Família é suspeita de comandar crime em 3 estados e ordenar mortes de agentes públicos

Adeison Amaral de Sousa, conhecido como Kiko, de 35 anos, é acusado de ser o mandante da morte do inspetor Gilcelio Félix e do servidor do Tribubal de Justiça, Haroldo Ximenes Júnior

19:55 | Dez. 27, 2023

Por: Jéssika Sisnando
MATERIAL apreendido foi mostrado na coletiva (foto: divulgação/PC-CE)

Adeilson do Amaral de Sousa, conhecido como Kiko, foi preso no estado do Piauí mediante cumprimento de mandado judicial e é apontado pela Polícia Civil como chefe de organização criminosa e mandante da morte do inspetor de Polícia Civil Gilcelio Félix de Almeida, de 41 anos, e do servidor do Tribunal de Justiça do Ceará, Haroldo Ximenes Júnior, de 53 anos. Ambos foram mortos no município de Granja, a 335 quilômetros do Ceará. 

O diretor do Departamento de Polícia Judiciária Interior Norte (DPJI-Norte), delegado Marcos Aurélio, pontuou que Adeilson faz parte da "família Amaral", oriunda de Granja, que é responsável pelo crime organizado em Granja (CE), Maranhão e Piauí. Mãe, filhos e até netos, todos são foragidos da Justiça com mandado de prisão em aberto. Adeilson chegou a integrar a lista dos mais procurados do CE. 

As investigações do DPJ apontam que o grupo tem vários imóveis e em cada dia estava em um município diferente. Eles são nativos de Granja, no entanto, as ações policiais fazem com que todos migrem em busca de esconderijos. O antecessor de Adeilson está preso e, então, ele assumiu a chefia. 

O policial Civil e o analista judiciário, ambos foram monitorados pelo grupo. As investigações apontam que a motivação dos crimes está relacionada ao fato do trabalho que eles exerciam. A linha de investigação no caso de Haroldo que era analista judiciário tem relação com a atuação dele na comarca de Granja, município onde estão a maioria dos processos judiciais da organização. 

A morte de Félix foi ordenada logo que ele chegou no município. No interior, muitas pessoas são conhecidas pelos nomes de seus familiares, e o agente de segurança, foi citado pelo mandante como parente de um morador da cidade.

O inspetor, que era lotado no Departamento de Homicídios, estava de férias do trabalho e resolveu ver seus parentes em Granja. O chefe da facção Adeilson deu uma ordem para que o seu familiar ligasse para o executor assim que verificasse a presença do inspetor. A vítima estava em uma praça quando foi executada. O crime contra Glicelio Félix ocorreu no dia 17 de dezembro. 

Essa morte e considerada interligada com o caso do dia dia 31 de outubro, quando o analista judiciário Haroldo, que estava em uma lanchonete na avenida Virgílio Távora, foi executado por dois indivíduos desceram do veículo e efetuaram vários tiros. Ele morreu no local. O profissional era lotado no fórum de Granja. 

Grupo responsável por mais de 40 mortes em Camocim 

Essa organização criminosa, conforme o delegado Marcos Aurélio, tem relação com uma facção criminosa que atua nos estados do Maranhão e Piauí. O grupo é responsável por inúmeros homicídios em Camocim, Chaval e áreas próximas. Somente em Camocim foram 40 homicídios, todos ligados a essa organização criminosa.

O diretor do DHPP, Ricardo Pinheiro, apontou a integração e a força-tarefa da Polícia Civil do Ceará e da Polícia Civil do Piauí. Até chegar ao mandante foram são sete presos, dois adolescentes apreendidos e uma morte em confronto.

Operação teve duração de nove dias 

As duas mortes foram investigadas e apontaram o mesmo mandante, Adeilson. Depois da morte de Félix, dois adolescentes foram apreendidos e um adulto foi morto durante troca de tiros com os policiais. A arma que havia sido roubada do inspetor foi recuperada e o automóvel usado na ação criminosa foi encontrado posteriormente. 

19 de dezembro - foram presos na Parnaíba, Isaac da Silva Oliveira, de 20 anos e Luiz Carlos de Sousa, apontados como executores. 

19 de dezembro - uma segunda ação resultou na prisão em flagrante de cinco integrantes do grupo criminoso, que Adeilson é apontado como chefe. Eles são descritos pelo delegado Marcos Aurélio como seguranças e braço direito do líder. Com o grupo foi apreendido um arsenal, que inclui fuzil e munições. 

18 de dezembro - foram apreendidos dois adolescentes e um dos executores foi morto.