Casos de coqueluche: é preciso vacinar para prevenir possível surto no Ceará

Brasil apresenta 56% de aumento dos casos em 2024. A vacinação, disponível no SUS, é a principal medida de prevenção. A vacina Pentavalente e DTP é indicada para crianças abaixo de cinco anos e gestantes

18:13 | Ago. 02, 2024

Por: Lara Vieira
VACINA Pentavalente e DTP são as principais formas de prevenir a doença (foto: FERNANDA BARROS)

Com o aumento dos casos de coqueluche no Brasil, a preocupação com um possível surto no Ceará cresce. No último dia 27 de julho, a primeira morte pela doença em três anos foi confirmada no País, sendo a vítima um bebê de seis meses, natural do Paraná. A vacinação, disponível no SUS para crianças menores de 5 anos, o principal grupo de risco, é a principal medida para evitar a propagação da doença.

Conforme o Ministério da Saúde (MS), até 22 de julho de 2024, foram registrados 339 casos de coqueluche no Brasil, um aumento de 56% em relação aos 217 casos de 2023. Já no Ceará, conforme dados da Secretaria de Saúde do Estado, o número de casos da coqueluche têm se mantido baixo.

Série histórica de coqueluche no Ceará:

2019: 39 casos
2020: 16 casos
2021: nenhum caso
2022: 3 casos
2023: 3 casos
2024: 1 caso

A coqueluche, também chamada de “tosse brava” ou “tosse comprida”, é caracterizada como uma infecção respiratória grave causada pela bactéria Bordetella pertussis. Ela é transmitida principalmente pelo contato direto com gotículas eliminadas ao tossir, espirrar ou falar. O principal sintoma da doença são episódios de tosse incontroláveis.

Em crianças, principal grupo de risco, as crises podem levar à má oxigenação do sangue e, por consequência, à morte. A principal forma de prevenção contra a coqueluche, conforme o infectologista pediátrico Robério Leite, do Hospital São José de Doenças Infecciosas, é a imunização com a vacina pentavalente e a DPT.

“Se garantirmos uma boa cobertura vacinal nos grupos prioritários, como crianças até 5 anos de idade e gestantes, podemos conter os casos graves da doença”, disse o infectologista.

Ele aponta, no entanto, que a contenção de um surto é um desafio. “A globalização e o transporte aéreo facilitam a disseminação de doenças. Vimos na Europa um aumento significativo de casos de coqueluche, que se espalharam para o Brasil como um efeito dominó”.

As vacinas contra coqueluche integram o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. O esquema vacinal primário nos bebês é composto por três doses, aos 2, 4 e 6 meses, com a vacina pentavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b.

As doses de reforço com a vacina DTP (contra difteria, tétano e coqueluche), conhecida como tríplice bacteriana, são aplicadas com 15 meses e 4 anos. Além de bebês, gestantes e puérperas (mulheres no período de seis a oito semanas após o parto) podem receber a vacina.

Em todo o Brasil, a meta de cobertura da vacinação contra a coqueluche é de 95%. Até 1° de agosto, o Ceará contabiliza 92,32% da vacina Pentavalente e 92,36% de cobertura vacinal com o imunizante DTP.

Sintomas da coqueluche

O infectologista Robério Leite explica que identificar casos suspeitos também é fundamental nesse momento. “Quando ocorre um caso, deve-se investigar quantas pessoas tiveram contato com o paciente para fazer um bloqueio, tanto com vacinas quanto com o uso de antibióticos”.

Ele alerta para os sintomas, que podem se assemelhar com outras doenças respiratórias. “No final das crises de tosse, que acontecem várias vezes por dia, as crianças apresentam um som que parece um guincho. Às vezes, até vomitam”, comenta o especialista.

Esse esforço ao tossir pode levar à hemorragia cerebral, além de convulsões durante os episódios de falta de ar. “Isso ocorre mais em bebês, mas também pode ser grave em adultos, especialmente nos idosos”, adverte o infectologista Robério Leite. Por isso, logo nos primeiros sintomas em pessoas do grupo de risco é de grande importância se dirigir a uma unidade de saúde.

Os adultos, apesar de vacinados e de, em geral, não apresentarem sintomas mais graves que tosse persistente, podem transmitir a bactéria para pacientes mais vulneráveis. “Essas pessoas podem acabar transmitindo a doença para os bebês e gestantes, daí a importância da vacinação".

Campanha de vacinação em Fortaleza

A maior parte dos casos de coqueluche identificados no Ceará foram de pacientes de Fortaleza. Conforme dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), nos últimos 5 anos, até 2 de agosto de 2024, foram 5 casos confirmados:

Ano 2020: 2
Ano 2021: 0
Ano 2022: 0
Ano 2023: 1
Ano 2024: 2

Conforme a SMS, de janeiro a junho de 2024, 14.465 doses da vacina pentavalente foram aplicadas no Município. Na Capital, a vacina está disponível em todos os 118 postos de saúde.