Docentes das universidades federais do CE aceitam proposta do Governo após dois meses em greve
O movimento paredista, contudo, só será encerrado após a assinatura do acordo com o Governo Federal
16:15 | Jun. 21, 2024
Em assembleia realizada na manhã desta sexta-feira, 21, docentes da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) decidiram pela saída coletiva e mobilizada da greve, vinculada à assinatura do acordo com o Governo Federal. Somente após esta etapa, que deve ser realizada em julho, o movimento paredista, deflagrado em abril, será encerrado.
A decisão dos membros do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (Adufc) ocorre após professores e técnicos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) aceitarem as propostas apresentadas pelo Governo Federal.
A iniciativa será encaminhada ao Comando Nacional de Greve (CNG) do Sindicato Nacional (Andes), que representa a categoria nas negociações com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). Após a assinatura do acordo com o Governo, a Reitoria da UFC convocará o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) para definir o novo Calendário Universitário.
A assembleia docente ocorreu presencialmente no jardim da Reitoria da UFC, no bairro Benfica, em Fortaleza, e por meio de transmissão ao vivo para os campi do interior. Na votação, os professores entenderam que as propostas do Governo foram limitadas, no entanto, representam conquistas do movimento grevista. Foram 107 votos a favor da saída, 58 pela continuidade da greve e sete abstenções.
O sindicato aceitou a proposta do Governo Federal apresentada no dia 25 de maio, que consiste em um reajuste salarial de 0% em 2024, 9% em 2025 e 3,5% em 2026.
No entendimento da Diretoria da Adufc, Irenísia Oliveira, ainda que os ganhos fossem limitados, houve conquistas para os professores, principalmente no que diz respeito ao reconhecimento do setor da Educação como uma força social relevante e que precisa ser ouvida e considerada pelos governos.
“Tudo que conseguimos, embora insuficiente, foi por causa da greve. A nossa categoria é muito diversa, de realidades muito diversas. É assim que construímos a democracia, sabendo ouvir, modulando as falas, respeitando a fala do outro. Vejo como um momento de grande riqueza”, explicou a titular do sindicato.
Na última segunda-feira, 17, os membros do sindicato realizaram uma assembleia a fim de discutir a avaliação geral da greve e a análise de conjuntura. Na ocasião foram apresentadas as conquistas obtidas pelos docentes desde o dia 19 de abril, data em que o movimento paredista foi iniciado.
Dentre os feitos estão a recomposição parcial do orçamento das instituições federais; a conquista de 5.600 bolsas permanência para estudantes indígenas e quilombolas; a implementação do reajuste de benefícios, como auxílio alimentação, auxílio saúde suplementar e auxílio-creche; e o início da Mesa Setorial Permanente de Negociação do Ministério da Educação (MEC).