Ceará registrou 673 casos de picadas de aranhas nos últimos dois anos

No ano de 2023 até junho de 2024, foram registrados 673 atendimentos por picada de aranha nas unidades da rede estadual de saúde do Ceará. Nenhuma morte foi registrada. Em 2023, foram 437 casos, e até junho deste ano foram registrados 254 acidentes por picada de aranha. Em ambos os anos, a faixa etária de 20 a 29 anos de idade foi a mais acometida, com 85 casos em 2023 e 57 em 2024.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), ocorreu um aumento de casos de janeiro a junho deste ano em comparativo com o mesmo periodo do ano passado. No primeiro semestre de 2023, foram registrados 204 acidentes causados por aranhas, com o mês de maio apresentando a maior quantidade, totalizando 59 ocorrências.

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Já no mesmo período de 2024, o número de acidentes foi de 243, com aumento de 39 casos, destacando-se o mês de abril. A Sesa destaca ainda que embora esses acidentes ocorram ao longo de todo o ano, são mais frequentes durante o período chuvoso e quente.

Segundo a Sesa, os acidentes provocados por aranhas são responsáveis pelo terceiro maior número de notificações de ocorrências com animais peçonhentos no Brasil. As aranhas capazes de causar acidentes graves ou mesmo óbitos, presentes no Brasil, são as aranhas-marrom (gênero Loxosceles), aranhas-armadeiras (gênero Phoneutria) e as viúvas-negras (gênero Latrodectus).

Acidentes causados por aranhas, ou araneísmo, são caracterizados por quadro clínico de intoxicação resultante da transmissão do veneno de aranha, por meio de um par de ferrões localizados na parte frontal do animal. Assim como os escorpiões, as aranhas são representantes da classe dos aracnídeos. As aranhas geralmente vivem em locais escuros e úmidos.

Segundo o Capitão Romário Fernandes do Corpo de Bombeiros, é essencial que a pessoa após ser picada por uma aranha mantenha a calma, pois dessa forma o veneno da aranha vai se dissolver com menor velocidade no corpo da pessoa.

"Ao detectar a picada de aranha o procedimento recomendado é lavar o local com água e sabão, sem necessidade de usar torniquete, pois nesse caso não tem efetividade. Além disso, é importante tentar manter a calma porque o nervosismo pode acelerar os batimentos cardíacos e acabar potencializando a circulação, podendo dessa forma acelerar a disseminação do veneno no corpo da pessoa", destacou o capitão.

Romário ressalta que quando a picada for na perna ou no braço a indicação é manter o membro elevado. "Então, se a picada for no braço mantenha esse membro elevado, mas se for na perna é importante a pessoa ficar deitada e manter a perna elevada, pois dessa forma a pessoa vai estar contrariando a gravidade, além de diminuir um pouco a velocidade de disseminação do veneno. Em seguida busque uma unidade de saúde mais próxima", informou o capitão.

Segundo o Ministério da Saúde, é preciso ficar atento aos tipos de espécies de aranhas que são mais frequentes em casos de acidentes, sendo as Loxosceles mais frequentes dentro de casas, armários, prateleiras, dentre outros locais secos e escuros. Outro tipo de aranha é Phoneutria, que costuma viver em palmeiras, bromélias e bananeiras, enquanto a aranha Latrodectus vive em jardins, parques, gramados e plantações.

Casos de picadas de aranhas nos municípios do Ceará

De acordo com a Sesa, entre os anos de 2014 e 2024 foi avaliado que no Ceará as aranhas do gênero Loxosceles (aranha-marrom) foram as que mais causaram acidentes, com 362 (27,24%) notificações distribuídas em 97 (52,71%) municípios.

Os municípios cearenses com maior número de notificações por Loxosceles (aranha-marrom) foram Fortaleza, com 114 ocorrências (31,40%), seguido de Sobral, com 21 (5,78%), e Limoeiro do Norte, com 15 (4,13%).

No levantamento realizado pela Sesa, também foi observado que a maioria dos acidentes por aranhas ocorreram na zona urbana (60,94%), enquanto (36,73) foram na zona rural e, por último, ficando a área periurbana, com apenas (1,01%).

Reações causadas pela picada de aranha

A Sesa destaca que cada pessoa ao ser picada por uma das espécies de aranha terá uma reação com sintomas diferentes; a picada de Loxosceles pode deixar a pessoa com as seguintes reações: dores leves, febre, mal-estar geral, fraqueza, náuseas, vômitos e mialgias.

Já no caso da picada da aranha Phoneutria, já é possível sentir uma dor imediata, sendo este o sintoma mais frequente, pois o Latrodectus pode deixar como sintomas dor na região da picada, sudorese generalizada e alterações de pressão e batimentos cardíacos.

Acidentes causados por outras aranhas podem ser comuns, mas não relevantes para a saúde pública, sendo os principais grupos pertencentes principalmente a aranhas que vivem em casas ou nas proximidades, como aranhas-caranguejo e aranhas de grama ou de jardim.

O Ministério da Saúde ressalta que é preciso prevenir casos de picadas de aranha para que não ocorram acidentes graves. E reforça que algumas atitudes simples podem ser feitas como medida de combate aos casos de acidentes com aranhas, como manter jardins e quintais limpos, vedar frestas e buracos em paredes, limpar periodicamente terrenos baldios, sacudir roupas e sapatos antes de calçá-los.

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