Febre oropouche: como Ceará investiga óbito fetal possivelmente causado pela doença

Ainda é incerto por que a doença consegue causar perdas fetais. Primeiros casos do tipo foram registrados em Pernambuco

A morte de um feto de 34 semanas está sendo investigada no Ceará. A suspeita da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) é de que a perda fetal teria sido causada pelo vírus da febre oropouche. A gestante de 40 anos, residente de Capistrano, no Maciço de Baturité, teve infecção confirmada.

A transmissão vertical, quando o vírus é passado da mãe para o feto, é uma característica da febre oropouche recentemente descoberta. Os primeiros casos foram confirmados em Pernambuco. Esse estado confirmou ainda que a morte de um dos fetos infectados foi causada pelo vírus.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

VEJA | Febre Oropouche: Ceará tem 122 casos confirmados; saiba como se prevenir

O caso do Ceará ainda passa por exames laboratoriais para atestar a causa do óbito. “Não havia outros motivos que pudessem ser associados à perda fetal, e era uma paciente que vivia em uma área de Capistrano onde tinha outros casos”, afirma o secretário executivo de Vigilância em Saúde, Antonio Silva Lima Neto (Tanta).

Foram colhidas amostras das vísceras do feto e do líquido presente na coluna vertebral. O material foi enviado para fora do Ceará, conforme a secretária da Saúde, Tânia Mara Coelho.

“É muito provável que esses exames sejam positivos para o oropouche. Isso garante que existe transmissão vertical. Para que eu feche esse caso de perda fetal como sendo causada pelo oropouche, preciso de investigações”, explica Tanta.

Por que a febre oropouche pode causar perda fetal?

Tanta relata que ainda é incerto quais mecanismos o vírus tem para provocar a infecção e matar o feto. O diretor geral de Vigilância Ambiental da Secretaria da Saúde de Pernambuco (SES-PE), Eduardo Bezerra, explica que duas hipóteses são investigadas nos casos pernambucanos.

Segundo ele, um dos palpites é que a infecção cause problemas neurológicos, já que o vírus é considerado neurotrópico - ou seja, ele tem uma “atração” pelas células do sistema nervoso. “Também existe a possibilidade de ter algum tipo de manifestação hepática”, diz.

Nos dois casos de Pernambuco, as gestantes tinham de 20 a 30 anos e estavam no trimestre final de gestações sem complicações. Os fetos não tinham nenhuma característica física especial que indicasse a infecção. As mortes fetais ocorreram de cinco a seis dias após o início dos sintomas.

Como as gestantes podem se proteger da febre oropouche

Evitar o contato com o mosquito causador da febre oropouche, conhecido como maruim, mosquito-pólvora ou polvinha, é a principal forma de prevenir a doença. O vetor é típico de regiões serranas, áreas sombreadas e com alta deposição de matéria orgânica no solo, como plantações de banana e chuchu.

Para as gestantes residentes dessas regiões e de cidades com casos confirmados, é preciso utilizar barreiras físicas para evitar as picadas do mosquito, como blusas de manga longa e calças. O mosquito não consegue picar através da roupa.

Repelentes são indicados, mesmo que ainda não haja estudos suficientes de que esse produto é efetivo contra o maruim. Pensando nisso, a secretária municipal da Saúde de Pacoti, Nara Ribeiro, afirma que a Prefeitura irá distribuir repelente para as grávidas do Município, o segundo com mais casos confirmados no Ceará.

Também é importante procurar assistência médica em caso de sintomas. Os principais são dor no corpo, dor de cabeça, febre, náusea e diarréia.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar