Árvore espatódea pode entrar na Lista de Espécies Exóticas Invasoras do Ceará

Grupo de Trabalho do Estado do Ceará analisa a inclusão da espécie que traz risco mortal para abelhas, insetos e beija-flores. É possível solicitar a remoção da ávore em áreas urbanas de Fortaleza

A árvore exótica espatódea, originária do continente africano, pode entrar na Lista de Espécies Exóticas Invasoras do Ceará. A espécie foi introduzida no Estado como ornamental devido às suas flores de cores marcantes, mas traz riscos para a biodiversidade local, pois é tóxica e compete com espécies nativas.

Com o objetivo de discutir o tema, o Grupo de Trabalho (GT) de Florestamento, Reflorestamento e Educação Ambiental do Governo do Ceará se reuniu de forma online nessa quarta-feira, 15. 

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Participaram da reunião integrantes de diversos órgãos, como Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará (SRH), Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Estadual do Ceará (Uece) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

Nos próximos dias, o Grupo de Trabalho do Estado deve aguardar o resultado da análise e votação. Após isso, a minuta da lista irá para apreciação da assessoria juridica do Estado, que estando de acordo deverá publicar a inclusão da espécie na lista. O prazo desse trâmite é de 30 dias. 

De acordo com a Base de Dados Espécies Exóticas Invasoras do Instituto Hórus, as flores das espatódeas possuem substâncias tóxicas que podem causar envenenamento imediato de beija-flores, abelhas e outros insetos nativos.

Lucas Silva, técnico da Célula de Políticas de Flora (Ceflor), da Sema, explica que a morte desses polinizadores compromete a reprodução de diversas plantas presentes no meio ambiente.

"Ainda são poucos os indivíduos [da espécie] em unidades de conservação do Estado, mas a Sema pretende incluir esta espécie na Lista de Espécies Exóticas Invasoras do Estado do Ceará e discutir com os gestores a substituição gradativa por espécies nativas cearenses", diz o técnico da Ceflor.

As unidades de conservação estaduais tem o foco de realizar a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos do território. Dessa forma, o plantio ou a manutenção de espécies exóticas invasoras faz parte dos objetivos destas áreas protegidas.

Considerada uma planta invasora de rápida propagação, a árvore Espatódea (Spathodea campanulata) também é conhecida como Bisnagueira, Tulipeira-do-Gabão, Xixide-Macaco ou Chama-da-Floresta.

Segundo a Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011, a Sema e a Semace são as responsáveis pela supressão de vegetação em Unidades de Conservação Estaduais.

Já em áreas urbanas, a atribuição de monitoramento, controle e manejo das espécies invasoras é de órgãos locais, tais como as secretarias municipais relacionadas ao meio ambiente.

Em áreas rurais, a remoção de Espatódea é permitida sem autorização, desde que fora de Áreas de Preservação Permanente (APP). Em Fortaleza, a poda da árvore pode ser solicitada pelos números 156 e 0800 285 0880, ou na Regional do bairro. 

Desequilíbrio na biodiversidade

Além dos riscos para os agentes polinizadores, as árvores de Espatódea podem competir com espécies nativas por recursos, causando um desequilíbrio na biodiversidade local.

“As plantas exóticas podem ter vantagens competitivas sobre plantas nativas, por exemplo, por se reproduzirem mais rápido e/ou serem melhor tolerantes ao clima de uma região”, explica o biólogo Flávio Landim.

O biólogo ressalta o perigo da substituição de espécies invasoras pela vegetação nativa. “Essas plantas exóticas podem acabar substituindo a vegetação nativa com o inconveniente de não interagir do mesmo jeito com o ecossistema, podendo não prover alimento e sendo tóxicas para animais nativos.”

Como reconhecer a Espatódea

A espécie da árvore exótica pode ser facilmente reconhecida pela população, o que facilita os pedidos de retirada da planta em áreas urbanas. É o que explica o professor de Agronomia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Lamartine Oliveira. 

"A Espatódea africana é uma árvore fácil de ser reconhecida, é uma árvore muito exuberante em termos de porte, e sua flor é muito clássica, em formato de tulipa, com cores fortes amareladas e alaranjadas", frisa.

Segundo o professor, existem algumas espécies da Espatódea em monitoramento no Departamento de Fitotecnia da UFC, para que seja analisada a melhor forma de substituição da planta por árvores nativas.

"O monitoramento e os estudos acontecem para que, ao longo do tempo, as éspecies de Espatódea sejam totalmente substituídas, gradativamente, por espécies nativas que não afetem a biodiversidade local", explica ele.

Com o foco de orientar profissionais, alunos e a população em geral, alguns cursos de capacitação com a temática de plantas invasoras são ministrados em todo Ceará pelo professor Lamartine, em parceria com a Sema.

"Desde 2020 ocorre o curso de capacitação ofertado pela UFC em parceria com a Sema. O próximo curso será em julho deste ano, na região metropolitana do Cariri, e a perspectiva é que cada vez mais o público em geral esteja presente, não apenas os técnicos especialistas no assunto", destaca Lamartine.

A VI Capacitação “Controle de plantas invasoras e princípios em poda de árvores” está marcada para o dia 5 de julho, a partir das 8 horas, no Parque Estadual Sítio Fundão, no Crato (CE).

Como solicitar a remoção das árvores da espécie Espatódea em área urbana 

1) Diretamente na Secretaria Regional do seu bairro;

2) Por meio do número 156;

3) Fala Fortaleza - 0800 285 0880.

 

Saiba mais

Lista oficial de espécies vegetais exóticas invasoras para o Estado do Ceará

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