Viúva vai a júri popular sete anos após assassinato de policial civil no Ceará

Outros dois suspeitos pelo assassinato do policial civil, apontados como amante da mulher e inteemediador do crime, também serão julgados

A viúva do policial civil e ex-vereador de Quixeramobim Cláudio Nogueira, assassinado em agosto de 2016, vai à júri popular na próxima segunda-feira, 15, acusada de envolvimento na morte do então companheiro. Sete anos após o crime, sentam-se no banco dos réus Michele Fernandes Arruda, Jackson Alves Pinheiro, apontado como amante de Michele, e Tiago Soares Cunha, que seria um intermediador entre os mandantes e os executores do crime. 

Michele e Jackson, que teriam um relacionamento extraconjugal na época do crime, são acusados de serem os mandantes do crime. O julgamento será na 5ª Vara Criminal do Júri, no Fórum Clóvis Beviláquia, em Fortaleza.  

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Os autos apontam que no dia 20 de agosto de 2016, Cláudio estava na zona rural de Senador Pompeu e aguardava a companheira chegar de Fortaleza, onde estudava. A vítima estava em uma churrascaria e havia ingerido álcool em excesso.

Sem condições de dirigir, o policial civil foi colocado no banco do passageiro, e a mulher assumiu o volante. Durante o trajeto, dois homens em uma motocicleta se aproximaram do veículo. 

Michele teria reduzido a velocidade para passar por um quebra-molas na rodovia, e a dupla efetuou disparos contra Cláudio. Sete tiros atingiram o policial civil, que morreu no local.

Conduta de viúva gerou suspeita

Familiares da vítima e pessoas que testemunharam o crime apontam inconsistências desde o encontro do casal, na churrascaria.

"Ela sempre andava com uma amiga, mas nesse dia a amiga não foi com o casal. As armas de Cláudio teriam sido colocadas por Michele no porta-malas do automóvel, sendo impossível qualquer reação. Depois do marido ferido, a mulher não prestou socorro e foi procurar Thiago, que é apontado nas investigações como um intermediador entre mandantes e executores", aponta uma fonte. 

Os familiares dizem que a mulher não foi ao hospital, onde Cláudio foi atendido, e após ter a informação da morte do marido se afastou deles.

Segundo o relato, uma das situações que chamou atenção dos irmãos de Cláudio foi a atitude da mulher de após a morte retirar pertences do policial da casa onde moravam. Conforme um familiar, até as galinhas da casa da família foram levadas.

O gado que pertencia ao policial civil foi vendido e, antes mesmo da missa de sétimo dia, eles dizem que a mulher havia iniciado procedimentos para receber um seguro de vida.

Com poucos meses, a situação tornou-se mais incômoda para os parentes, pois Michele teria começado a andar acompanhada de Jackson.

Policial civil era filho mais novo de dez irmãos

O policial civil era casado há aproximadamente dois anos. Filho mais novo de dez irmãos, Cláudio foi vereador do município de Quixeramobim. As pessoas próximas o descreveram como uma pessoa tranquila.

Policial civil, ele chegou a atuar na investigação de um caso que ficou conhecido como "escritório do crime", que elucidou uma série de mortes de mulheres, entre os anos de 2001 e 2002. Dois homens foram condenados pela morte de seis mulheres nos municípios da região.

Um familiar da vítima, de nome preservado, relata que após a morte de Cláudio a família não teve mais paz. A mãe dele, após a tragédia, entrou em depressão. A morte posterior dela é atribuída pelos familiares ao sofrimento causado pelo assassinato do vereador.

Ainda conforme um parente, Cláudio tinha formação em Direito e em História e amava estudar. 

Relacionamento entre vítima e suspeita

O relacionamento da mulher e do ex-vereador começou após a separação de Michele, conforme os relatos da família. A mulher era companheira de um primo de Cláudio e, após o fim do relacionamento, casou-se com a vítima. 

A familia conta ainda que Michele teria presenteado o homem com quem teria um relacionamento extraconjugal com um cavalo de corrida de Cláudio. 

Réus são acusados de homicídio por motivo torpe

No ano de 2018, a Justiça da Vara Única de Senador Pompeu decidiu que que os três acusados seriam julgados pelo Tribunal do Júri. Na época, o magistrado destacou a confissão de Michele e a relação próxima dos envolvidos na morte, além da conduta suspeita dela de gerir os bens. 

O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) denunciou os três pelo crime de homicídio por motivo torpe, pois a finalidade do crime seria obter uma herança. Além do recurso que impossibilitou a defesa da vítima, que estava embriagada. 

Conforme a denúncia, Michele teria arquitetado o crime com Jackson e, após a execução, ela teria entregado o cavalo de raça ao homem e um cheque de R$ 19.273. 

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