Novo secretário de segurança do Ceará tem passagens pelo Rio e Espírito Santo

Novo comandante das forças de segurança do Estado já pediu afastamento da pasta no Rio de Janeiro e foi exonerado em meio ao crescimento da violência no Espírito Santo

Com a saída de Samuel Elânio do comando da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), o delegado Roberto Sá foi anunciado como o novo titular. Com especialização e pós-graduação na área, Roberto teve experiências no cargo de chefe de segurança do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, estados onde acumula saídas em meio ao crescimento da violência.

A primeira das funções foi no estado carioca, onde atuou entre 2016 e 2018. O fim da passagem foi decretado em fevereiro de 2018, quando Roberto pediu afastamento do cargo após o governo Michel Temer decretar intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro.

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Os últimos meses de Roberto à frente da segurança do Rio foram marcados por um crescimento da violência. Um caso em específico ganhou notoriedade à época, quando sete pessoas foram mortas durante operação conjunta da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) e do Exército no município de São Gonçalo, região metropolitana do Rio.

A polêmica em volta do caso se construiu após a PCERJ e o Exército negarem a autoria dos disparos que vitimaram frequentadores de um baile funk no complexo de favelas do Salgueiro. Quando questionado pela imprensa local à época, Roberto afirmou confiar no trabalho da Divisão de Homicídios de Niterói e de São Gonçalo (DHNSG), então responsável pela investigação do caso.

Em entrevista à TV Globo, horas após o anúncio de sua saída da Secretaria, Roberto relembrou alguns trabalhos realizados por ele no comando da pasta e criticou a falta de orçamento para a segurança no Estado.

"Fui o criador do RAS, do sistema de metas, da RISP e um dos precursores da UPP. Só que acabou o dinheiro, e a gente continuou até porque o Rio merecia. Essa necessidade de, no momento mais crítico da história do País e do Rio de Janeiro financeiramente, evitar o mal maior, o que foi evitado: greves foram evitadas, caos maiores foram evitados, para agora poder fazer uma transição e passar para um momento de melhora", disse Roberto ao RJTV.

Atuação no Espírito Santo

Nomeado em 2019, Roberto Sá ficou um ano e três meses à frente da pasta de segurança do Espírito Santo, até o rompimento em abril de 2020. Ao final de seu primeiro ano de comando, o Estado apresentou redução de 11% no número de homicídios.

Os bons números antecederam uma onda de problemas que resultaria na sua exoneração, quatro meses depois. No primeiro quadrimestre de 2020, o Espírito Santo bateu recordes de assassinatos.

Em março, por exemplo, foram registradas 143 mortes do tipo no Estado, número 66% maior que o mesmo mês do ano anterior, quando Roberto acabara de assumir. O índice também supera fevereiro de 2017, quando as forças de segurança paralisaram atividades e 130 homicídios foram registrados.

O confronto entre grupos de crime organizado também foi um problema para a gestão do delegado em áreas capixabas. Conforme material publicado pelo jornal A Gazeta, do Espírito Santo, o isolamento social durante o início da pandemia de Covid-19 foi um dos fatores para o acirramento da briga por território para o tráfico e aumento do número de mortes.

Ainda conforme o veículo, 347 pessoas foram mortas no Espírito Santo durante o primeiro trimestre daquele ano. O número é 22% maior que o mesmo recorte de 2019.

Os conflitos resultaram em insegurança para a população. Com apedrejamento de veículos, queimas de ônibus e toque de recolher em alguns bairros na capital, Vitória, o cenário se tornou cada vez mais complicado para a gestão de Sá.

Após a saída, o gestor recém exonerado se disse surpreso pela decisão e afirmou que estava confiante na reversão do quadro de criminalidade. Ele foi mais um a atribuir o crescimento nas mortes à intensificação das atividades do tráfico devido a Covid-19 e pontuou as últimas medidas tomadas.

“Em março, apreendemos 163% a mais de armas de fogo do que em relação ao ano de 2019. Só na Região Metropolitana foram 23% a mais de apreensão de armas. O crime mudou, mas o Estado estava se adaptando também à nova realidade”, destacou o novo secretário do Ceará à época, em entrevista ao jornal A Gazeta.

Por fim, ele pontuou também a prisão de 17 pessoas no município de Cariacica, durante a última semana de gestão, e disse que estava entusiasmado com os projetos que encabeçou.

“Melhorei processos no âmbito administrativo, temos muitos projetos encaminhados. Tenho consciência de entregar 2019 como um dos melhores dos últimos 27 anos, reduzindo a violência, o crime contra a vida e contra o patrimônio. Saio de cabeça erguida pelo resultado, por ter participado de uma negociação salarial que conseguiu a valorização de militares e bombeiros. Só tenho a agradecer ao povo capixaba pela oportunidade”, declarou em 2020.

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