Fogos de artifício: saiba os cuidados com os materiais para a hora da virada de ano

Soltura de fogos barulhentos é proibida desde 2022 em Fortaleza. Compra dos materiais deve ser feita em estabelecimentos certificados pelo Corpo de Bombeiros

A soltura de fogos de artifício brilhantes é uma tradição das festividades de ano novo. No mês de dezembro, a procura por esses dispositivos pirotécnicos cresce, não apenas para eventos em grande escala, mas também para confraternizações caseiras. Em ambas as situações, seguir algumas medidas de segurança é essencial para evitar acidentes e garantir uma passagem para 2024 sem imprevistos.

Os fogos de artifício são materiais formados, geralmente, por um cartucho de papel em formato cilíndrico. Eles são preenchidos por algum tipo de propulsante, sendo a pólvora negra a mais utilizada. Altamente inflamável, esses artefatos podem representar riscos de queimaduras para quem os manuseia e para as pessoas ao redor.

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De acordo com o capitão Filipe Bentemuller, do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBM-CE), o primeiro aspecto no qual se deve ter um cuidado especial é o local onde se adquire o material. “É fundamental buscar sempre em estabelecimentos certificados pelo Corpo de Bombeiros e pelas normas do Inmetro, que proporcionam uma segurança adicional em relação ao material. Normalmente, as lojas expõem na entrada os documentos que comprovam sua qualificação”, expõe o militar.

De acordo com Bentemuller, mesmo que as certificações não estejam disponíveis o cliente pode solicitar verificar os documentos. “Em último caso, também podem entrar em contato conosco [por meio do telefone 155]. É só informar que foi em alguma loja e está com dúvida se o estabelecimento é certificado, que com certeza vamos passar a informação”, explica.

Conforme a Lei Federal nº 4.238/1942, é proibida a venda de fogos de artifício da classe B (21 a 25 centigramas de pólvora) a menores de 16 anos de idade. Os de Classe C (25 centigramas até 2,5 gramas de pólvora) já são proibidos para menores de 18 anos.

Os de Classe D (mais de 2,5 gramas) somente podem ser deflagrados com licença prévia de autoridades competentes, como Exército, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros Militar. As informações sobre as classes explosivas devem estar informadas na caixa do produto.

Integrante do Comando de Engenharia de Prevenção de Incêndio, o capitão Filipe Bentemuller também comenta sobre os procedimentos corretos ao soltar os materiais explosivos. “A realização da queima de fogos deve ocorrer em um local adequado. Portanto, é essencial escolher um local distante de pessoas”, ele aponta. O recomendado é que os materiais sejam acionados a cerca de 50 metros de distância.

Também é crucial realizar a soltura longe de fiação elétrica e evitar áreas que contenham materiais inflamáveis, como terrenos com muita mata seca. “Há o risco do artefato cair na vegetação seca, desencadeando um princípio de incêndio”, comenta o bombeiro.

Outra medida de segurança é não segurar o explosivo no momento de acioná-lo. De acordo com o bombeiro, o ato pode acarretar em queimaduras graves e até na perda de membros.

“Para manusear artefatos menores, como os de papelão, é aconselhável adquirir uma extensão para proporcionar uma maior distância entre você e o fogo de artifício, ou simplesmente soltá-lo no chão. Alguns optam pelo método de segurar o artefato em um cabo de vassoura, garantindo um distanciamento seguro”, complementa.

Ao manusear fogos de artifício, ainda deve-se evitar ingerir bebidas alcoólicas. “O consumo de álcool aumenta os riscos envolvidos na manipulação dos fogos de artifício. Além disso, é crucial impedir que crianças manipulem os artefatos e manter distância delas durante a soltura”, conclui Filipe Bentemuller, do Corpo de Bombeiros.

Fogos de ruído reduzido

Vale lembrar que é proibida a soltura de fogos barulhentos na Capital. A lei 11.140 de 2021 entrou em vigor no dia 31 de janeiro de 2022 e, além da festividade do Réveillon de Fortaleza, também vale para a Copa do Mundo e as comemorações de final de ano.

De acordo com Raul de Pina Barros Junior, presidente da Associação Brasileira de Pirotecnia (Assobrapi), a proibição faz referência aos fogos de estampidos, que produzem apenas “tiros sonoros ruidosos”. Já os fogos permitidos são os conhecidos como “de vista” ou “fogos coloridos”.

No entanto, mesmo os permitidos produzem certo nível de barulho. Dessa forma, não podem ser considerados “silenciosos”. “Para o funcionamento de um de um fogo de artifício de vista, é necessário a propulsão dele para o céu, onde é necessária uma certa quantidade de pólvora. Lá em cima, a cápsula de cores se rompe e faz aquele efeito de cores, tudo isso já faz o ruído”, comenta o presidente.

Por ainda produzirem barulho, também não é recomendado a soltura próximo de hospitais. Se possível, procurar locais mais isolados, já que o ruído pode causar sensibilidade a crianças, idosos e autistas.

Os animais também são um grupo que pode se sentir fragilizado no período das festas de ano novo. “A maioria deles tem uma audição muito desenvolvida. Enquanto nós, humanos, conseguimos ouvir até 20 mil hertz, cães e gatos podem chegar a ouvir em torno de até 40 mil hertz. Por essa razão, o barulho dos fogos, na maioria das vezes é assustador para eles”, comenta Jessica Castelo, médica veterinária formada pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) e colunista do O POVO.

Ela comenta que fogos de artifício barulhentos podem causar fugas de animais assustados e acidentes domésticos, quando o animal não está em um ambiente seguro. “Em casos mais graves, animais que possuem algum problema cardíaco, por exemplo, podem vir até a óbito devido ao grande estresse”, complementa.

“Com certeza, fogos de artifício sem estampido podem melhorar muito a condição de bem estar dos animais. Além das festas de final de ano, há muitas ocasiões onde é tradição a queima de fogos. A utilização de fogos sem estampido traz benefícios durante todo o ano para animais e pessoas mais sensíveis aos barulhos”, conclui a médica veterinária.

Aumento da procura no varejo

O mês de dezembro é considerado o melhor em vendas no setor de artigos pirotécnicos. Para Cesar Nogueira, proprietário da Planeta Dos Fogos, loja localizada na Aerolândia, os lucros aumentaram especialmente após o Natal.

“Nosso produto é um produto sazonal e, nesses últimos dias do ano, as vendas realmente aumentam bastante. Em 2023, ano que realmente foram liberados os eventos em todos os lugares, temos observado um aumento principalmente da procura por prefeituras, mas no geral melhorou”, comenta o comerciante.

De acordo com Fábio Caramuru, proprietário da Casa de Fogos Caramuru, loja localizada no bairro Parque Santo Antônio, a procura por fogos de artifício teve um aumento de 30% no estabelecimento em relação ao mês anterior.

“O que sai mais são os fogos coloridos, principalmente o conhecido como ‘foguete de mão’. Que está na faixa de R$ 50, uma caixa com seis pistolas”, exemplifica o empresário. Já as girândolas e tortas, que acionam sequencialmente em tempos diferentes, variam de R$ 300 e até R$ 3 mil.

 

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