Operação de combate a arboviroses é realizada no limite de Fortaleza e Maracanaú

Em Fortaleza, foram notificados 427 casos suspeitos de dengue em 2024, enquanto em Maracanaú, 83 casos foram notificados, com três confirmados

Os municípios de Fortaleza e Maracanaú deram início à Operação Fronteira, que busca conter a proliferação do mosquito Aedes aegypti no limite entre as cidades. As ações nos bairros limítrofes ocorrem entre esta terça-feira, 27, e seguem até a sexta-feira, 1°. Em Fortaleza, seis bairros, com 10.512 imóveis, receberão os agentes de endemia. Já na cidade da Região Metropolitana, sete bairros devem receber a ação. Só neste ano foram identificados 427 casos suspeitos de dengue na Capital.

Além de transmitir a dengue, o mosquito Aedes aegypti também é vetor da zika e chikungunya. A ação de lançamento da Operação Fronteira ocorreu na Lagoa do Mingau, que marca a divisão entre Maracanaú e Fortaleza. O evento, realizado pela gestão de Maracanaú, reuniu agentes de combate a endemias (ACE) dos dois municípios limítrofes.

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De acordo com o secretário de Saúde de Fortaleza, Galeno Taumaturgo, a Operação busca intensificar a prevenção em uma área historicamente pouco trabalhada. “Antigamente, ficava a dúvida sobre de quem era a responsabilidade pelo limite dos municípios, se era de Fortaleza ou Maracanaú, ou os demais, como Caucaia. Hoje, somam-se esforços. Quanto maiores os esforços no combate dessas arboviroses, melhores os resultados”, declarou.

A primeira casa que recebeu a ação de combate ao mosquito Aedes aegypti foi a de Francisco Lira da Silva, de 87 anos, que mora bem em frente à Lagoa. Aposentado e viúvo, Seu Francisco cuida sozinho de uma casa grande e com quintal. Dessa forma, segundo ele, receber os profissionais em casa é importante.

“Eu que limpo minha casa, olho tudo direitinho, sou muito cuidadoso. Mas é bom quando os meninos [agentes de endemias] vêm aqui e olham”, diz o aposentado. “Nunca tive dengue ou chikungunya, também o pessoal que mora por aqui não teve que eu saiba. Acho que é por que a gente se cuida bem”, concluiu seu Francisco.

Na casa, os agentes fizeram vistorias na área externa, ação chamada de peridomicílio, verificando possíveis locais de proliferação do mosquito. Logo em seguida, foi realizada a vistoria interna da residência, também procurando possíveis locais de foco. Os profissionais ainda protegeram locais que necessitam permanecer com água acumulada com um larvicída biológico, para o controle de possíveis larvas.

Ao sair da casa de Seu Francisco, agentes de endemias de Fortaleza e Maracanaú logo partiram para cobrir seus territórios. Na fronteira de Fortaleza, em seis bairros nas áreas limítrofes com Maracanaú receberão a ação: Siqueira, Canindezinho, Parque Presidente Vargas, Aracapé, Planalto Ayrton Senna e José Walter. De acordo com a Secretaria de Saúde (SMS) da Capítal, serão visitados 175 quarteirões e 10.512 imóveis serão vistoriados, beneficiando 21 mil fortalezenses. Cerca de 250 ACE de Fortaleza estarão envolvidos

Já em Maracanaú, sete bairros serão contemplados: Cidade Nova, Conjunto Industrial, Esplanada do Mondubim, Alto Alegre II, Siqueira, Parque São João e Jardim Jatobá. Dessa forma, 8.055 imóveis devem receber as visitas dos agentes de endemias, fazendo a cobertura de 9.990 habitantes. No município, estarão empenhados 65 agentes.

Nélio Moraes, coordenador de Vigilância e Saúde de Fortaleza, explica que o Programa de Controle das Arboviroses no Brasil prevê a universalização da vigilância em todos os imóveis do Brasil. “Os agentes visitam em média 20 imóveis por dia. Quando há uma lacuna de profissionais em uma determinada área, ocorre um deslocamento ou um mutirão para compensar esse déficit”, explica.

O profissional ainda destaca o trabalho realizado em áreas de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixas, como a coberta durante esta primeira etapa da Operação. “Isso se deve aos riscos mais elevados, como a questão da coleta de lixo, descarte inadequado de materiais em vias públicas e nos quintais. Por ser uma área de maior risco, cabe a nós sensibilidade, olhar atento e atuar de forma proativa”, disse Nélio Moraes.

O ponto de vista é semelhante ao do gerente de endemias de Maracanaú, Herbeth Girão. “As doenças transmitidas pelo mosquito não têm fronteiras, nem limites. Elas estão presentes tanto no município de Fortaleza quanto em Maracanaú, e muitas vezes essas áreas, por serem limítrofes, são um pouco negligenciadas. O objetivo é estabelecer uma barreira sanitária entre os municípios, fortalecendo o enfrentamento dessas doenças”, concluiu.

As próximas atividades serão realizadas em conjunto com o município de Caucaia, ainda em fase de planejamento. 

Casos nos municípios

Em Fortaleza, até o momento, foram notificados 427 casos suspeitos de dengue em 2024. Desses, 6,3% (27) foram confirmados, 39,8% (170) descartados e 53,9% (230) ainda estão sob investigação, caracterizando um cenário de baixas confirmações dessa doença na Capital.

Já em Maracanaú, de acordo com o portal IntegraSUS, do Governo do Estado do Ceará, 83 casos foram notificados no mesmo período. Destes, três foram confirmados, sendo todos por dengue.

Prevenção

Os serviços de Vigilância e Saúde dos dois municípios esclarecem que, ao realizar as visitas aos imóveis, os agentes de endemias sempre estão devidamente padronizados, utilizando fardamento e crachá. Além disso, para aumentar a segurança, em geral, já atuam na área durante boa parte do ano, tornando-se conhecidos da população.

Primeiro, os profissionais iniciam diálogo com o morador, realizam a supervisão externa do imóvel e, em seguida, a supervisão interna.Também verificam o chamado anexo, como no quintal, onde normalmente os brasileiros têm o hábito de acumular materiais.

“É aí que mora o grande perigo. Esses recipientes ficam expostos. Possíveis ovos de mosquito depositados na parede interna desses recipientes podem permanecer viáveis por 400 dias, ou seja, mais de um ano viáveis. Com apenas oito dias após a primeira chuva, você já tem mosquitos voando pela sua casa”, comenta Nélio Moraes, coordenador de Vigilância e Saúde de Fortaleza.

Confira mais dicas de prevenção contra a dengue:

Áreas Externas:

  • Verificar e evitar o acúmulo de água em materiais de construção
  • Se necessário, utilizar lonas impermeáveis para cobrir recipientes
  • Limpeza frequente em calhas d’água
  • Manter as caixas d'água sempre fechadas

Interior da Residência:

  • Atentar para ralos em desuso, lavando-os com frequência com água sanitária
  • Inspecionar regularmente vaso sanitário desativados
  • Verificar tanques, tambores e potes no interior da residência

O coordenador de vigilância ressalta que a população tem a grande responsabilidade de realizar a supervisão de seus imóveis pelo menos uma vez por semana. “Ao fazer isso em conjunto com o trabalho dos agentes de saúde, podemos atravessar o ano de 2024 evitando surtos em Fortaleza, Maracanaú, Caucaia, Eusébio, Aquiraz, entre outros municípios”, concluiu Nélio Moraes.

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