neuropatia, que ocorre principalmente como lesão aos nervos mais longos do corpo, sendo um deles o nervo ciático, que vai desde a coluna até o pé. Esse nervo é atacado inicialmente no pé e depois essa lesão vai progredindo em direção às partes mais centrais do corpo. Então, esse é um acometimento muito grave, causando hipersensibilidade e até anestesia", descreve.
O professor explica que, no planeta, a cada 30 segundos um paciente tem um membro inferior amputado devido à diabetes.
Os testes pré-clínicos realizados em camundongos mostraram resultado positivo, que se deve ao alto teor (80%) de anetol, um composto vegetal presente na planta Croton zehntneri, que ajuda a tratar as alterações neurais sem interferir na glicemia do paciente diabético.