Volta às aulas 2024: o processo de adaptação e readaptação das crianças ao ambiente escolar

É natural que durante as férias a rotina das crianças mudem e com a volta das aulas, é necessário readaptá-las ao cotidiano totalmente centrado aos estudos, ou no caso dos pequenos que chegam, é ideal que haja um processo de adequação para que ela não se sinta deslocada com a mudança

Férias chegando ao fim e junto a esta despedida, os desafios do início de um novo ano escolar. Do processo de adequação daqueles que vão iniciar a caminhada escolar até a readaptação das crianças que estão prestes a retornar ao ambiente escolar. Pensando nisso, O POVO conversou com profissionais da educação que repassaram orientações para que esse momento de chegada ou retorno seja confortável para os pais e para as crianças.

Durante o mês de férias, é comum que a rotina sofra algumas alterações como o fato de não ser preciso acordar tão cedo para ir às aulas matinais ou a pressa para aprontar o almoço para os que estudam no período da tarde. A principal delas é a rotina do sono que sofre uma alteração brusca, já que é comum que as crianças durmam um pouco mais tarde que o costume.

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Liliana Mota é mãe da pequena Lia, de 2 anos, que está passando por um processo de transição de uma creche particular para uma creche pública de tempo integral. Ela conta que a pequena iniciou sua vida escolar em agosto de 2023, mas por estudar a tarde, ela não tinha o hábito de acordar cedo.

“Para voltar às aulas estou fazendo o mesmo processo de rotina do sono com ela, por ser ainda um bebê sua janela de sono ainda é extensa, dorme cerca de 12 horas de noite e 3 horas durante o dia. O desafio está sendo fazê-la acordar antes das 7 horas da manhã, pois sempre estudou de tarde e prolongava o sono da manhã e vai dormir tarde devido a nossa rotina de trabalho”, relata a empresária.

Ela conta ainda que tem expectativa pela adaptação de Lia ao novo horário para que ela possa entrar em uma nova rotina de estudo. “Com a entrada dela no ensino público e com uma carga horária extensa, por ser estudo integral, ainda não sei se haverá atividade extracurricular, mas dependendo da adaptação dela, é uma possibilidade”, diz.

A professora da rede municipal de ensino, Sophia Bisio, detalha que a uma gradual readaptação de rotina é importante durante todo o processo, tanto de desenvolvimento como de aprendizagem da criança e que nesse período de descanso, aquela rotina que a criança tinha na escola acaba se perdendo.

“O ideal é que uma semana e meia, até duas semanas antes, seja feito esse processo de readaptação das crianças, tanto para o sono como na alimentação, até mesmo com as responsabilidades da criança, como arrumar a cama, saber separar a roupa que vai usar e regrar a alimentação, são hábitos que ajudam nesse processo”, conta.

Bisio reforça também que o apoio familiar é fundamental nesse processo, desde o cultivo do interesse em aprender até o desenvolvimento da curiosidade da criança pelo que ela vai viver nesse novo ciclo letivo.

“Família na escola é de extrema importância, desde adaptação até as reuniões de pais. Às vezes, nós quanto profissionais da educação, já tentamos de tudo para ajudar o aluno e a peça que falta é a família. E aí, a família quando é chamada para contribuir, se firma uma parceria e é algo que colabora desde a adaptação até o fim da vida escolar”, conta.

Dicas para um bom processo de adaptação

  • Duas semanas antes, começar a inserir na rotina da criança hábitos para regular os horários de sono em preparação para o retorno;
  • Conversar com a criança e deixá-la animada para a volta às aulas. Uma boa sugestão é levá-la para comprar o material;
  • Voltar o hábito de abrir mão de brincar ou assistir TV para dormir um pouco mais cedo;
  • Construir bons hábitos alimentares com as crianças para que elas tenham boa energia para o retorno.

Adaptar quem está chegando também é uma missão

Iniciar uma nova rotina é desafiador para qualquer pessoa, mas isso se torna mais delicado quando se trata de uma criança que está se “desprendendo” de sua rotina em casa e está prestes a conhecer o que é novo para ela. E iniciar o processo de adaptação com antecedência pode tornar a transição mais fácil.

Atuando na educação infantil, onde tudo começa, a professora Mariah Carvalho pontua que na visão pedagógica, a construção de uma rotina para as crianças e uma conversa mais aberta para estimular o desejo de ir a escola se torna essencial nesse processo de adaptação, além do entendimento da família sobre o ritmo da criança.

“É necessário também que se entenda que o processo acontece de forma natural e única para cada criança e que os pais compartilhem com os professores os interesses da criança para que a gente possa levar para a escola as coisas que a interessem para que o momento dela na escola seja algo prazeroso e desperte a vontade e o hábito de voltar”, explica.

Ela ressalta também que é muito importante que haja confiança nos professores e no ambiente escolar, já que a insegurança dos pais pode ser percebida pelas crianças e elas acabam tomando para si a mesma preocupação de ficar naquele lugar.

“Apesar de difícil no começo, é essencial para o desenvolvimento delas estar na escola e construir interações por meio das brincadeiras. Então apesar de ser um processo para os pais também, quanto mais rápido eles compreenderem e confiarem no nosso trabalho melhor”, ressalta.

Ela complementa que participar do desenvolvimento e aprendizagem das crianças é papel não só da escola, mas principalmente dos pais e entender isso é o mais importante para que elas se desenvolvam da melhor forma possível.

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