Especial Anuário 2024-2025: Alex Santiago fala sobre a gestão do Fortaleza

Alex Santiago, presidente do Fortaleza Esporte Clube (FEC), é o 16° entrevistado do Especial Anuário do Ceará 2024-2025, apresentado pelo editor-geral do Anuário, Jocélio Leal. Reprise será nesta sexta-feira, 28, às 8 horas

19:04 | Jun. 27, 2024

Por: Gabriel Gago
O editor-geral do Anuário do Ceará, Jocélio Leal, ao lado do presidente do Fortaleza EC, Alex Santiago. Entrevista ao programa Especial Anuário do Ceará 2024-2025 (foto: Gabriel Gago/O POVO)

Alex Santiago, presidente do Fortaleza Esporte Clube (FEC), é o 16° entrevistado do Especial Anuário do Ceará 2024-2025, apresentado pelo editor-geral do Anuário, Jocélio Leal. A reprise do programa será às 8 horas desta sexta-feira, 27, no Canal FDR

Para Alex, os resultados do clube são fruto de objetivos a médio e longo prazo. "Isso tudo é retrato de um processo. A gente tem feito essas experiências sul-americanas não por ser algo modista, ou porque é bacana ter passaportes estrangeiros do clube, mas é uma alternativa de mercado dentro do futebol hiperinflacionado do Brasil."

Ele ressalta que no Fortaleza, em comparação aos outros grandes clubes brasileiros como Atlético Mineiro, Flamengo, Palmeiras e Bahia (Grupo City), a limitação do orçamento não permite disputar a contratação de grandes nomes locais.

Como o Brasil tem uma moeda mais forte do que outros países sulamericanos, o Fortaleza vai atrás de clubes como o Cerro Porteño (Paraguai), Racing Club (ARG) e Club Atlético Independiente (ARG).

Hoje, o Fortaleza tem de 12 a 13 estrangeiros, majoritamente argentinos, distribuídos entre atletas, comissão técnica e staff. 

"Temos tido aprendizados importantes com novas culturas no futebol. Isso é pensado sob uma lógica de ganho esportivo mas também de competitividade do Fortaleza neste mercado. Estamos fazendo uma simbiose. O Fortaleza está se tornando um clube com DNA diferenciado, porque estamos sabendo receber melhor os estrangeiros."

O presidente gosta de dizer que os argentinos "são os profissionais da bola", porque cumprem os contratos, chegam com disposição para trabalhar, cumprem as regras do clube.

"O jogador brasileiro é mais talentoso que o argentino, sem dúvidas. Porém, o argentino tem uma disciplina e tem um profissionalismo que é muito importante também. No Brasil também temos, mas o argentino tem uma cultura de respeito às regras, disciplina que faz muito bem à atmosfera de um clube internamente."

Em nenhum momento, de acordo com o gestor, a rivalidade futebolística entre Brasil e Argentina foi um empecilho. 

Um padrão que não se perde

Para Alex Santigo, o clube perde o padrão a partir do momento que as diretrizes não caminham corretamente. 

"Enquanto as pessoas que estiverem à frente do clube não se deixarem lidar pelas intempéries do futebol, porque muitas vezes quem está à frente são os torcedores, que estão sujeitos à paixão, raiva e euforia. A gente não pode deixar isso contaminar a tomada de decisão."

Lembra que, em 2022, o Fortaleza EC ficou quatro meses na lanterna da Série A do Campeonato Brasileiro. A pressão da torcida e até da diretoria era, naquela época, pela demissão do argentino Juan Pablo Vovjvoda.

"Defendemos a permanência dele porque estávamos todos os dias na beira do campo assistindo aos treinos, e a gente via que o trabalho era bom, mas os resultados não estavam acontecendo por uma série de fatores, como excesso de calendário, o grupo era enxuto, a gente jogando pela primeira vez uma Libertadores e Brasileirão. A gente soube entender esses elementos e não fizemos o mais simples. Quando a gente demite um treinador, o problema do treinador acabou, mas o nosso problema está lá no outro dia, dentro do clube." 

Trabalhar em clubes nordestinos

Alex revela que muitos treinadores brasileiros arranjam motivos para não trabalharem no Nordeste. "Não sei se pela fama dos gestores, não sei se por uma questão logística. Mas não é achismo. É experiência no próprio mercado", ressalta. 

A alternativa encontrada pela gestão do Fortaleza foi a procura de um treinador estrangeiro, que, segundo ele, tinha a perceção de estar em evidência na liga brasileira.

"Muitos treinadores do eixo Rio-São Paulo não querem vir para o Nordeste, é um direito, livre mercado, mas também temos o livre direito de buscar treinadores estrangeiros. Temos condições de fazer o mesmo que eles. Não somos menos do que eles."  

Papel do presidente, do CEO e o desenho de SAF no Tricolor

No fim de 2023, o Fortaleza Esporte Clube (FEC) aderiu ao modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Como presidente, Alex está à frente da valorização, licenciamento e proteção da marca do clube, além das 19 modalidades presentes, e representa o Fortaleza institucionalmente em ações de responsabilidade social ou afins. 

Já Marcelo Paz, antigo presidente do clube, agora atual diretor-executivo da área do futebol do FEC, é responsável pelo marketing, comercial, licenciamento de produtos e a escuta de sugestões de sócios-torcedores.

"Ele sabe que eu não consigo me afastar do gramado. Sem ego, sem exposição por conta de cargo, ele permite bastante que eu esteja, do ponto de vista prático, à frente do futebol do clube, gerenciando com a diretoria", afirma Alex.

"A gente precisa desmistificar da cabeça do torcedor brasileiro que a SAF é derramamento de dinheiro e títulos. SAF é um meio para capitalizar o clube. Se essa capitalização vai ser bem-sucedida ou não, depende da gestão", adiciona. 

Alex afirma que o Fortaleza não tem, no momento, pressa para compra de ações ou investimentos externos. Hoje, o clube é capaz de se autosustentar. E adianta: "Qualquer oferta que tenhamos de compra de ações do clube será decidida em assembleia geral pelos sócios-torcedores". 

Serviço

Especial Anuário do Ceará 2024-2025

Episódio 16 - Alex Santiago

Quando: sexta-feira, 28/6, às 8 horas

Canal FDR na TV: 48.1 (sinal digital aberto); 23 (sinal fechado - Multiplay); NET 24 (SD) e 523 (HD); 138 (Brisanet)

Canal FDR na internet: fdr.org.br/canalfdr/

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