Ceará tem primeiro paciente confirmado com febre oropouche; entenda doença 

O caso ocorreu em maio e o paciente já está curado. Sintomas da doença são parecidos com dengue e chikungunya. Febre oropouche também é transmitida por mosquitos

17:14 | Jun. 24, 2024

Por: Ana Rute Ramires
Bactéria wolbachia é usada para combater dengue (foto: © Flávio Carvalho/WMP Brasil/Fiocruz)

Pela primeira vez, um paciente foi confirmado com febre oropouche no Ceará. Caso ocorreu em maio, mas foi confirmado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), na última sexta-feira, 21. O paciente está curado.

A transmissão da febre oropouche é feita principalmente por mosquitos. Os sintomas são parecidos com dengue e chikungunya.

Conforme a secretaria, o paciente de 53 anos, residente do município de Pacoti, foi atendido com suspeita clínica de dengue e chikungunya.

Durante investigação laboratorial, foram descartadas dengue, zika e chikungunya. Isso após exames realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-CE). 

De acordo com o secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antonio Silva Lima Neto (Tanta), a vigilância epidemiológica estadual está apurando o caso para identificar a origem da transmissão.

"Esse momento é de investigação do caso, uma verificação retrospectiva em que a gente tenta avaliar se de fato foi um caso isolado, realmente de ciclo silvestre, ou se ocorreu uma transmissão, um pequeno surto na localidade", explica.

Saiba mais sobre a febre oropouche 

A transmissão da febre oropouche é feita principalmente por mosquitos, conforme o Ministério da Saúde. Depois de picar uma pessoa, o vírus permanece no sangue do mosquito por alguns dias. Quando esse mosquito pica outra pessoa saudável, pode transmitir o vírus.

O diagnóstico da doença é clínico, epidemiológico e laboratorial.

Sintomas:

- Dor de cabeça

- Dor muscular

- Dor nas articulações

- Náusea

- Diarreia

Como se prevenir: 

– Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente nas áreas expostas da pele.

– Manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas.

– Se houver casos confirmados na sua região, seguir as orientações das autoridades de saúde local para reduzir o risco de transmissão, como medidas específicas de controle de mosquitos.

A orientação da Sesa em caso de sintomas suspeitos é procurar o posto de saúde mais próximo ou uma Unidade de Pronto Atendimento 24h (UPA 24h) imediatamente e informar sobre sua exposição potencial à doença.

Segundo o MS, não existe tratamento específico. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico. 

Vetores da doença 

O mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é considerado o principal transmissor no ciclo selvagem.

No ciclo urbano, ele também é o principal vetor. No entanto, há ainda o mosquito Culex quinquefasciatus, comumente encontrado em ambientes urbanos, que pode ocasionalmente transmitir o vírus da febre oropouche.

Histórico da febre oropouche no Brasil 

A febre oropouche registrou mais de 6,6 mil casos no Brasil neste ano, a maioria em estados da região Norte, concentrados no Amazonas e em Rondônia.

Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, o Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) foi isolado pela primeira vez  em 1960. Identificação foi feita a partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça (Bradypus tridactylus) capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília.

Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica.