Coluna do O POVO sobre Segurança Pública completa 10 anos

Neste sábado, 13, a seção assinada por Ricardo Moura chega a 10 anos de publicação. A coluna sai quinzenalmente às segundas-feiras, abordando o tema com análises aprofundadas

14:17 | Jan. 13, 2024

Por: Luíza Vieira
Ricardo Moura, colunista de Segurança Pública do O POVO (foto: Divulgação)

Com o título “O que nos espera em 2014”, a coluna assinada pelo jornalista e sociólogo, Ricardo Moura, foi publicada pela primeira vez no dia 13 de janeiro de 2014. Nela, o colunista apresentou casos na área Segurança Pública que haviam ocorrido na primeira semana do ano que se iniciava.

Hoje, após uma década de existência, a seção, que é publicada quinzenalmente às segundas-feiras, segue abordando o tema com análises aprofundadas. A coluna é publicada na versão impressa do O POVO e possui versão digital exclusiva para assinantes OP+.

De acordo com Ricardo Moura, ao longo desse período, o setor da segurança pública do Ceará passou por um desenvolvimento de estruturação e formalização de processos. A exemplo disso está a sistematização dos dados estatísticos, no qual o Ceará integra a lista das unidades federativas com maior acervo de informações e de fácil acesso.

“O Ceará desponta como um dos estados com o maior acervo de informações de fácil acesso, de localização, isso para que você possa fazer uma análise, para que você possa compreender as dinâmicas da violência em determinado período”, elencou.

O sociólogo menciona a criação do Ceará Pacífico, proposta do ex-governador do Estado e atual ministro da Educação, Camilo Santana, que teve como objetivo reduzir vulnerabilidades e prevenir situações de violência contra grupos minorizados como mulheres, pessoas LGBTIA+, crianças, adolescentes, jovens e gestantes.

“Eu acho que houve vários Cearás Pacíficos, né, embora o Governo sempre tenha mantido a noção de que só haveria um”, prosseguiu. “Mas a gente viu diversas tentativas de modelos a partir das unidadess de segurança, do aprofundamento do raio. Isso até foi abordado em uma coluna, na qual disse que o raio é um novo Ronda (do Quarteirão)”.

A seção, conforme o colunista, surgiu no período em que o crime organizado estava se estruturando. Ele afirma que os reflexos dessa organização podem ser vistos nos dias atuais e que os índices elevados na taxa de homicídios decorrem das disputas entre as facções.

“Como elas se tornam muito grandes, como elas precisam atender a diferentes interesses, elas começam a se fragmentar e começam a entrar em rota de colisão e isso impacta diretamente no número de assassinatos”, continua.

“Então a gente tem uma uma a gente pode dizer, com toda certeza, que ao longo desses 10 anos o rosto da criminalidade, a face da criminalidade, se alterou de forma significativa aqui no Estado, com diversas consequências”.

Editor-chefe de Cidades do O POVO, André Bloc ressalta a importância de uma reflexão aprofundada sobre a criminalidade no Ceará. “De certa forma, a gente queria que a coluna não precisasse existir. A gente queria não precisar fazer matéria sobre segurança pública, sobre chacinas, sobre tragédias. Mas, no jornalismo, a realidade sempre se impõe”, afirma.

Para André Bloc, analisar o cenário da segurança pública exige competência e tempo de acompanhamento. “Nossa cobertura tenta sempre driblar a busca pelo ‘espreme que sai sangue’, tenta fugir do sensacionalismo. A coluna é uma camada de reflexão, e que só foi se apurando com os anos, porque análise é algo que demanda competência, visão e tempo de acompanhamento”, pontua.

A coluna no aprimoramento de pesquisas na Segurança Pública

Ricardo Moura avaliou que a área de Segurança Pública no Estado do Ceará está em um momento propício para pesquisas, uma vez que, ao longo dos anos, houve um desenvolvimento expressivo e fortalecimento de grupos de pesquisas.

No entanto, tais grupos atuam na promoção de conhecimento e debates na modalidade acadêmica e social. A coluna, por sua vez, se insere entre o conhecimento acadêmico e, simultaneamente, na compreensão daqueles que não são habituados a essa área.

No que se refere às expectativas para os próximos anos, o colunista afirmou que pretende “abordar ainda mais a questão da violência e Segurança Pública de uma forma mais complexa e poder avançar, ainda mais, em algumas questões”.

“O que se entende por violência foi mudando também ao longo dos anos. A gente tem aí diversas dimensões que não eram tidas como violentas que hoje a gente percebe que são violentas”, seguiu.

“Ainda há ainda um fosso entre o sofrimento das pessoas mais vulneráveis e uma certa classe média, classe média alta que não se compadece, que não consegue compreender o que é esse sofrimento e que busca somente soluções punitivas para uma questão que é uma questão também social”.

Ele afirma que ainda vai ter “muito a escrever”, vide a quantidade de assuntos que ainda não foram discutidos ou aprofundados na coluna.

“No começo eu achava que, para uma coluna quinzenal eu não teria assunto, e a realidade do Ceará, com suas diferentes dimensões e suas contradições, nos trazem assuntos do tempo todo e os assuntos vão mudando. Os temas de algumas colunas já mudam que a tendência 2014 já não é mais tendência 2024”, continuou.

“Alguns otimismos que a gente tinha se foram pela experiência real da vida e ao mesmo tempo a gente vê alguns avanços, algumas questões que passam a ser pautas, como feminicídio, violência contra LGBTs, ou seja, se tornam até mesmo objeto de políticas públicas, então é um movimento incessante, esse é o grande barato de escrever sobre esse assunto”.

Quem é Ricardo Moura 

O jornalista Ricardo Moura é doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (2016). Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará (2004) e em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Ceará (2007).

Atua como assessor de comunicação da Embrapa Agroindústria Tropical e é pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência, da Universidade Federal do Ceará (LEV/UFC), e do Laboratório de Conflitualidades e Violência, da Universidade Estadual do Ceará (Covio/UECE).

Desde 2014 é colunista de Segurança Pública do Jornal O POVO (Fortaleza-CE) e editor do Blog Escrivaninha, também voltado para a Segurança Pública.