Tragédia de Milagres: 11 PMs serão julgados pelo Tribunal do Júri
Cinco reféns foram mortos durante uma ação contra assaltantes de banco. Caso ocorreu em 2018Atualizado às 17h30min
11 policiais militares serão julgados pela tragédia ocorrida no município de Milagres, a 482,5 km de Fortaleza, em dezembro de 2018. À época, cinco refens e dois assaltantes foram mortos durante uma operação policial. A sentença de pronúncia saiu nessa segunda-feira, 4.
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Conforme a decisão, a além dos 11 agentes de segurança, outros dois serão julgados por tentativa de adulteração da cena do crime.
José Azevedo Costa Neto, Edson Nascimento do Carmo e Paulo Roberto Silva dos Anjos serão julgados por homicídios qualificados de cinco reféns. Já os policiais Leandro Vidal dos Santos, Fabrício de Lima Silva são julgados pelos homicídios qualificados de dois assaltantes que teriam sido mortos após rendição.
Os militares Alex Rodrigues Rezenda, Daciel Simplício Ribeiro, José Marcelo Oliveira, João Paulo Soares de Araújo, José Anderson Silva Lima e Sérgio Saraiva Almeida foram pronunciados pela participação na execução de um assaltantes.
Os policiais Abraão Sampaio de Lacerda e Georges Aubert dos Santos Freitas serão julgados por remoção dos corpos das vítimas reféns, sob o suposto intuito de adulterar local de crime.
A Chacina de Milagres ocorreu no dia 7 de dezembro de 2018, quando os policiais militares se deslocaram para o município no intuito de desarticular uma ação da quadrilha especializada em assalto a banco.
Houve um confronto com os criminosos e, segundo a denúncia do Ministério Público do Estado (MPCE), disparos efetuados pelos agentes resultaram na morte de cinco reféns, que foram abandonadas pelos assaltantes após o crime.
A Justiça destacou que o processo transcorreu sem nulidades e com direito ao contraditório e da ampla defesa. A fase de pronúncia, conforme o magistrado, é a análise da prova de materialidade de crime doloso contra a vida e indícios de autoria que sejam suficientes para submeter os agentes de segurança a julgamento pelo Tribunal do Júri.
O juiz concedeu aos réus o direito de recorrer da pronúncia em liberdade. Questionado por O POVO se recorreria da decisão, o MPCE afirmou, em nota, que a Promotoria de Justiça de Milagres ainda analisa o processo e a decisão de pronúncia.
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Três PMs são totalmente absolvidos
De todos os PMs acusados, apenas Sandro Ferreira Alves, Elienai Carneiro dos Santos e José Maria de Brito Pereira Junior foram totalmente isentos de acusação. Eles haviam sido denunciados apenas pela morte do assaltante Lucas Torquato, ocorrida já na localidade de Campo Agrícola, Zona Rural de Milagres. Ao lado deles, estava o PM Diego Oliveira Martins, morto em 2021 em uma tentativa de assalto no bairro Papicu.
Nas alegações finais, os advogados de José Maria de Brito Pereira, Igor Furtado e Jader Marques, afirmaram que os PMs não estavam nas proximidades da casa para onde Lucas havia fugido e onde foi morto.
“Durante a incursão, os policiais do COTAR adentraram um extenso matagal e ficaram a aproximadamente 100 metros da vila, realizando a varredura”, afirmaram os advogados.
“Foi nesse momento que, após alguns instantes, o defendente ouviu dois disparos de arma de fogo, intervalados, vindos da direção das casas da vila. No entanto, não conseguiu identificar quem efetuou os disparos, pois, de onde se encontrava, era humanamente impossível ter uma visão clara. O defendente também não pôde intervir para evitar o ocorrido, uma vez que o local possuía um matagal extenso e várias paredes”.