Maiores açudes do Brasil, Castanhão e Orós atingem melhor nível em anos
Castanhão ultrapassou a marca de 32% nesta sexta-feira, 19, e, sozinho, abriga mais de um quinto da capacidade hídrica do Estado. Já o Orós chegou a nível que não atingia desde 2012
20:24 | Abr. 19, 2024
O Castanhão, maior açude da América Latina, chegou ao maior volume de água acumulada desde setembro de 2014. E ele não está só. Segundo de maior capacidade no Brasil, o Orós atingiu a melhor marca desde outubro de 2012.
Sozinhos, os dois açudes representam 35% de toda a água acumulada nos 157 reservatórios públicos monitorados pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh). Só neste mês, o gigante de Alto Santo encheu 5 pontos percentuais, o equivalente a 276,28 hectômetros cúbicos (hm³) d'água. Hoje, com 32,08% do potencial, ele guarda 2.149,52 hm³ em si, o que poderia encher qualquer açude do Brasil. Até o Orós.
Já o segundo maior do Ceará, abriu o mês em 1.070,81 hm³ (55,2%) e agora está em 1.347,3 hm³ (69,45%). Assim, juntos, Orós e Castanhão recarregaram 552,2 hm³ — mais do que tudo que cabe no Figueiredo (Alto Santo), o quinto maior açude do Estado. Esse valor poderia encher 220.800 piscinas olímpicas de 2 metros de profundidade.
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A recuperação do Castanhão veio pela combinação de duas realidades, argumenta o secretário executivo dos Recursos Hídricos do Ceará, Ramon Rodrigues. A primeira é uma quadra chuvosa que "ajudou muito". A outra foi o Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf). "As águas seguem chegando ao Ceará e estão ficando armazenadas no Castanhão. Já que não existe necessidade, neste momento, de realizar a transferência de água para Fortaleza", aponta.
Em relação ao Orós, o gestor aponta que o aporte vem do curso dos demais açudes, que são acumulados no maior reservatório do Alto Jaguaribe. Dentro do projeto Cinturão das Águas do Ceará, a barragem deve passar a também receber águas do maior rio do Nordeste quando foi integrado ao Pisf, a partir dos lotes 3 e 4 do programa estadual.
Atualmente, 65 açudes estão sangrando no Ceará. O maior deles é o Araras, em Varjota, com capacidade para 859 hm³. As cheias advém de três meses de bom inverno.
O primeiro mês de quadra chuvosa foi histórico. Em fevereiro, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) registrou 230,6 milímetros (mm) de precipitação em todo o Estado. Cifra é 90,1% maior do que a média do período.
A boa tendência se manteve em março, quando choveu 233,5 mm, perfazendo desvio positivo de 13,1%. Em abril, dados preliminares da Fundação mostram 168,5 mm, o que já deixa o mês dentro da faixa considerada em torno da média. Isso com 11 dias restando até o fim do mês.
Com isso, a maioria das 12 regiões hidrográficas do Ceará está em situação confortável. Ramon Rodrigues aponta que apenas os Sertões de Crateús estão em situação mais crítica, com 24,04% da capacidade hídrica, enquanto Banabuiú (42,87%) e Médio Jaguaribe (32,87%) ainda demanda atenção. Esta, aliás, é a região onde fica o Castanhão.
Paralelamente, duas regiões hidrográficas estão em 100% da capacidade (Litoral e Baixo Jaguaribe), enquanto outras duas acumulam mais 90% do volume potencial (Acaraú e Coreaú). Ao todo, os 157 açudes monitorados estão 53,1% cheios, guardando 9.835,1 hm³ de água para beber, plantar, banhar e investir no Ceará. (Colaborou Wilnan Custódio / Especial para O POVO)