Festival Ceará Sem Fome marca 13 milhões de refeições entregues em um ano
Refeições são distribuídas diariamente por voluntários em cozinhas solidárias nos 184 municipios do Estado para pessoas em situação de vulnerabilidadeO total de 13 milhões de refeições foram distribuídas pelo Ceará Sem Fome, programa do Governo do Ceará, desde o lançamento no ano passado.
O número foi divulgado pela coordenadora do programa e primeira-dama do Estado, Lia de Freitas, durante o primeiro Festival Ceará Sem Fome, realizado neste sábado, 15, no Centro de Eventos, em Fortaleza.
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O salão Mundaú, do Centro de Eventos, recebeu cerca de 3 mil cozinheiras e cozinheiros voluntários para comemorar a atuação deles, que trabalham há um tempo e outros que iniciaram, recentemente, no preparo e entrega das refeições para quem necessita, diariamente, do alimento para viver.
Ao todo, 120 cozinhas foram selecionadas para produzir as refeições distribuídas no evento. Aos 80 anos de idade, a voluntária Socorro da Silva atua, há 41 anos, no preparo das refeições no bairro José Walter, na Capital.
“Eu vivo dentro de uma comunidade e vejo a necessidade que tem a cada um do nosso povo. Estamos ajudando aquele mais carente, aquele que tem mais necessidade. Antes do Ceará Sem Fome, a gente já fazia as refeições porque o objetivo sempre foi ajudar os necessitados. Não podia ver tantas pessoas precisando e não ter quem fizesse nada”, comenta a cozinheira.
Desde os nove anos de idade, o cozinheiro João Nilson, 24, acompanha ações voluntárias no município de Iguatu, a 361,1 quilômetros de Fortaleza, por meio da distribuição de sopão ao público mais vulnerável.
O local, que funciona dentro da igreja, passou a integrar o programa no ano passado e a preparar os alimentos para a distribuição.
“É triste você ver uma pessoa com fome e não poder ajudar. É um ato de amor. O programa veio para nos auxiliar e todo dia a gente faz um gesto de amor, que é entregar um prato de comida”, conta.
Uma das cozinhas em atuação em Fortaleza é a Cozinha Solidária do Gengibre, no bairro Manoel Dias Branco, casa da voluntária Audisia de Oliveira, 38, e que, atualmente, virou uma Unidade Social Produtora de Refeições (USPR), por meio do programa.
“Foi uma proposta e uma forma de sair da minha ansiedade. Vou fazer o meu melhor, que é cozinhar e ajudar o próximo. É gratificante”, disse.
Ao todo, por meio do programa, o Estado tem 1.080 unidades. Presente no evento, o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), anunciou a ampliação do número de cozinhas a partir de julho.
“Nós estamos discutindo a ampliação do número de cozinhas e beneficiários. Queremos ampliar a partir de julho", afirma.
Durante a fala oficial do evento, o gestor estadual informou que foram investidos mais de R$ 400 milhões no programa para apoiar as cozinhas, que já atuavam no Estado.
“Nós prorrogamos o Ceará Sem Fome por seis meses, podem se preparar, enquanto tiver cearense passando fome, vai ter apoio às cozinhas do Ceará Sem Fome até o final do nosso governo”, disse.
No ano passado, o Ceará fez parceria com 24 unidades gerenciadoras, que são organizações sem fins lucrativos já experientes em gestão de projetos governamentais, e que recebem recursos do Estado e distribuem a verba para o funcionamento das cozinhas.
As unidades funcionam divididas em lotes por bairros, em Fortaleza, e por municípios no Interior do Estado.
As entidades parceiras recebem o valor de R$ 7,31 para cada refeição produzida, sendo R$ 5,87 para insumos e custo operacional e R$ 1,44 para custeio da unidade gerenciadora. O objetivo das cozinhas é combater a fome.
O Ceará conta com 3,4 milhões de pessoas com algum grau de insegurança alimentar, de acordo com as estimativas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada em abril passado.
Cultura alimentar como destaque na primeira edição
Da escolha dos alimentos até o preparo final da refeição, além do reaproveitando, foram destaques na programação do primeiro Festival Ceará Sem Fome.
As atividades que colocaram a culinária popular no centro da atenção do evento foram distribuídas nos espaços do festival realizadas nos seguintes stands: Ceará Sem Fome; Padaria Show; Cozinha Show; Cozinha em Movimento; Parceiros do Movimento; Agricultura Familiar; e Praça de alimentação.
Uma das atividades principais foi o preparo das refeições com as convidadas Bela Gil, culinarista e apresentadora, e da empreendedora social e fundadora do projeto Favela Orgânica, Regina Tchelly, que preparam, ao lado de voluntárias do programa, refeições com dicas de preparo para uma alimentação saudável e do aproveitamento eficiente do alimento para garantir a segurança alimentar.
Para a culinarista Bela Gil, o papel das cozinhas e de quem atua nas unidades é transformador.
“Os voluntários exercem um papel fundamental na vida das pessoas que é garantir um direito básico, à alimentação adequada e saudável. Admiro muito o Ceará Sem Fome e acredito que ele deve ser replicado para o Brasil inteiro, porque só assim a gente consegue concretizar a boa alimentação”, defendeu.
Em atuação na cozinha solidária Maria de Lourdes, no Parque Dois Irmãos, em Fortaleza, a cozinheira, de 56 anos, que leva o nome da unidade, disse que foi enriquecedor compartilhar aprendizados e adquirir novos com um propósito em comum: levar uma boa refeição para quem precisa.
“A gente não sabe o que é ter fome. Quem vivencia isso todos os dias, às vezes, quando recebe, beija a quentinha emocionada por ter aquela refeição”, conta.
Capacitação e auxílio às cozinhas
No último dia 12, um novo eixo de atuação do programa Ceará Sem Fome do Governo do Ceará foi lançado. A etapa prevê a capacitação dos beneficiários do programa e colaboradores das cozinhas por meio de cursos profissionalizantes e empreendedorismo.
Cerca de 53 mil famílias em situação de extrema pobreza recebem, mensalmente, o valor de R$ 300 para aquisição de alimentos.
“Nós vamos dar a ela uma formação para uma vaga de emprego que tenha na cidade. Vamos bater na porta dessas famílias e vamos encontrar uma pessoa com espírito empreendedor para fazer uma formação, o que ela quiser. Vamos colocar R$ 56 milhões para colocar essas pessoas em formação”, disse Elmano.
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