Álcool e drogas: como reduzir danos durantes as festas de final de ano
Centro de Referência sobre Drogas (CRD) realiza o acolhimento de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogasPara muitas pessoas, as celebrações de fim de ano representam momentos de confraternização. Nessas ocasiões, o consumo de determinadas substâncias tornou-se uma tradição em alguns grupos sociais, como o hábito de apreciar vinho durante a ceia de Natal ou champagne na virada do Ano Novo. Mas sendo elas lícitas ou ilícitas, o uso seguro de substâncias em contextos de festa e celebração, a chamada Redução de Danos, é assunto sério e pode salvar vidas.
De forma geral, o termo “drogas” abrange uma grande quantidade de substâncias que são capazes de produzir alterações nas sensações físicas, psíquicas e emocionais. Segundo Socorro Lopes, psicóloga do Centro de Referência sobre drogas do Estado do Ceará (CRD), esse grupo pode ser dividido em dois segmentos:
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“As substâncias psicoativas podem ser legais [no sentido de legislação], que nessa categoria podemos incluir o tabaco, o álcool e até alimentos como o café, chocolate, refrigerante, entre outras. Também temos as consideradas ilegais, que aqui no Brasil podem ser drogas como a maconha, crack, cocaína, dentre outras”, detalha a profissional de saúde.
A equipe do CRD realiza o trabalho de orientar e sensibilizar a população cearense sobre a importância de não cometer excessos nas confraternizações. Na manhã desta quinta-feira, 21, um posto esteve no Terminal Rodoviário de Fortaleza (Eng. João Tomé), esclarecendo dúvidas dos viajantes.
Na Estação Móvel que percorre Fortaleza ou na unidade física, localizada no bairro Meireles, é realizado o serviço de atendimento psicossocial, dinâmica de prevenção, distribuição de preservativos, panfletos informativos e água.
Por falta de compreensão, a psicóloga do Centro aponta que muitas pessoas têm uma visão errada da política de redução de danos. “Alguns acreditam que isso seja uma apologia às drogas. Mas o que nós queremos é a ‘apologia ao cuidado”, diz a profissional Socorro Lopes.
“Devemos debater para tirar o preconceito, conversar com pessoas que estão em formação, como os adolescentes, mas também com todas as idades. Levamos essa mensagem: ao adotar formas simples de autocuidado, nesses momentos de celebração, estamos nos prevenindo”, comenta Socorro Lopes.
Com uma visão realista sobre festas e confraternizações de grupos sociais, a especialista dá dicas de como aproveitar esses momentos, mas lembrando de preservar a saúde.
“Antes de tudo, é necessário que a pessoa fique atenta ao estado de humor. Quando estamos com sentimentos de raiva ou tristeza, por exemplo, não é aconselhado consumir álcool ou alguma outra substância. É mais interessante que você, primeiro, tente extravasar isso de uma outra forma”, comenta a psicóloga.
Ela também ressalta que substâncias podem deixar pessoas desinibidas e afetar o julgamento de risco. Dessa forma, se for fazer sexo, não esqueça o uso da camisinha.
- Álcool:
Em relação a bebidas alcoólicas, Socorro Lopes ressalta a importância de manter a hidratação. “Sendo cerveja ou alguma outra bebida destilada, a água é importante para que você fique melhor tanto durante o consumo como depois. Procure consumir com moderação e, quando não, tente não beber tão rápido, mas sim espaçada ao longo do tempo”, explica.
A psicóloga ainda ressalta a importância de estar na companhia de alguém de confiança e de estar adequadamente alimentado, antes ou durante o consumo de álcool. “E, é claro, não dirigir após ingerir álcool ou nenhuma outra substância ilícita”, diz.
Outra questão a se ter em mente são as combinações perigosas, misturar o álcool com outras substâncias estimulantes, por exemplo, pode causar falsa sensação de sobriedade. Isso pode levar o indivíduo a consumir ou ingerir mais substâncias e aumentar a chance de coma e parada cardíaca.
