Revendedora de carros no Ceará são usadas para lavar dinheiro do tráfico internacional
Operação Vertex apreendeu mais de 100 veículos e bloqueou milhões em contas bancárias. Revendedora invadida em 2023 no Guararapes fazia parte do esquema
20:44 | Fev. 21, 2024
Atualizado às 14h45min desta quinta-feira, 22
Mais de 100 veículos foram apreendidos em uma operação da Polícia Civil do Ceará contra uma organização criminosa que atuava no tráfico internacional de drogas e lavava o dinheiro obtido através de revendedora de carros. A operação Vertex, deflagrada na manhã desta quarta-feira, 21, ainda confiscou cinco imóveis e bloqueou contas bancárias de 10 investigados, cujos valores em cada conta chegavam a até R$ 10 milhões.
Entre os locais onde a ação policial foi deflagrada está a revendedora do bairro Guararapes que foi alvo de roubo de mais de dez veículos em fevereiro de 2023, caso que ganhou repercussão nacional após as câmeras de vigilância terem registrado o momento em que cerca de 20 pessoas praticam o crime.
O roubo dos carros, inclusive, tem relação com um acerto de dívida proveniente do tráfico de drogas, informaram os delegados responsáveis pela Vertex. Eles optaram por não divulgar mais detalhes para preservar possíveis desdobramentos da operação.
Em entrevista coletiva realizada na manhã desta quarta-feira, 21, foi informado que a investigação teve início em 2021. Na ocasião, a Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco) identificou um homem que fazia movimentação de grandes quantias em dinheiro no contexto do tráfico internacional de drogas.
Leia mais
A lavagem desse dinheiro era feito através de quatro revendedoras, apontou a investigação. “Conseguiu-se demonstrar que um desses indivíduos fazia o papel de sócio oculto da empresa”, afirmou João Gabriel Cardoso, delegado-adjunto da Draco, referindo-se à revenderora onde o roubo ocorreu.
“Esse grupo criminoso já tem antecedentes, inclusive, com tráfico de drogas, já foi alvo de prisões aqui no Ceará no ano de 2016, bem como, em 2020, foi alvo de uma operação da Polícia Federal em Rondônia, com prisão e lavagem de bens de uma empresa de fachada em uma cidade daquele estado”, afirmou Adriano Félix, delegado titular da Delegacia de Narcóticos (Denarc).
Ao todo, foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão e cinco de sequestro de bens em Fortaleza, Eusébio (Região Metropolitana de Fortaleza) e Cuiabá (MT). Nesta fase, nenhum suspeito foi preso.
“Possivelmente, teremos novas fases, talvez, novas prisões, bem como cumprimento de mandados, inclusive, bloqueio de contas e sequestro de bens”, afirmou Samuel Elânio, titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), também presente à coletiva.
Durante a operação foram apreendidos equipamentos eletrônicos, como notebooks e smartphones, assim como uma pistola calibre 380, com 70 munições e cinco carregadores.
A operação foi deflagrada pelo Departamento de Polícia Judiciária Especializada (DPJE) da Polícia Civil, sendo coordenada pela Denarc, com apoio da Draco e do Departamento de Recuperação de Ativos (DRA).
“Essa operação faz parte de um grande eixo de atuação da Polícia Civil no combate ao crime organizado,” afirmou o delegado-geral da Polícia Civil Márcio Gutiérrez.
“Nós trabalhamos para tirar de circulação aqueles traficantes, aqueles criminosos envolvidos em organizações criminosas, mas também trabalhamos para fazer asfixia financeira, bloquear os valores e recuperar o patrimônio que foi angariado através das atividades criminosas”.
Após a publicação desta matéria, a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) entrou em contato com O POVO para explicar que os estabelecimentos que teriam sido utilizados nos crimes são revendedoras de carros e não concessionárias, conforme o termo utilizado na divulgação da operação pelas forças de segurança.