Comitê da Alece aponta interiorização da violência armada no Ceará
Homicídios em 2023 aumentaram, sobretudo, nos municípios do Litoral Oeste e do Centro do Estado, indiciou Comitê de Prevenção e Combate à Violência da Assembleia LegislativaApesar de 2023 ter registrado rigorosamente o mesmo número de homicídios (2.970 mortes) de 2022, a dinâmica da violência no Ceará não se manteve estável nesses dois anos.
Oitenta municípios apresentaram aumento no número de assassinatos no ano passado, enquanto 75 tiveram redução, indica a primeira nota técnica deste ano do Comitê de Prevenção e Combate à Violência (CPCV) da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).
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A nota, divulgada nessa terça-feira, 12, apontou que o aumento no número de homicídios "caminhou em direção aos municípios do Litoral Oeste e do Centro do Estado".
Conforme dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS) analisados pelo CPCV, 11 dos 19 municípios da Região Metropolitana de Fortaleza apresentaram aumento no número de homicídios em 2023.
No Litoral Oeste/Vale do Curu e no Litoral Norte também houve aumento significativo em diversos municípios. Treze municípios dessas duas regiões também tiveram crescimento nos assassinatos.
Entre os municípios destacados pelo Comitê está Itapipoca, que, em 2023, viu aumentar em 980% o número de homicídios. Em 2022, haviam sido registradas cinco mortes, mas, no ano passado, foram 54.
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A nota técnica ainda salientou que 2024 deu prosseguimento ao aumento no número de assassinatos registrado no final de 2023. Janeiro deste ano teve 284 homicídios, aumento de 12,7% em relação a janeiro de 2023. Com 12 casos, o número de mulheres mortas cresceu 500% em janeiro em relação ao ano passado.
“Essa percepção contrasta com uma possível tendência de interpretação da manutenção do número dos casos de homicídios de 2022 e 2023 como redução, ou mesmo recuo, da violência no Estado”, destaca o texto.
“Uma análise mais aproximada passa a evidenciar mudanças localizadas em determinadas regiões, destacando a necessidade do planejamento de ações regionalizadas voltadas para a prevenção daquelas e daqueles que estão mais vulneráveis aos homicídios”.
Confira a nota técnica do CPCV na íntegra:
Comitê focará em fortalecimento de rede de atendimento a vítimas de violência
Neste ano, o Comitê de Prevenção e Combate à Violência deverá focar na integração e no fortalecimento do atendimento às vítimas de violência armada no Estado.
Atualmente, o Comitê trabalha junto à Comissão de Direitos Humanos e Cidadania e ao Escritório Frei Tito da Assembleia na elaboração de protocolo de atendimento às vítimas de violência. Para tal, há uma proposta de curso de formação para profissionais no setor.
“Entre os objetivos pensados para essa formação, estão: aprofundar o conhecimento acerca dos processos de trabalho dessas equipes; pactuar estratégias de fluxos na rede, de realização de referência e contrarreferência entre os equipamentos; produzir materiais de apoio para a realização dos serviços; e dialogar sobre as ações das categorias profissionais que compõem as equipes de atendimento às vítimas de violência”.
Em 2 de dezembro passado, houve o 2º Encontro “Cuidando em Rede: Saberes e Práticas na Atenção às Famílias de Vítimas de Homicídios no Ceará”, promovido pelo CPCV, que reuniu representantes de 15 equipamentos das três instâncias de poder e a sociedade civil.