Após oito meses, Castanhão volta a ter aumento do volume de água armazenada
Movimento tem se repetido nos últimos anos e tem relação com a quadra chuvosa; reservatório está 9% abaixo do volume registrado no fim da quadra chuvosa
22:08 | Fev. 21, 2024
O volume do açude Castanhão, localizado no município de Alto Santo, a 249 quilômetros (km) de Fortaleza, voltou a crescer depois de oito meses desde a última quinta-feira, 15. A barragem é o principal reservatório do Ceará e nesta terça, 20, atingiu 22,88% da sua capacidade total, cerca de 13% a mais que na mesma data do ano passado.
Este é o maior valor registrado em fevereiro no reservatório desde 2015, quando o Castanhão iniciou o mês com 24,15% da capacidade. Durante o período, o menor índice registrado na barragem foi de 2,08%, no ano de 2018.
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As recargas no início de fevereiro são um movimento característico no Castanhão, provocado pela quadra chuvosa cearense. Durante o fim da alta estação e a longa estiagem no segundo semestre, o açude diminui o volume comportado, que volta a crescer com as grandes precipitações de fevereiro e março.
O diretor de operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Tércio Tavares, explicou que ainda não houve recarga no açude e que o volume do açude no momento é das águas da quadra chuvosa do ano de 2023.
“Ainda não houve recarga no açude, nós ainda estamos com a água armazenada da quadra chuvosa passada. Por isso, nós ainda temos a expectativa da chuvas para que os níveis de água no Castanhão apresentem melhora”, explicou
Além das chuvas, outro fator pode ajudar no abastecimento do açude este ano. Devido o prognóstico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) para a quadra chuvosa de 2024, que apontou 45% de chance para volumes abaixo da média, águas da transposição do Rio São Francisco foram destinadas ao açude.
Tércio pontua ainda que uma vez que a Funceme dá um prognóstico de chuvas abaixo da média, é possível que não aconteça e que seja uma situação que ele permaneça na média, mas que os trabalhos sempre são baseados no pior cenário possível.
“Se a Funceme falou para gente que estamos dentro de um El Niño e que a probabilidade é muito elevada de ter chuva abaixo da média, nós começamos a nos precaver. Então, estamos puxando água exatamente para dar vencimento a água que precisa chegar a Fortaleza”, pontua.
A medida tem o objetivo de diminuir os impactos do possível menor índice de chuvas e evitar que o abastecimento seja comprometido em alguns pontos do Estado. De acordo com o titular da Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará (SRH), Robério Monteiro, a previsão é de que a água chegue ao Castanhão até a primeira semana de março e ajude 4,5 milhões de cearenses.
“A transferência de água representará um aumento na garantia hídrica humana da Região Metropolitana de Fortaleza, além da melhora na oferta de água para a atividade produtiva rural do Vale do Jaguaribe”, afirma o secretário, em nota.
Após a chegada das águas será realizada uma avaliação técnica constante para controlar o nível de água liberada, a partir da quantidade de chuva que cair sobre o açude.
Tavares negou a possibilidade de a abertura das comportas para as águas do São Francisco chegarem a outros reservatórios.
Saiba como fica a questão das águas da transposição do São Francisco em caso de boa quadra chuvosa
Em um cenário de boa quadra chuvosa para 2024, existe a possibilidade de o abastecimento do Castanhão com as águas do São Francisco ser cancelado.
Diretor de operações da Cogerh, Tércio Tavares explica que tudo pode acontecer em relação aos movimentos de chuva e que é pouco provável que haja um volume significativo para encher o Castanhão.
“Mas acontecendo algum fato inesperado e vier um grande volume de chuva, a gente revê toda essa operação, até porque é uma operação custosa. Não há um volume estimado para que haja um cancelamento desta operação, mas se tivermos os mesmos números do ano passado, isto é, se a quadra chuvosa for boa, a operação seria revista”, aponta.
Colaborou Gabriela Monteiro/Especial para o Povo