Ceará confirma 96 casos de febre oropouche e maioria é concentrada no Maciço de Baturité

Concentração de casos na região serrana ocorre devido às características de reprodução do mosquito transmissor

O Ceará tem 96 casos de febre oropouche confirmados em 2024, conforme o boletim epidemiológico da doença divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Os registros estão distribuídos em cinco municípios, a maioria sendo localizada no Maciço de Baturité.

Pacoti é o município com maior quantidade de casos, com 28, seguido de Mulungu (26), Aratuba (22), Redenção (17) e Palmácia (3). Não há nenhum óbito relacionado à doença no Ceará.

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A concentração na região serrana ocorre devido às características de reprodução do mosquito transmissor, o Culicoides paraensis, conhecido popularmente por maruim, polvinha ou mosquito-pólvora.

O inseto prefere locais com maior umidade do ar, solos com deposição de matéria orgânica e áreas de vales ou baixas de encostas com água corrente.

O primeiro caso da doença no Ceará foi registrado em maio. Nas semanas epidemiológicas 23 a 26, que correspondem ao mês de junho, mais nove casos foram confirmados.

Já nas semanas 27 a 29, no período de 30 de junho a 20 de julho, outros 81 casos foram detectados.

De acordo com Carlos Garcia, orientador da Célula de Vigilância e Prevenção de Doenças Transmissíveis e Não Transmissíveis da Sesa, o inseto não é novo na área. O vírus, por sua vez, era mais comum em estados da região Norte.

O que levou a transmissão do vírus por esse mosquito a começar no Ceará ainda é algo que está sendo estudado pela Sesa.

“Semanalmente a gente vai até o Maciço para investigar. Estamos buscando tentar entender como esse processo ocorreu. Se circulava anteriormente e se não havia sido detectado, ou se é um fenômeno novo”, diz Carlos.

Capturar mosquitos, conversar com as pessoas que se infectaram e fazer exames laboratoriais em casos suspeitos são algumas das estratégias realizadas pela secretaria para entender as características da doença e da transmissão.

Sintomas são confundidos com os de dengue

Apesar do aumento no número de casos, a secretaria afirma que a doença, até o momento, não é uma ameaça iminente à saúde pública. No entanto, cuidados são necessários para quem tem sintomas relacionados à febre oropouche.

Clinicamente, a doença pode ser confundida com as arboviroses, como a dengue, chikungunya e zika. Isso porque quem está com o vírus pode ter febre, dores de cabeça, dor no corpo e dor atrás dos olhos, além de sintomas gastrointestinais.

Os tratamentos dessas viroses são parecidos, com ênfase na importância da hidratação e do repouso. Não há remédio ou vacina específica para o vírus oropouche.

Febre oropouche no Brasil

O vírus oropouche foi detectado em 7.284 amostras no Brasil em 2024. Duas mortes foram confirmadas pelo Ministério da Saúde. As vítimas eram mulheres residentes do interior da Bahia com menos de 30 anos.

Também foi registrado o primeiro óbito fetal decorrente da oropouche. O feto tinha 30 semanas e a mãe tem 28 anos. Não havia certeza, até então, de que o vírus poderia passar da mãe para o bebê durante a gestação. Por isso, Carlos atenta para os cuidados redobrados que grávidas devem ter.

Prevenção

  • Evitar o contato com áreas de ocorrência e/ou minimizar a exposição às picadas dos vetores.
  • Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplique repelente nas áreas expostas da pele.
  • Limpeza de terrenos e de locais de criação de animais.
  • Recolhimento de folhas e frutos que caem no solo.
  • Uso de telas de malha fina em portas e janelas.

Fonte: Ministério da Saúde

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