Cinzas de Clóvis Beviláqua recebem homenagens em Fortaleza e serão sepultadas em Viçosa

Homenagens foram prestadas em Fortaleza antes do sepultamento, com um cortejo pelos principais locais que Beviláqua frequentou em sua última visita ao Ceará

As cinzas de Clóvis Beviláqua e de sua esposa, a escritora Amélia de Freitas Beviláqua, retornaram ao Ceará e serão sepultadas no município de Viçosa, nesta sexta-feira, 26, às 16 horas. A data marca os 80 anos da morte do jurista cearense. No município, o sepultamento será na Praça Clóvis Beviláqua. Antes de se dirigirem a Serra de Ibiapaba, contudo, homenagens ao jurista já foram realizadas nesta quinta-feira, 25, em órgãos de Justiça em Fortaleza.

As cinzas passaram em cortejo pelo Fórum Clóvis Beviláqua, no bairro Edson Queiroz; na Sede da OAB/CE, no Guararapes; bem como na Academia Cearense de Letras (ACL) e no Instituto do Ceará, no Centro.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Conforme o presidente da comissão organizadora do cortejo, professor de Direito José Luís Lira, os locais foram escolhidos a partir dos locais em que o jurista frequentou em sua última visita ao Ceará, em 1935.

“Hoje é um dia histórico! Eu era da mesma região que ele e, desde menino, via estátua dele em Viçosa e sabia de sua importância para o Direito e para o Ceará. Estamos dando a visibilidade que Beviláqua merece”, comenta. As cerimônias de homenagem contaram com participação de profissionais do judiciário cearense, mebros da família do casal, bem como estudiosos da carreira de Clóvis Beviláqua. 

Nascido em Viçosa do Ceará, Clóvis Beviláqua é mais conhecido por ter sido o principal redator do Código Civil Brasileiro de 1916, primeiro código civil do Brasil. Beviláqua também escreveu diversas obras jurídicas e foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira nº 14.

Clóvis Beviláqua faleceu em 1944, no Rio de Janeiro. Originalmente, seus restos mortais e de sua esposa, Amélia de Freitas Beviláqua, estavam no Cemitério São Francisco Xavier (Cemitério do Caju), no Rio de Janeiro.

Conforme informou o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), algumas tentativas de trazer os restos mortais de Clóvis Beviláqua já foram realizadas. A primeira ocorreu em 1959. Décadas depois, em 2009, houve nova tentativa pelo TJCE. Em 2017, a Academia Cearense de Letras Jurídicas também solicitou. Em 2018 houve outra pela Academia Cearense de Direito e, em 2022, outra tentativa por meio do TJCE.

Saindo do Rio de Janeiro para acompanhar as homenagens aos avós, a professora Maria Cecília, neta de Clóvis Beviláqua, comenta a importância da atuação do TJCE para que seus familiares voltassem ao Ceará.

“Enfrentamos problemas com as taxas do cemitério em que eles estavam enterrados e a concessionária atual declarou que iria se apropriar dos jazigos. Eles iriam retirar os corpos do local. Então entramos em contato com o professor Lira, que prontamente nos ajudou a concretizar esse sonho de trazer os restos mortais para cá”, conta a neta.

No novo local de sepultamento, em Viçosa do Ceará, as cinzas do casal ficarão abaixo da estátua em homenagem ao jurista, na praça do município que também leva seu nome. O momento será aberto ao público.

Clóvis Beviláqua, o maior civilista brasileiro, empresta seu nome ao fórum da capital cearense, o Fórum Clóvis Beviláqua, e à Medalha Clóvis Beviláqua, maior honraria do poder judiciário cearense. “Clóvis foi uma grande figura nacional e um homem exemplar. Precisamos manter viva essa memória, relembrando e homenageando suas contribuições”, disse o presidente do TJCE, desembargador Antônio Abelardo Benevides.

Durante a cerimônia no Fórum, o presidente ainda ressaltou a importância da escritora Amélia de Freitas Beviláqua, que foi cremada e será sepultada junto ao marido. “Ela foi uma intelectual notável e parceira amada. Por isso, acho interessante que a gente também a homenageie. Dentro do Fórum que leva o nome do Clóvis, estamos preparando um espaço especial para ela”, disse o desembargador.

Advogada e escritora, Amélia foi a primeira mulher a se candidatar à Academia Brasileira de Letras, em 1930. Na época, contudo, a candidatura não teve apoio pelos outros “imortais”. Clóvis, em protesto, abandonou a ABL.

 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar