Fim da quadra chuvosa: por que os açudes pararam de encher no Ceará

Oito das 12 regiões hidrográficas do Ceará registraram oscilação negativa na quantidade de água acumulada desde o início do mês. Boa temporada de chuvas garante abastecimento ao Estado nos próximos cinco anos

As chuvas não cessaram totalmente, mas a quadra de chuva se encerrou oficialmente no Ceará. Com isso, o ciclo dos açudes, que passaram quatro meses acumulando carga d'água, começa a reverter, secando até a próxima temporada de chuvas.

A oscilação negativa ainda é tímida, de 0,1% no Estado. Mas oito das 12 regiões hidrográficas já registraram redução no volume dos açudes. Nesta terça-feira, 11, o Ceará está com 56,82% da capacidade hídrica dos 157 maiores reservatórios, monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).

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Mesmo após o fim da quadra chuvosa, 41 açudes ainda estão sangrando. Ao todo, 76 reservatórios chegaram a 100% da capacidade em 2024. Em abril, eram 72 vertendo ao mesmo tempo, o que representou a melhor marca desde 2009. Esse volume é resultado da temporada mais chuvosa em 15 anos. Segundo a Cogerh, o aporte deste ano garante o abastecimento hídrico da Grande Fortaleza pelos próximos cinco anos.

Mas ao contrário da quadra chuvosa (fevereiro a maio), os demais meses do ano tendem ao arrefecimento do volume pluviométrico, o que gera a redução do volume dos açudes. Junho faz parte da chamada "pós-quadra chuvosa", em que as chuvas são afetadas pelas "ondas de leste", que podem atingir principalmente o centro-norte do Estado.

Até agora, em junho, choveu cerca de 21,5 milímetros no Estado, ante a média mensal de 37,2 mm, segundo dados preliminares da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Ou seja, já choveu 58% do esperado para todo o mês. O valor, porém, é bem inferior às médias históricas do período entre fevereiro e maio: 121,3 mm, 206,5 mm, 190,7 mm e 90,7 mm.

Onde os açudes ainda estão pegando carga em junho

Em junho, apenas uma região hidrográfica já teve variação significativa no volume dos açudes. Aliás, do açude. Trata-se da Serra da Ibiapaba, cujo único reservatório monitorado, o Jaburu I, em Ubajara, encheu 1,3 ponto percentual. Tinha 73,2% da capacidade, agora tem 77,9%.

As oscilações positivas vieram nas bacias do Banabuiú (0,1%), Curu (0,3%) e Metropolitana (0,5%).

Já entre os três maiores reservatórios do Ceará, dois registraram redução de carga em junho, enquanto um pegou água. O Castanhão (Alto Santo) perdeu 0,16 ponto percentual e o Orós (Orós) caiu 0,48. Já o Banabuiú (Banabuiú) encheu 0,21 ponto percentual, atingindo o melhor volume desde fevereiro de 2013.

Completa a lista de maiores açudes o Paulo Sarasate, popularmente conhecido como Araras, em Varjota. O reservatório está por volta dos 100% dos seus 859,53 hectômetros cúbicos (hm³) há mais de dois meses. São quase 86 bilhões de litros d'água, o suficiente para encher 343.600 piscinas olímpicas.

Açudes sangrando no Ceará (11/6/2024)

Acarape do Meio, Acaraú Mirim, Amanary, Aracoiaba, Arrebita, Caldeirões, Catucinzenta, Cauhipe, Caxitoré, Diamante, Diamantino II, Ema, Fogareiro, Forquilha, Frios, Gerardo Atimbone, Germinal, Itapajé, Itapebussu, Itaúna, Jatobá II, Jenipapo, Jerimum, Malcozinhado, Mundaú, Pacajus, Pesqueiro, Poço do Barro, Poço Verde, Premuoca, Quandú, Quixeramobim, Riacho do Sangue, São José I, São José III, São Pedro Timbaúba, São Vicente, Sitios Novos, Sobral, Tijuquinha, Tucunduba, Umari
e Várzea da Volta

Fonte: Resenha Diária da Cogerh

Situação hídrica das regiões hidrográficas (11/06/2024)

  • Acaraú - 95,9% (15 açudes)
  • Alto Jaguaribe - 70,2% (24 açudes)
  • Baixo Jaguaribe - 100% (1 açude)
  • Banabuiú - 45,3% (19 açudes)
  • Coreaú - 99,7% (10 açudes)
  • Curu - 71,9% (14 açudes)
  • Litoral - 99,7% (10 açudes)
  • Metropolitana - 84,8% (23 açudes)
  • Médio Jaguaribe - 37,2% (15 açudes)
  • Salgado - 68,6% (15 açudes)
  • Serra da Ibiapaba - 77,9% (1 açudes)
  • Sertões de Crateús - 23,8% (10 açudes)

Ceará - 58,8% (157 açudes)

Fonte: Portal Hidrológico do Ceará

 

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