Atuação de facção paraibana em municípios na divisa com o Ceará é investigada
Grupo criminoso já agiria em Ipaumirim e Baixio, conforme órgãos de segurança. Em outubro último, uma mulher presa em Baixio confessou em depoimento ter sido batizada na facção paraibana
07:59 | Dez. 21, 2023
A Polícia Civil do Ceará (PC-CE) investiga a tentativa de uma facção criminosa da Paraíba se estabelecer em municípios cearenses que fazem divisa com aquele estado. A atuação de integrantes da facção Nova Okaida já foi identificada pelos órgãos de segurança nos municípios de Ipaumirim e Baixio, ambos na região Centro-Sul do Estado.
A Delegacia Municipal de Ipaumirim instaurou inquérito policial para investigar o caso. Relatório de Análise de Dispositivo Eletrônico, elaborado pela delegacia após apreensão do celular de um integrante da facção, confirmou a atuação da organização paraibana em Ipaumirim e Baixio.
A Polícia Civil ainda recebeu um informe de que o chefe da facção nos municípios cearenses é um homem que está preso em uma unidade prisional da Paraíba.
Até o momento, porém, nenhum homicídio foi registrado devido à atuação da facção paraibana. Prisões de suspeitos de integrar o grupo criminoso foram efetuadas.
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Em outubro último, uma mulher de 19 anos foi presa em flagrante suspeita de estar traficando maconha, cocaína e crack em Baixio.
Capturada por policiais militares, Taise Priscila Maciel Nunes confessou, em depoimento na Polícia Civil, que era batizada na facção criminosa Nova Okaida da cidade de Cajazeiras/PB, localizada a 31 quilômetros de Ipaumirim.
Em depoimento, ela ainda disse que havia chegado ao Ceará quatro meses antes.
Como atua a facção paraibana
A Nova Okaida, também conhecida como Tropa do Vaqueirinho, é reestruturação da facção conhecida como Okaida, conforme a operação "Arpão de Netuno", deflagrada em 2019 pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal na Paraíba.
De acordo com a investigação, a facção é composta por três “eixos”. A cúpula, denominada "Palavra Final", é ocupada por Robson Machado da Silva, conhecido como "Ró", e José Roberto Batista dos Santos, conhecido como "Betinho".
Já o segundo eixo, o “Conselho”, “é o grupo deliberativo responsável, em tese, por resolver questões de menor importância relacionadas à organização interna do grupo, conflitos relacionados ao convívio nos estabelecimentos prisionais e questões relacionadas ao descumprimento dos preceitos da Orcrim, composto por 15 integrantes responsáveis pela coordenação do tráfico de drogas nas principais cidades da Paraíba”.
Por fim, o terceiro eixo é “responsável, em tese, pelo controle financeiro, atuando não só no registro da movimentação de recursos e distribuição dos lucros auferidos com o comércio de drogas, como também responsável pelo cadastro de novos integrantes”.
Consolidada a atuação da Nova Okaida no Ceará, o Estado passaria a ter cinco facções agindo em seu território, além de Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC), Guardiões do Estado (GDE) e Massa Carcerária (também conhecido como Neutros ou TDN).