Ceará oferta bolsas a estudantes e professores para incentivar estudo da Matemática

Programa para alunas é voltado para mulheres. Editais ainda serão lançados para que os benefícios entrem em vigor no segundo semestre

Para driblar a defasagem no aprendizado da Matemática no Ensino Médio, o Governo do Ceará lançou nesta quarta-feira, 8, uma estratégia de incentivo a professores e alunos. O projeto Mais Aprendizagem Matemática contará com bolsas de monitoria para 500 estudantes e bolsa para 30 docentes que coordenarão clubes de estudo da matéria. 

O programa de bolsas de monitoria Elas na Matemática será voltado apenas para alunas, com o intuito de promover equidade de gênero na área de exatas. Serão repassados R$ 200 mensais, de agosto a dezembro, para as estudantes que mais se destacam de 267 escolas. Quem já recebe o auxílio Pé-de-meia, do Governo Federal, continua sendo apta a participar.

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As instituições ou turmas escolhidas serão preferencialmente aquelas que não funcionam em tempo integral, já que as selecionadas devem auxiliar os outros estudantes que apresentam mais dificuldade de assimilar o conteúdo no contraturno das aulas.

A aluna do 3ª do ensino médio da escola Luiza Távora Promorar, Maria Vitória Holanda de Sousa, 17, já pretende se inscrever para participar da bolsa. “Sempre fui boa em matemática, com a ajuda da escola e dos professores. O programa é um empurrãozinho a mais para os alunos se interessarem porque, querendo ou não, é a matéria que as notas estão lá embaixo”, afirma.

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Mais Aprendizagem Matemática: Ceará promove criação de clubes de estudoá os 30 Clubes de Matemática formados por docentes serão divididos entre as regionais de educação do Estado, com um professor coordenador em cada um deles. Este coordenador receberá R$ 1.330 mensalmente para tocar as atividades do clube.

O objetivo do grupo é encorajar a troca de experiências de sala de aula entre os docentes e atualização constante de conhecimentos. 

Os editais de seleção de alunas e professores ainda serão lançados para que os benefícios entrem em vigor no segundo semestre.

Um grupo de trabalho (GT) com professores do componente curricular também deve ser montado. “Esse momento do GT vai ser importante pra gente ouvir os desafios de quem está na sala de aula. Temos quase 3 mil professores de matemática muito qualificados, então a gente quer ouvi-los”, diz Jucineide Fernandes, secretária executiva de ensino médio e profissional da Secretaria da Educação (Seduc).

Além disso, o projeto Mais Aprendizagem Matemática prevê a distribuição de 150 laboratórios de matemática para as escolas, consistindo em materiais didáticos como réguas, esquadros, formas geométricas, livros, dentre outros itens. Conforme a secretária da Educação, Eliana Estrela, 50 kits serão entregues em 2024 e já foram comprados. Os restantes serão entregues até 2026.

Também serão realizadas a Maratona de Matemática para estudantes e a Olimpíada de Matemática para professores, com premiações ainda sem definição. Como estímulo ao estudo fora da escola, o governo fechou parceria com a Khan Academy, plataforma online gratuita de aprendizado de matemática.

69% dos alunos saíram do ensino médio com conhecimento em matemática em nível crítico

O governador Elmano de Freitas (PT) reconhece que o ensino da matemática é um desafio para o Ceará. Resultados da prova do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (Spaece) de 2023 mostram que 69,2% dos alunos do 3º ano do ensino médio têm proficiência em matemática em nível muito crítico ou crítico. Apenas 10,8% tinham nível considerado adequado e 19,5% intermediário.

Em língua portuguesa, o cenário é invertido. Enquanto 44,3% tinham nível muito crítico ou crítico no componente curricular, a maioria (55,8%) tinham nível intermediário ou avançado. Conforme a professora de matemática Simone Sales, da escola de tempo integral João Mattos, os alunos ainda têm resistência com a matéria.

“A habilidade dos meninos e o interesse na matemática vem sendo despertado através da questão da ludicidade, nós estamos trazendo atividades para que eles tenham mais motivação para aprender”, diz.

A professora e formadora de docentes Annelise Maymone acompanha o desenvolvimento de estratégias para melhorar o ensino de matemática na rede pública do Ceará desde 2018. A iniciativa, para ela, deve reforçar o trabalho já elaborado.

“A gente sabe que nossos alunos têm problemas de aprendizagem na matemática, tudo que você trouxer como aparato, estratégias, aulas diferenciadas, mesmo as aulas lúdicas, traz a possibilidade da gente trazer uma equidade no ensino”, afirma.

Eliana Estrela também aponta a necessidade de reforçar o trabalho do Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic) no eixo da matemática com os municípios, que são responsáveis pela oferta do ensino fundamental.

 

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Elmano de Freitas

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