Violência contra a mulher: metade das vítimas do Ceará sofre violações diariamente

Cerca de 500 vítimas afirmaram viver situações de violência há mais de um ano no momento da denúncia

Pelo menos 51,89% das mulheres vítimas de violência no Ceará sofrem violações diariamente, de acordo com os dados de denúncias recebidas pelo Ligue 180, a Central de Atendimento à Mulher, até julho de 2024. A porcentagem corresponde a 1.140 casos.

Esse período chegou a computar 2.197 denúncias, um aumento de 34,13% em relação aos meses de janeiro a julho de 2023. A maioria das vítimas é de mulheres negras (1.207 são pretas ou pardas) e em grande parte dos casos o companheiro ou ex-companheiro é suspeito das agressões.

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As denúncias são relacionadas a diferentes tipos de violência, incluindo física, psíquica, sexual, financeira, entre outras.

Segundo as informações do painel de dados do serviço, 501 vítimas dos casos reportados no Ceará já sofriam com a violência há mais de um ano no momento da denúncia. Dessas mulheres, 70% (350) afirmaram que as violações ocorriam todos os dias.

Ellen dos Santos Costa, coordenadora-geral do Ligue 180, explica que muitas vezes as vítimas já são impactadas por essas dinâmicas de violência doméstico-familiar por gerações.

“Por vezes, elas nem têm o conhecimento que determinada situação que vivem há anos é uma violência doméstica-familiar. Por isso, a importância da divulgação do Ligue 180 como um canal que você pode entrar em contato independentemente de há quanto tempo você sofre essa violência. As atendentes vão acolher da mesma forma e vão repassar todas as orientações necessárias”, explica.

Denúncias no Ligue 180 por ano no Ceará

  • 2024 (jan-jul): 2.197
  • 2023: 3.079
  • 2022: 2.539
  • 2021: 2.526
  • 2020: 1.352

Denúncia pode ser feita por terceiros

A Central é disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana, para receber denúncias e dar informações sobre estratégias de enfrentamento da violência contra a mulher. No entanto, em caso de emergências, é mais indicado acionar diretamente a Polícia pelo 190.

Por meio do número 180, é possível realizar denúncias até mesmo sem ser a vítima direta da violência. No Ceará, em 902 casos o denunciante foi uma terceira pessoa. Ellen explica que as denúncias seguem o mesmo fluxo, independente de quem a realiza.

“É gerado um extrato da denúncia que é encaminhado para os órgãos de apuração. Ele contém informações referentes ao local da ocorrência, o relato da denúncia, informações sobre a vítima e sobre o suspeito. Lembrando que se você é um terceiro e liga para o 180, tem a opção de realizar uma denúncia anônima e sigilosa”, afirma.

Cresce violência de gênero no ambiente virtual

Até mesmo violências cometidas no ambiente virtual podem ser denunciadas à central. No Estado, 76 casos desse tipo foram reportados em 2024.

Ellen afirma que há um aumento no registro de crimes de ódio na internet, com grande parte sendo direcionados a mulheres.

“Nós sempre repassamos para as mulheres que, além da denúncia nas plataformas digitais, procurem também as delegacias especializadas em crimes cibernéticos, além das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM)”, orienta.

Desde abril, o canal também conta com um número de atendimento no WhatsApp. Já foram recebidas 6.689 mensagens com pedidos de informações ou apresentação de denúncias.

Serviço

Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180
Ligações podem ser feitas de qualquer lugar do Brasil 24 horas por dia, todos os dias da semana

Canal via chat do Whatsapp: (61) 9610-0180

Emergências: Polícia Militar - 190

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