Apontado como "01" de facção cearense é condenado a 12 anos de prisão
"Chico da Barra" era acusado de ser o principal chefe da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) e estar por trás de uma série de assassinatos em Maracanaú
21:49 | Abr. 11, 2024
Francisco Lucas da Silva Pereira, conhecido como Chico da Barra, foi condenado a 12 anos de prisão em regime inicialmente fechado pelo crime de integrar organização criminosa. Conforme investigações da Polícia Civil, à época em que foi preso, março de 2023, ele era o principal chefe da facção criminosa cearense Guardiões do Estado (GDE).
A sentença foi proferida pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas no último dia 4 de abril e publicada na edição desta quinta-feira, 11, do Diário de Justiça do Ceará (DJCE). Francisco Lucas negou, em depoimento, integrar a facção.
Conforme a investigação realizada pela Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco), a liderança de Chico da Barra na GDE esteve associada a diversos assassinatos ocorridos em Maracanaú (Região Metropolitana de Fortaleza) em 2023.
A denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE) aponta que houve uma redução de 50% no número de homicídios em Maracanaú em março e abril (quando Chico da Barra foi preso) em relação a janeiro e fevereiro (antes da prisão).
Durante a fase de instrução, o delegado Huggo Leonardo, até então na Draco, afirmou que Chico da Barra tentou “monopolizar” o fornecimento de drogas na GDE, que, anteriormente, conforme afirmou, dava autonomia para seus integrantes comprarem os entorpecentes “de quem fosse conveniente, desde que não inimigos”.
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A atitude de Chico da Barra levou a um racha na GDE, de acordo com a investigação da Draco. Integrantes da facção teriam “decretado” a morte de Francisco Lucas por discordar das decisões tomadas por ele na organização.
“Não vamos compactuar com nem um tipo de injustiça que vem acontecendo onde essa gestão do CHICO DA BARRA só tá usando a camisa da GDE pra fazer injustiça e pilantragem roubando bandido, tomando favelas de irmãos autorizando outros irmãos a rouba drogas e arma de outros integrante que eles não gosta e isso não é coisa de bandido” (SIC), afirmava um dos “salves” publicado nas redes sociais pelos inimigos de Chico da Barra.
Francisco Lucas também havia sido denunciado pelo MPCE pelo crime de tráfico de drogas, mas foi absolvido pela Justiça por falta de provas. “Há dois prints extraídos do celular do acusado que trazem indícios, mas não são robustos o suficiente”, aponta a sentença.
“A polícia não conseguiu extrair a integralidade da conversa e não há qualquer mensagem pelo próprio acusado a apontar que estaria vendendo, tendo em depósito, transportando ou exercendo qualquer núcleo do tipo do art. 33 da Lei nº 11.343/06”.
Ainda conforme o delegado Huggo Leonardo, “havia um boato de que Chico teria saído da GDE e virado ‘Massa’ após a prisão”. O delegado afirmou que essa informação provocou “instabilidade” em diversas comunidades, pois integrantes “mais fiéis” a Francisco Lucas teriam provocado “guerras” para tomar territórios da GDE para a Massa.
Uma dessas regiões foi a comunidade do Morro do Santiago, localizada no bairro Barra do Ceará. Em junho de 2023, confrontos entre criminosos do Parque Leblon, em Caucaia (Região Metropolitana de Fortaleza) e do Morro Santiago foram associados a essa disputa.