Castanhão, Orós e Banabuiú têm liberação de água definida até 2025

Valores das vazões dos maiores açudes do Ceará foram definidos para atender a demandas locais de abastecimento humano, uso na indústria e demais usos até o final de janeiro de 2025

10:29 | Jul. 09, 2024

Por: Mirla Nobre
A VAZÃO aprovada no açude Castanhão foi de 17.000 l/s (foto: Júlio Caesar)

As águas dos três maiores açudes do Ceará — Castanhão, Orós e Banabuiú — tiveram os valores das vazões médias de operação definidas até o fim de janeiro de 2025, início da próxima quadra chuvosa no Estado. A distribuição foi aprovada em reunião pelos Comitês das sub-bacias do Jaguaribe (Alto, Médio e Baixo), do Banabuiú e do Salgado durante o 31º Seminário de Alocação das Águas dos Vales do Jaguaribe e Banabuiú, em Quixadá, na quinta-feira passada.

Os valores foram definidos a partir da demanda local, além da oferta de cada açude. As distribuições das águas são direcionadas, principalmente, para a atividade produtiva, como a indústria, e para o abastecimento humano dos municípios que compõem as regiões que vão receber o aporte de julho a janeiro próximo.

De acordo com o diretor de Operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Tércio Tavares, a partir do cenário de cada região, os representantes da sociedade civil e poderes públicos buscam analisar os cenários de esvaziamento de cada reservatório. “A Cogerh coloca os limites máximos, intermediários e mínimos e depois a sociedade discute até chegar nos valores das vazões”, explica.

Os cenários de liberação de água dos reservatórios foram apresentados pelos técnicos das Gerências Regionais da Cogerh após estudos de demanda e evaporação. No Castanhão, por consenso, a vazão aprovada foi de 17.000 l/s (litros por segundo), sendo: 4.892 l/s para bombeamento do Eixão das Águas e 11.802 l/s para a perenização do rio Jaguaribe.

No açude do Orós, a vazão aprovada foi de 4.500 l/s, sendo 1.000 l/s para o trecho Orós – Lima Campos; 800 l/s para o trecho Orós – Feiticeiro; 2.525 l/s para o rio e 175 l/s para demandas a montante (acima) do reservatório. A água deve ser destinada para o abastecimento humano, irrigação, dessedentação aimal e aquicultura.

Único com definição por meio de votação, o açude Banabuiú teve vazão aprovada de 3.300 l/s, sendo 30 l/s para a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) Ibicuitinga, 10 l/s para os Sistemas de Abastecimento Rural, 640 l/s para o Programa de Valorização Rural do Baixo e Médio Jaguaribe (Promovale), região do rio Banabuiú que vai do açude até o Perímetro Irrigado de Morada Nova (Pimn), 1800 l/s para Pimn e 400 l/s para Jusante Morada Nova (múltiplos usos).

Na área da bacia hidráulica serão destinados 110 l/s para abastecimento humano e 10l/s para usos múltiplos. O custo de transporte ficou em 300l/s. “Os maiores consumidores são produtores, tanto de agricultura como pecuária, mas também temos pequenos usuários, mas em menor quantidade”, ressalta Tércio.

Uma das análises das vazões definidas é a mudança do ano passado para este ano na liberação das águas. O açude Banabuiú saiu de uma alocação do ano passado de 1,7 m³/s para 3,3 m³/s. O Orós diminuiu saindo de 5,2 m³/s para 4,5 m³/s. O Castanhão, por sua vez, também registrou uma queda, saindo de 18 m³/s para 17 m³/s.

A definição dos valores também levou em consideração o aporte final após a quadra chuvosa, onde o Ceará atingiu a quinta melhor reserva hídrica em 15 anos, com 56,91% da capacidade de armazenamento. No começo da estação chuvosa, em fevereiro, o percentual era de 37%.

O melhor percentual hídrico do Estado na estação chuvosa aconteceu em 2009, quando foram registrados 89,5% da capacidade. Em seguida, os melhores cenários foram observados nos anos de 2011, com 81,3%; 2010, com 67%; e 2012, com 62,5%.

“As nossas reservas ultrapassaram 50%. Parou as chuvas e começou a evaporação, mas ainda estamos em 57% da nossa capacidade hídrica que nos dá uma garantia de, pelo menos, dois anos de garantia de água. Mas, ano a ano, nós vamos analisando esses números. Se a previsão de quadra chuvosa for menor, a gente já oferece uma quantidade de água menor e cortando algumas demandas”, disse o diretor da Cogerh.

Conforme o professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC), Francisco de Assis Filho, a reunião discute a alocação negociada, que completou 30 anos no último dia 5.

Ela é um modelo de planejamento para decidir a divisão da água. Assis afirma que o modelo tem o objetivo de saber o quanto de água é guardada para o futuro no enfrentamento de possíveis secas e quanta água será utilizada neste ano para os diferentes usos.

Ainda segundo Assis, esse planejamento leva em consideração os dois cenários do Estado, sendo o primeiro semestre com chuvas e o segundo com poucas ou quase nenhuma precipitação, ou seja, seco.

“A decisão busca analisar também o quanto de água será utilizada nesse semestre. A gente também não pode utilizar toda a água do reservatório porque não sabemos o cenário do próximo ano. É preciso fazer uma avaliação do que vai acontecer”, explica.

Confira a definição de cada açude

Castanhão

Liberação de 17.000 l/s, sendo: 4.892 l/s para bombeamento do Eixão das Águas e 11.802 l/s para a perenização do rio Jaguaribe.

Orós

A vazão aprovada foi de 4500 l/s, sendo 1.000 l/s para o trecho Orós – Lima Campos; 800l/s para o trecho Orós – Feiticeiro; 2.525 l/s para o rio e 175 l/s para demandas a montante (acima) do reservatório.

Banabuiú

A vazão total aprovada foi de 3.300 l/s, sendo 30 l/s para Cagece Ibicuitinga, 10 l/s para Sistemas de Abastecimento Rural, 640 l/s para Promovale, região do rio banabuiú que vai do açude até o Perímetro Irrigado de Morada Nova (Pimn), 1800 l/s para Pimn e 400 l/s para Jusante Morada Nova (múltiplos usos). Na área da bacia hidráulica serão destinados 110 l/s para abastecimento humano e 10 l/s para usos múltiplos. O custo de transporte ficou em 300 l/s.