Viúva vai a júri popular sete anos após assassinato de policial civil no Ceará
Outros dois suspeitos pelo assassinato do policial civil, apontados como amante da mulher e inteemediador do crime, também serão julgados
11:39 | Abr. 11, 2024
A viúva do policial civil e ex-vereador de Quixeramobim Cláudio Nogueira, assassinado em agosto de 2016, vai à júri popular na próxima segunda-feira, 15, acusada de envolvimento na morte do então companheiro. Sete anos após o crime, sentam-se no banco dos réus Michele Fernandes Arruda, Jackson Alves Pinheiro, apontado como amante de Michele, e Tiago Soares Cunha, que seria um intermediador entre os mandantes e os executores do crime.
Michele e Jackson, que teriam um relacionamento extraconjugal na época do crime, são acusados de serem os mandantes do crime. O julgamento será na 5ª Vara Criminal do Júri, no Fórum Clóvis Beviláquia, em Fortaleza.
Leia mais
Os autos apontam que no dia 20 de agosto de 2016, Cláudio estava na zona rural de Senador Pompeu e aguardava a companheira chegar de Fortaleza, onde estudava. A vítima estava em uma churrascaria e havia ingerido álcool em excesso.
Sem condições de dirigir, o policial civil foi colocado no banco do passageiro, e a mulher assumiu o volante. Durante o trajeto, dois homens em uma motocicleta se aproximaram do veículo.
Michele teria reduzido a velocidade para passar por um quebra-molas na rodovia, e a dupla efetuou disparos contra Cláudio. Sete tiros atingiram o policial civil, que morreu no local.
Conduta de viúva gerou suspeita
Familiares da vítima e pessoas que testemunharam o crime apontam inconsistências desde o encontro do casal, na churrascaria.
"Ela sempre andava com uma amiga, mas nesse dia a amiga não foi com o casal. As armas de Cláudio teriam sido colocadas por Michele no porta-malas do automóvel, sendo impossível qualquer reação. Depois do marido ferido, a mulher não prestou socorro e foi procurar Thiago, que é apontado nas investigações como um intermediador entre mandantes e executores", aponta uma fonte.
Os familiares dizem que a mulher não foi ao hospital, onde Cláudio foi atendido, e após ter a informação da morte do marido se afastou deles.
Segundo o relato, uma das situações que chamou atenção dos irmãos de Cláudio foi a atitude da mulher de após a morte retirar pertences do policial da casa onde moravam. Conforme um familiar, até as galinhas da casa da família foram levadas.
O gado que pertencia ao policial civil foi vendido e, antes mesmo da missa de sétimo dia, eles dizem que a mulher havia iniciado procedimentos para receber um seguro de vida.
Com poucos meses, a situação tornou-se mais incômoda para os parentes, pois Michele teria começado a andar acompanhada de Jackson.
Policial civil era filho mais novo de dez irmãos
O policial civil era casado há aproximadamente dois anos. Filho mais novo de dez irmãos, Cláudio foi vereador do município de Quixeramobim. As pessoas próximas o descreveram como uma pessoa tranquila.
Policial civil, ele chegou a atuar na investigação de um caso que ficou conhecido como "escritório do crime", que elucidou uma série de mortes de mulheres, entre os anos de 2001 e 2002. Dois homens foram condenados pela morte de seis mulheres nos municípios da região.
Um familiar da vítima, de nome preservado, relata que após a morte de Cláudio a família não teve mais paz. A mãe dele, após a tragédia, entrou em depressão. A morte posterior dela é atribuída pelos familiares ao sofrimento causado pelo assassinato do vereador.
Ainda conforme um parente, Cláudio tinha formação em Direito e em História e amava estudar.
Relacionamento entre vítima e suspeita
O relacionamento da mulher e do ex-vereador começou após a separação de Michele, conforme os relatos da família. A mulher era companheira de um primo de Cláudio e, após o fim do relacionamento, casou-se com a vítima.
A familia conta ainda que Michele teria presenteado o homem com quem teria um relacionamento extraconjugal com um cavalo de corrida de Cláudio.
Réus são acusados de homicídio por motivo torpe
No ano de 2018, a Justiça da Vara Única de Senador Pompeu decidiu que que os três acusados seriam julgados pelo Tribunal do Júri. Na época, o magistrado destacou a confissão de Michele e a relação próxima dos envolvidos na morte, além da conduta suspeita dela de gerir os bens.
O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) denunciou os três pelo crime de homicídio por motivo torpe, pois a finalidade do crime seria obter uma herança. Além do recurso que impossibilitou a defesa da vítima, que estava embriagada.
Conforme a denúncia, Michele teria arquitetado o crime com Jackson e, após a execução, ela teria entregado o cavalo de raça ao homem e um cheque de R$ 19.273.