Pesquisa cearense sobre uso de canabidiol no tratamento de TEA receberá investimento do CNPq

Estudo busca compreender nível de efetividade do composto químico no tratamento do transtorno; resultados devem ser divulgados no final do ano

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (Uece) sobre o uso de canabidiol no tratamento de Transtorno do Espectro Autista (TEA) receberá financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O estudo ficou entre os três mais bem avaliados do País no edital publicado em dezembro de 2023 e busca compreender os níveis de eficácia de uso do composto em pacientes com TEA.

A pesquisa será feita por meio da seleção de diversos artigos científicos já publicados sobre o tema, e análise dos diferentes conhecimentos contidos neles. Até o momento, cerca de 500 artigos já foram filtrados para estudo.

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O investimento do CNPq irá auxiliar o custeio de materiais tecnológicos e humanos para o progresso da pesquisa, como compra de softwares, pagamento de bolsas estudantis, além da contratação de bibliotecários e estatísticos que irão auxiliar na análise dos documentos. Ao todo, cerca de R$ 100 mil serão destinados ao projeto.

“Existe uma série de demandas que precisam de suporte financeiro. Para a gente fazer uma pesquisa de alta qualidade como a gente propõe, a gente precisa desses recursos”, explica o doutor em farmacologia e coordenador da pesquisa, Gislei Frota.

Pesquisa será levada até a comunidade

Iniciada em janeiro deste ano, a pesquisa se divide nas fases de levantamento das informações, que está em andamento e divulgação dos resultados, que deve ocorrer a partir de agosto. O objetivo da divulgação é levar as informações atualmente conhecidas sobre o uso da substância no tratamento de TEA a postos de saúde, escolas, universidades e demais locais públicos na Capital e no interior do Estado.

O objetivo do grupo de pesquisadores é de que, já em dezembro deste ano, os primeiros resultados da pesquisa possam ser transformados em publicações acadêmicas e em conteúdo para novas visitas educativas em municípios do Sertão Central e Inhamuns, Vale do Curu e Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Para Gislei, um dos diferenciais que garante a qualidade do conteúdo a ser levado para a população é a abrangência obtida a partir do método de pesquisa escolhido, que fornece informações sobre diferentes grupos sociais, casos e realidades no tratamento de pacientes com o transtorno.

“Digamos assim: aqui no Brasil tem um ensaio clínico de 100 pessoas. O poder estatístico de 100 pessoas é muito pequeno. Mas nos Estados Unidos tem três de 200 pessoas, na Europa tem 20, na Austrália tem mais 10 trabalhos… então a gente junta esses pequenos ensaios clínicos e é como se a gente fizesse um grande ensaio clínico com todos eles. Um trabalho só é 100 pessoas, numa metanálise a gente consegue agregar, às vezes, um milhão de pessoas”, explica o professor do curso de medicina da Universidade.

Diagnósticos de TEA têm se tornado mais frequentes

Segundo pesquisa do Centro de Prevenção de Transtornos e Doenças (em inglês, Centers for Desease Control and Prevention), órgão governamental dos Estados Unidos, uma a cada 36 crianças no País foi identificada com transtorno do espectro autista. No início dos anos 2000, o percentual era de uma a cada 150 pacientes.

Segundo o farmacologista, o crescimento no número de diagnósticos pode ser atribuído a um maior número de profissionais na área, melhor disseminação de informações sobre o assunto, bem como inclusão de outras condições em quadros de TEA.

Ainda de acordo com o levantamento, o transtorno é mais comum entre o sexo masculino, com incidência quadro vezes maior entre meninos.

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