Saiba detalhes da operação que mirou expansão de facção paraibana no Ceará
No último dia 4 de junho, a Polícia Civil do Ceará cumpriu mandados de prisão contra 22 suspeitos de integrar a facção "Nova Okaida", oriunda da Paraíba
06:00 | Jul. 17, 2024
A expansão da facção criminosa conhecida como “Nova Okaida” ou “NKD” da Paraíba para o Ceará data de meados de agosto de 2023. No dia 16 daquele mês, foi publicada uma música no site Youtube que anunciava a expansão da organização em municípios cearenses localizados na divisa com a Paraíba, como Ipaumirim e Baixio. “Quebrada de mil grau dentro de Ipaumirim / Se não fechar com a NOVA, tá pedindo pra cair / Dentro do Ceará a facção expandiu, levantando a bandeira” (SIC), dizia a letra do funk.
A música foi o ponto de partida de uma investigação da Polícia Civil do Ceará, batizada de operação "Continere". No último dia 4 de junho, foram cumpridos 20 mandados de prisão, sendo sete contra pessoas que já estavam presas.
Na última terça-feira, 9, a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE) contra 22 pessoas identificadas pela Polícia Civil como integrantes da facção paraibana.
O POVO teve acesso à denúncia e resume os principais achados da investigação, realizada pela Delegacia Municipal de Ipaumirim com apoio do Departamento de Polícia Judiciária do Interior Sul (DPJI-Sul).
Conforme a investigação, Fabrício Gomes Cândido, conhecido como Fabinho ou FB, era o principal chefe da facção em Ipaumirim e Baixio. Mesmo preso em uma penitenciária paraibana, ele continuava a coordenar o tráfico de drogas na região, afirmou o MPCE.
“Foi possível verificar que FB era administrador dos grupos de Whatsapp relacionados à organização criminosa, por meio dos quais repassava determinações aos membros da facção, através de ‘informativos’, definindo de quem a droga deveria ser adquirida, comunicando o afastamento de membros, fazendo cobranças, dentre outros assuntos”, consta na denúncia.
“Eu só tenho mesmo no Baixio meus três cantinhos lá que vendo droga lá, que é o menino do pó, da maconha e do óleo (...) Minhas quebradas mesmo é pro lado de Ipaumirim, entendeu?”, diz Fabrício em um dos áudio obtidos pela investigação, conforme descrito na denúncia do MPCE. Essas gravações datam de agosto de 2023.
A Polícia Civil ainda identificou que entre março e novembro de 2023, uma conta de Fabrício recebeu 604 transferências via Pix, que totalizaram mais de R$ 35 mil. “Além disso, efetuou 1.027 (mil e vinte e sete) transferências, totalizando R$ 35.166,74 (trinta e cinco mil cento e sessenta e seis reais e setenta e quatro centavos), movimentações totalmente incompatíveis para quem se encontra preso", afirmou o MPCE.
Fabrício respondia, em 2023, a uma ação penal como integrante da facção Guardiões do Estado (GDE), mas, ao ser transferido para a Colônia Penal Agrícola de Sousa/PB, teria passado a integrar a NKD.
Apesar disso, áudio de janeiro de 2024 aponta que Fabrício teria deixado a facção: “A cidade aí já tem um novo frente já (...) minha facção agora é apenas Deus, entendeu? A única ideia que eu sou é a ideia da minha família”, afirmou ele na mensagem.
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Outro homem que aparece nas investigações como tendo cargo de liderança na facção e que também teria movimentado uma grande quantia em dinheiro é Geraldo José Leite, conhecido como Dadinha ou DG, de 44 anos. De março a novembro de 2023, ele recebeu 2.698 transferências Pix, que movimentaram R$ 393.024,16, conforme o MPCE.
Já a esposa dele, Maria Celimar dos Santos — conhecida como Mazinha, de 42 anos, também denunciada pelo MPCE —, recebeu entre janeiro de 2022 e novembro de 2023, 866 Pix que somaram R$ 138.332,95. Geraldo estava preso e, conforme a investigação, continuava as atividades criminosas por meio da esposa. Ele também teria cargo de liderança na facção.
Na extração dos dados do celular apreendido, a Polícia Civil ainda encontrou um vídeo em que uma mulher castiga, com golpes de mangueira, uma adolescente, supostamente, a mando de Fabrício.
“É importante mencionar que a adolescente realizou uma live, via Instagram, confeccionado brigadeiro de maconha e uma das crianças que estava presente teria consumido a droga (…) e este seria o motivo da punição”, afirma a denúncia.
Saiba quem são os indiciados na operação Continere
Fabricio Gomes Cândido, Edilson da Silva Vieira, Geraldo José Leite, Emerson Mendes de Sousa, Antônio Amâncio da Silva Filho, Anderson Luiz de Lima, Carlos da Silva Luiz, Taíse Priscila Maciel Nunes, Maria Celimar dos Santos, Kerfesson Pereira da Silva, William de Sousa Moraes, Jefferson Freire dos Santos, Anderson Gonçalves Leandro, Athirson Duarte de Aquino, José Ednaldo Barbosa de Melo, Jessilene Freire dos Santos, Francisco Hércules Almeida Lima Campos, Cirilo Mateus de Lima Neto, Maria Adailsa de Sousa Correia, David dos Santos Nascimento, Renata Riani Lima dos Santos e Manuel Duarte Coelho.