MPCE recorre de sentença dada a dois ex-desembargadores acusados de vender liminares
Órgão ministerial ingressou com um recurso de apelação na última quarta-feira, 17
22:44 | Jul. 25, 2024
O Ministério Público do Ceará (MPCE) solicitou a reforma parcial das sentenças que foram aplicadas contra dois ex-desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado (TJCE) acusados de vender liminares para benefício próprio. Órgão ministerial ingressou com um recurso de apelação na última quarta-feira, 17.
Conforme informações divulgadas pelo ministério, os dois ex-desembargadores foram alvos da “Operação Expresso 150”, deflagrada pela Polícia Federal estadual em 2015. Força tarefa investigou a venda de liminares em plantões judiciários envolvendo desembargadores do TJCE, advogados e traficantes.
Por meio da 94ª Promotoria de Justiça de Fortaleza, o MPCE recorreu nessa semana a sentença que absolveu um dos acusados e ainda a esposa dele, que também era investigada pela ação.
Na ocasião, a instituição pediu a modificação da resolução e a consequente condenação do ex-desembargador e de sua companheira por "corrupção passiva, praticada três vezes". Órgão utilizou como argumento o fato de que a absolvição "contraria as provas" que constam nos autos do processo.
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"O MP requer que as provas sejam analisadas em contexto, dando ênfase não somente aos documentos, mas também aos testemunhos", destacou órgão ministerial.
No recurso, o MPCE fundamenta também que as provas apresentadas "são robustas quanto ao recebimento de vantagens indevidas em troca de decisões liminares favoráveis proferidas pelo ex-desembargador", e que apontam que ação teria sido intermediada pela esposa dele.
Já no caso do outro ex-desembargador, ele foi condenado junto ao seu advogado, que teria envolvimento na ação, pelos crimes de corrupção passiva e ativa. O ministério considerou acertada a sentença, mas achou necessário ajustar a dosimetria da pena aplicada, que é o cálculo feito para definir a punição.
"No recurso, o MP requer que, para os dois, sejam negativamente valoradas as circunstâncias judiciais de culpabilidade, circunstâncias e consequências extrapenais, considerando-se a complexidade do esquema e que os crimes praticados não só abalaram a coletividade, sobretudo as pessoas envolvidas nas deliberações questionadas, como a confiabilidade das decisões proferidas pelo Tribunal", destacou MPCE.