PM preso em operação no Interior Norte é suspeito de vender armas para facção

Sargento teria vendido ou intermediado venda do armamento a homem apontado como chefe de facção em Granja. Atuação do grupo com o jogo do bicho também foi identificada

Entre as pessoas presas na operação Captum, deflagrada entre janeiro e abril em municípios do Interior Norte do Estado, está um policial militar suspeito de vender armas para um homem apontado como chefe de uma facção criminosa que atua em Granja, no Litoral Norte do Estado. Na última quinta-feira, 8, o Ministério Público Estadual (MPCE) ofertou à Justiça denúncia contra os dois e outras 22 pessoas investigadas na operação.

A ofensiva teve início após análise dos dados telefônicos de José Joaquim Benício Lopes, conhecido como Nem do Parazinho, apontado como chefe da facção criminosa Comando Vermelho (CV) no distrito de Parazinho, em Granja.

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A extração de dados feita pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) permitiu que os policiais tivessem acesso a conversas que José Joaquim manteve com o sargento Francisco Agildo de Souza.

Nas mensagens, Agildo aparece enviando fotos de armas de fogo que ele estaria comercializando ou, então, intermediando a comercialização. Entre as armas oferecidas estava uma pistola calibre 9mm e revólveres.

Em um dos áudios que Agildo enviou para José Joaquim, ele diz que uma arma foi postada no “grupo da Polícia” e que iria ver com o dono por quanto sairia a venda. O sargento ainda diz que precisaria colocar o Certificado de Registro de Arma (Craf) em seu nome antes de efetuar a venda para José Joaquim.

Em outro áudio, o sargento aparece orientando José Joaquim a dizer à pessoa que vende a arma que é um amigo dele, policial, quem está interessado na compra.

Em uma outra conversa, Agildo diz que o revólver que venderia a José Joaquim “já é do foguete” e que não seria preciso raspar a numeração da arma. Em seguida, ele envia mais um vídeo de um revólver e afirma que “mandou arranjar mais (armas)”.

A Draco fez pesquisas de registros de ocorrência envolvendo o PM e constatou que ele registrou três boletins de ocorrência informando supostas perdas ou extravios de armas.

“Restou comprovado que o acusado facilitava a comercialização de armas de fogo para JOSÉ JOAQUIM BENÍCIO, de modo que, em algumas situações, registrava a arma em seu nome, porém, registrava boletim de ocorrência dizendo ter extraviado a arma de fogo a fim de não ser responsabilizado”, afirmou na denúncia o MPCE.

Outras conversas no celular de José Joaquim levaram a Draco a crer que o PM também comprava drogas com o faccionado. Em uma das conversas analisadas, o analista da Draco assinalou que Agildo pediu para que José Joaquim “fizesse por 140”, pois ele “tem que ganhar também, deixando claro que compra mercadoria de José Joaquim e revende, muito provavelmente, droga”.

“Constatou-se pelo teor dos diálogos que o ora denunciado se vale da condição de policial militar para promover a organização criminosa Comando Vermelho”, afirmou o MPCE.

Atuação do CV com o jogo do bicho 

Entre os 25 denunciados na operação Captum, além de Francisco Agildo e José Joaquim, está um homem que é apontado como uma das principais lideranças do CV no Estado: João Vitor dos Santos, o “Adidas”, de 25 anos.

João Vitor foi flagrado conversando com José Joaquim sobre temas como a “caixinha” (contribuição) paga à facção e a "proibição" de determinadas casas de apostas de operarem em território em que o CV atua.

“Só pode Loteria do Povo”, diz João Vitor em uma das conversas. Adidas foi um dos alvos de uma operação deflagrada em 2022 em que a Draco investigava o acordo entre o CV e a loteria.

Conforme o então secretário da Segurança Pública e Defesa Social Sandro Caron, o pacto rendia até R$ 1 milhão para os cofres da facção, já que a banca repassava 20% de seu faturamento mensal em troca de monopólio nas áreas onde o CV age.

Confira os nomes de todos os acusados na operação Captum

José Joaquim Benício Lopes, conhecido como Nem do Parazinho; João Vitor dos Santos, conhecido como Adidas; Roberta Ohanna Costa Barros; Darcilane Vitor da Silva; Jonalhan Gomes Sousa Camelo, conhecido como Jhony Sega ou Jhony Cegão; Raimundo Costa Silva, conhecido como Nonato GG; Natanael de Souza Albuquerque, conhecido como Nathan_tur; Erisvan José dos Santos Albuquerque; José Ribeiro Dias Filho, conhecido como Uruoca ou Ribeirinho; Leandro Cristenral Silveira; Francisco José Melo Costa, conhecido como Meu Nego ou Monego; Janaína Matos Rodrigues; Marlene Benício da Cruz; Cleiton Araújo da Cruz; João Batista da Paixão, conhecido como Batista; Fort Ryan Sousa Rodrigues, conhecido como Ryan SR; Benjamim Januario Monte; Henrique dos Santos Arruda; Francisco Agildo de Souza; Auricélia Carvalho de Albuquerque; Romário Rodrigues, conhecido como R2; Marcelo Pereira do Nascimento; Francisco Natanael Nascimento de Oliveira, conhecido como NN Uruoca ou DG; Fabrício Costa de Sousa Venuto, conhecido como General; e Raimundo Nonato de Matos Dias

 

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Facções Criminosas

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