Censo 2022: 93 mil cearenses não têm banheiro ou sanitário em casa
Também de acordo com os dados do IBGE, mais da metade da população cearense não tem acesso à rede de esgoto
19:19 | Fev. 23, 2024
Ainda há pessoas que vivem sem banheiro ou sanitário em casa em todos os 184 municípios do Ceará, conforme os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados nesta sexta-feira, 23. Em 28 cidades, o número ultrapassa mil residentes sem local adequado para as necessidades fisiológicas. Ao todo, 93.979 cearenses vivem nessa condição de vida.
Granja, na região Norte, é a cidade que tem maior quantidade absoluta de domicílios e residentes sem banheiro. Ao todo, 6.934 pessoas moradoras de 2.198 domicílios não têm acesso ao sanitário em casa, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que elabora o Censo.
Já Salitre, no Cariri, é o município com maior proporção de domicílios sem banheiro ou sanitário no Estado. Das 5.367 residências da cidade, 983 não têm acesso ao cômodo ou ao aparelho, o que corresponde a 18,32% do total.
A população que não tem acesso a banheiro representa 1,1% do total do Ceará. Outros estados se destacam negativamente, como o Piauí, que tem 5% dos residentes sem banheiro ou sanitário em casa, representando a maior taxa do País.
Número de domicílios e moradores sem acesso a banheiro ou sanitário no Ceará
Mais da metade da população cearense não tem acesso à rede de esgoto
Os dados do Censo Demográfico de 2022 divulgados nesta sexta-feira, 23, também mostraram estatísticas de esgotamento sanitário. No Ceará, 40,1% da população moram em domicílios conectados à rede de coleta de esgoto e 60% dos cearenses não têm acesso ao serviço. Outros 20% utilizam fossa séptica como forma de descartar os dejetos domiciliares.
Marco Aurélio Holanda de Castro, professor do departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, explica que o sistema de esgotamento geralmente empregado em áreas urbanas pode não ser viável em áreas rurais devido à distância entre as casas.
“Para as áreas urbanas, até de pequenas cidades, o sistema que você tem de adotar é a coleta do esgoto e o transporte por tubos até uma estação de tratamento. Para as áreas rurais, utiliza-se muito a fossa séptica, que é um sistema no qual você coleta o esgoto da casa em uma vala e lá ele é filtrado. Não tem nada de errado se ele for feito com técnica adequada”, afirma.
A fossa rudimentar ou buraco, no entanto, ainda é utilizada por 34,7% da população cearense. Esse modelo de esgotamento pode gerar problemas de saúde pública, segundo Marco.
“Inúmeras doenças que atingem nosso povo, como a dengue, por exemplo, são consequência direta de problemas de saneamento. São doenças que poderiam ser extremamente minimizadas se tivéssemos tratamento de esgoto adequado”, afirma. Doença de Chagas, diarreias e disenteria são outras patologias ligadas a um tratamento inadequado dos dejetos.