- Medicamentos:
Mesmo que sejam analgésicos ou anti-inflamatórios, é importante realizar uma conversa sincera com o profissional da saúde que realiza seu acompanhamento. Em especial, esteja atento se a medicação for destinada a doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.
- Maconha:
A maconha é a substância ilícita mais consumida no Brasil. De acordo com o 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, 7,7% dos brasileiros de 12 a 65 anos já usaram maconha ao menos uma vez na vida. A pesquisa, divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em 2014, é a mais atualizada e representativa do país sobre o tema.
A integrante do Centro de Referência sobre drogas do Estado do Ceará (CRD) aconselha certos cuidados para o iminente consumo da droga. “Ao fumar, não é aconselhado realizar o trago e segurar a fumaça [no pulmão]. Isso não afeta a potencialidade da substância, mas é prejudicial a saúde respiratória”, comenta Socorro Lopes.
Ela também aconselha o uso de piteiras pois, além de servir como filtro, resfria e purifica a fumaça.
- Cocaína:
Ainda de acordo com a Fiocruz, a segunda droga com maior consumo no Brasil é a cocaína em pó (3,1%). De acordo com a psicóloga do CRD, dentro da política de redução de danos, também existem formas de se lidar com a abstinência e o cuidado com usuários.
Socorro Lopes comenta que, em casos de consumo e recaídas para a cocaína, é aconselhado estar alimentado em “pelo menos 30 minutos de antecedência e de forma leve. Também não fazer o compartilhamento de canudos e nem utilizar cédulas de dinheiro para ingerir. [Se possível], pelo menos depositar a substância em um suporte limpo”, comenta.
Por a cocaína ser um entorpecente com potencial estimulante, não é aconselhado a prática sexual. “A depender do estado de excitação, somado com a atividade sexual é possível que haja algum descontrole, podendo levar a machucar a outra pessoa”, explica.
- Crack
Feito a partir da cocaína, a droga produz os mesmos efeitos estimulantes. É necessário estar atento e evitar infecções, por exemplo pelo compartilhamento de cachimbos e pelo uso de equipamentos feitos de materiais de látex.
Centro de Referência sobre Drogas
O Centro de Referência sobre Drogas (CRD), localizado no bairro Meireles (Av. da Abolição, 3893) é um dos principais equipamentos do Estado para o acolhimento de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas. “Nós também acolhemos usuários em situação de rua e vulnerabilidade. Também entendemos a importância de acolher e orientar também seus parentes”, diz Amanda Albuquerque, gerente do CRD.
O local conta com psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e nutricionistas. “Adotamos uma abordagem individualizada para cada usuário. Nosso foco é viabilizar a documentação necessária e encaminhar para a rede de atenção, seja para CAPS, CRAS, CREAS, UBS ou outro local adequado às necessidades do indivíduo naquele momento”, ainda explica a gerente.
Nesse final de ano e em outras festividades, a equipe também presta esclarecimentos de prevenção a população. Abordada por agentes no Terminal de Fortaleza, a enfermeira Eva Souza, 28, que havia acabado de chegar do município de Quixeramobim apreciou a ação. "É importante disseminar esse conhecimento em locais de grande circulação de pessoas, principalmente pois essa é uma questão de saúde pública", comenta.
Até o final do ano, o CRD estará presente nos seguintes pontos:
Aeroporto Internacional de Fortaleza
Datas: 19, 21, 26 e 28 de dezembro (terças e quintas-feiras)
Horário: 14 às 17 horas
Local: Portão 6 – Desembarque (Av. Senador Carlos Jereissati, 3000 – Bairro Serrinha – Fortaleza – CE)
Terminal Rodoviário de Fortaleza, Eng. João Tomé
Datas:21, 26 e 28 de dezembro (terça e quintas-feiras)
Horário: 9 às 12 horas
Local: Próximo ao portão de entrada (Av. Borges de Melo, 1630 – Bairro de Fátima – Fortaleza – CE)
Praça do Ferreira
Datas:19, 21, 26 e 28 de dezembro (terças e quintas-feiras)
Horário: 14 às 17 horas
Endereço: Rua Floriano Peixoto – Centro – Fortaleza – CE)
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